Eu decidi aderir às listas e escolher cinco mulheres do mundo das HQs que conquistaram a minha admiração nos últimos anos. Seja nas atitudes, nas escolhas ou na personalidade.
Antes de mais nada quero deixar a minha gratidão e o meu carinho a todas essas mulheres que com seus corações de aço, com seu infinito carinho e seu poderoso carisma alimentam nossas vidas diariamente. Sem vocês, nossa vida seria muito menos fantástica. É com esse sentimento que eu decidi fazer uma humilde lista com mulheres dos quadrinhos que me tocaram nos últimos anos. Então se atentem ao fato de que a minha lista vai ter escolhas bem recentes e não vão entrar ícones do universo dos quadrinhos. Também se baseiam bastante nas minhas escolhas pessoas (que são bem estranhas). Sem mais delongas, vou enumerar as cinco aqui, sem nenhuma ordem de preferência.
1 - Maika Halfwolf, de Monstress (escrito por Marjorie Liu e com arte da Sana Takeda)
Motivo: A Maika é uma personagem extremamente complexa. Quem imagina uma simples heroína badass (que ela é), não sabe o quanto ela possui uma mente torturada por uma série de problemas que ela teve no passado. Para começar ela tem um deus antigo que vive dentro de seu corpo que se alimenta de seres humanos. Por mais que ela tente, ela não consegue evitar a voracidade da criatura. Isso a faz ter contato com algumas cenas bem bizarras. Sua mãe, Moriko, foi uma poderosa guerreira a serviço da Corte do Alvorecer. Mesmo ela sendo um ícone dentro da corte, uma pessoa em quem se espelhar, Moriko não foi uma boa mãe para Maika. Ela a treinou incessantemente ao longo de toda a sua infância, e seu amor e carinho por sua filha foram substituídos por um estranho senso de dever. O leitor vai saber os motivos na série, mas a pequena Maika não tinha como saber disso. O resultado é uma menina com problemas para se relacionar com as pessoas e que só vai encontrar o amor em Tuya, alguém com quem ela vai ter uma relação bem complicada. Nossa personagem vai desaparecer por algum tempo e se tornar alguém que prefere a solidão.
Em Monstress vamos ver ela sendo obrigada a formar um grupo de pessoas com poderes que serão capazes de ajudá-la em sua jornada. Não é algo que ela desejava, mas precisa lidar com isso. Na série, Maika vai precisar se abrir pouco a pouco e perceber que sozinha ela não tem a capacidade de superar os obstáculos e que um pouco de carinho e afeto são tudo o que precisa.
2 - Rook e Olwyn, de Isola (escrito por Brenden Fletcher, e arte de Karl Kerschl e Msassyk)
Motivo: Tá, eu estou roubando um pouco. Mas, não tem como falar da Rook, sem falar da Olwyn junto. Bem, primeiro é preciso explicar que o tigre preto da imagem acima é a rainha Olwyn. Rook fazia parte dos soldados de elite da rainha e em pouco tempo as duas acabaram se apaixonando uma pela outra. O que me faz gostar das duas personagens é toda a história e a química que elas tem uma pela outra. Em Isola, a rainha Olwyn foi amaldiçoada e transformada em um tigre azulado. Depois disso acontece uma tentativa de golpe de Estado, cuja culpa acaba indo parar na corte de Palagrin Rock, um dos rivais de Maar, onde Olwyn era sua autoridade máxima. Rook está escoltando Olwyn rumo à cidade perdida de Isola onde diz-se haver a possibilidade de reverter a maldição.
As duas personagens possuem personalidades muito distintas. Mesmo não podendo falar, Brenden Fletcher consegue trabalhar bem a personalidade de Olwyn, sempre encontrando uma forma de expor seus sentimentos, dúvidas e inseguranças. Seja através de um flashback ou de uma magia que parece fazê-la falar sobre si. A personagem fora treinada desde criança para ter um comportamento real, mas ela pouco sabia sobre o mundo. Vai ser Rook quem vai mostrar a ela como as coisas podem ser simples. A maldição vai fazer com que Olwyn repense seus valores e entenda coisas como a desigualdade social, a importância do povo para o desenvolvimento de seu reino e seu amor por Rook.
Já Rook possui aquela personalidade destemida que estamos acostumados em ver em personagens heroicos. Ela vai lutar por seu amor custe o que custar. Mesmo que ela tenha que matar, enganar ou se sacrificar. No começo eu achei que a Rook fosse um homem com uma personalidade afeminada, mas na verdade ela é bem tomboy mesmo. Em várias cenas a Rook vai estar com a cara suja, pouco se importando com sua aparência. É colocar seu dever e amor por Olwyn acima de tudo. O legal da personagem é ver o quanto ela reteve parte de sua inocência e seu amor por sua rainha é de uma pureza incrível. No último capítulo que eu li, elas tiveram um teste quanto a isso.
3 - Rowan Black, de Black Magick (escrito por Greg Rucka com arte de Nicola Scott)
Motivo: Por essa vocês não esperavam, né? Tinha que ter uma bruxa no meio de tantas mulheres incríveis. E a Rowan veio para cumprir esse papel. Bem, a história de Black Magick é bem simples: Rowan faz parte de um coven de bruxas e é policial também. Só que a personagem acaba sempre sendo arrastada para alguns casos estranhos os quais a sua expertise em assuntos de ocultismo acaba servindo. Ela procura esconder suas atividades extras para não despertar a desconfiança de seus superiores. O que me faz gostar da Rowan é o quanto Rucka não complica demais a personagem. Sua vida é bem normal com exceção do fato de ela ser uma bruxa. Nada de abuso na infância, nada de família destruída (ao contrário, ela tem umas tias bem divertidas). O foco da narrativa está na investigação de casos paranormais. E nesse ponto o roteiro entrega algumas cenas bem pesadas. Assim como Maika, Rowan é uma personagem que acaba precisando ser solitária por causa de seu segredo. Mas, claro, isso vai ser posto à prova à medida em que ela vai se envolvendo e criando um núcleo de amigos e amados.
4 - Vess, de Invisible Kingdom (com roteiro de G. Willow Wilson e arte de Christian Ward)
Motivo: Cá estou eu roubando de novo. Isso porque Vess é uma rooliana, uma raça que possui cinco gêneros diferentes. Mas, sei lá, minha cabeça só consegue imaginar a Vess como algum tipo de mulher. O que destaca nela é a sua persistência e coragem. Por ela ser de um dos cinco gêneros roolianos que tem função reprodutora, ela é um "bem" valioso em sua sociedade. Ao fazer a Renunciação e entrar para o culto do Reino Invisível, ela precisa abandonar todo o seu vínculo com o mundo material. Ou seja, ela estaria renegando ao seu povo (que passa por sérios problemas demográficos) o seu papel como perpetuadora da espécie. Isso exige dela muita coragem. Para chegar até o monastério, ela precisa ir do seu planeta até o planeta do monastério com os olhos vendados sem pedir ajuda a ninguém. Vess possui muita força de caráter, mas ao mesmo tempo possui aquele pinguinho de curiosidade que a destaca de seus iguais. A gente vai acompanhando uma jornada de desencantamento da personagem à medida em que ela descobre que o culto que ela tanto valorizava não é bem aquilo que parecia em um primeiro momento. E que a ambição e os interesses de pessoas mesquinhas acabam se sobrepondo à vontade inicial dos fieis.
5 - Gail Gibbons, a Menina de Ouro, de Black Hammer (com roteiro de Jeff Lemire e arte de Dean Ormstron)
Motivo: Todos nós já pensamos em ficarmos jovens novamente. Sem dúvida já passou pelas nossas cabeças. Gail é uma garota que, antes de ir parar na estranha cidade da HQ, era uma defensora da justiça como a Menina de Ouro. Com seus poderes incríveis derrotava bandidos ao lado de sua família super poderosa. Mas, o tempo passou e eventualmente ela acabou perdendo seus poderes. Envelheceu, se tornou experiente e, um dia, ela se envolveu em uma última aventura ao lado de companheiros como a Libélula, o Capitão Weird, o Black Hammer, Abe Slam e outros e acabou sendo enviada para uma espécie de outra dimensão. Quando ela chega lá, percebe que não consegue desativar seus poderes. A Gail mais velha está presa no corpo da Menina de Ouro e sua idade adolescente. Para ela, isso representa a perda de muita coisa. Sim, ela recuperou sua juventude, mas a que custo? Para a sociedade ela não passa de uma garotinha do ensino médio. Com um corpo não desenvolvido ela precisa encarar ser enxergada como abaixo daquilo que ela é. Pior: ela descobre que o homem pelo qual ela se apaixonou é homossexual, e como ela o ama muito, ela procura incentivá-lo a buscar seu verdadeiro amor. Gail é uma personagem com dor e sofrimento no coração o que a torna uma pessoa amarga. Mesmo assim, eu consigo admirá-la pela firmeza de seu caráter e precisando fazer escolhas dolorosas.
Gostaram da minha lista? Provavelmente não é a mesma que a de vocês. Mas, vocês podem deixar suas listas nos comentários. Quem sabe achamos alguma personagem em comum.
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