Taku e Yukata são dois amigos de infância que acabaram muito irritados quando a escola não os libera para ir a um passeio a Kyoto que eles tanto queriam. Depois de muita reclamação dos dois, a escola decide enviá-los para o Havaí no ano seguinte.
Sinopse:
Após o divórcio dos pais de Rikako Muto, uma estudante de Tóquio, ela é transferida para um colégio de Kochi, uma cidade litorânea remota da capital. Além de linda e inteligente, se dedica muito aos estudos e aos desportos. Mas sem saber por quê, não consegue se adaptar à vida social da escola. No mesmo colégio chegam Taku Morisaki e Yutaka Matsuno, que sempre foram melhores amigos na vida, e logo o trio começam a viver um triângulo amoroso.
As Ondas do Oceano é uma animação complicada de analisar. Ela em nada se parece com outras animações do estúdio. A primeira impressão que eu tive é de que As Ondas do Oceano fosse qualquer outro anime japonês qualquer dado o nível de generalidade da história e da animação. Apesar de ser um média metragem, a animação sofre por ser um pouco arrastada e até monótona.
Esta foi a primeira animação que não teve a participação de Hayao Miyazaki, tendo sido produzida pelo estúdio em si. Tomomi Mochizuki, um do membros mais talentosos do estúdio e aluno de Miyazaki esteve à frente do projeto. Na verdade, tratou-se de uma produção conjunta do estúdio Ghibli, da MadHouse, da J. C. Staff e da Oh! Productions. A recepção de As Ondas do Oceano foi bem fraca no mercado japonês e no mercado internacional. Ao que eu saiba, nunca foi dublado no Brasil e muito menos foi vendido separadamente. A animação faz parte de um pacote com várias animações do estúdio assim como aconteceu com Memórias de Ontem e Sussurros do Coração. Em outros mercados como o inglês a recepção também foi ruim, diferentemente da boa aceitação que Porco Rosso teve.
As Ondas do Oceano é um típico filme sobre a jornada de crescimento de personagens partindo do seu cotidiano. No Japão este estilo de temática é enquadrada dentro de um subgênero: o slice of life (ou pedaço de vida, em uma tradução livre). A história gira em torno de três personagens: Taku, Yutaka e Rikaku. Taku e Yutaka são amigos de infância que se conheceram a partir de circunstâncias curiosas: Taku é um menino trabalhador e com dificuldades nos estudos enquanto Yutaka é o aluno inteligente da turma. Taku conhece Yutaka quando ambos reclamam de uma posição da escola ao não liberar um passeio para Kyoto que os alunos tanto esperavam. Os dois alunos pedem que a escola explique os motivos para tal decisão e é aí que os dois se conhecem. É decidido então pela escola que eles farão no ano seguinte uma viagem para o Havaí como uma maneira de compensar a decisão deste ano.
A história em si começa quando Yutaka apresenta a nova aluna para Taku: Rikaku, uma bela garota de longos cabelos negros e olhos escuros. Sua bela aparência se destaca na escola e o fato de ela ter vindo de Tokyo para morar em uma cidade do interior como Kochi (lugar onde se passa a história) é motivo de burburinho por toda a cidade. A jovem prefere se manter afastada dos demais colegas e sua postura mais introvertida atrai os olhares dos meninos. Ser boa nos esportes e nos estudos ajuda mais a criar um ar de mistério na personagem. A confusão toda começa quando Taku precisa emprestar dinheiro para Rikaku durante a viagem para o Havaí. É aí que Taku se vê absorvido pelos problemas da personagem e acaba atraído pelo seu estranho charme. Isso vai colocá-lo contra o seu amigo de infância que é interessado na menina também.
Vou ser bem direto aqui: a história é fraca. Já vi vários animes japoneses que tratavam deste tema de jornada para o crescimento e As Ondas do Oceano é um dos mais fracos que eu já vi. Não consegui demonstrar empatia pelos personagens o que em uma animação cuja principal tarefa é atrair o espectador, prejudica demais o sucesso da animação. Os personagens acabam parecendo muito rasos e os momentos em que se tenta criar uma atmosfera mais bucólica ou reflexiva são momentos bobos. Por exemplo, por que o nome As Ondas do Oceano? Só por que eles foram para o Havaí? O oceano não é usado como metáfora ou sequer como um recurso para aproximar os personagens. Somente no final quando ocorre a conversa entre Taku e Yutaka, mas achei muito pouco.
Rikaku é uma menina tola e antipática. Apesar de se tentar apresentá-la como uma menina que sofre por causa do divórcio dos pais, não consegui entrar neste jogo. Algumas situações que acontecem com ela são muito forçadas. Um elemento importante de animações que tratam desta jornada de crescimento é que os acontecimentos precisam acontecer de forma harmônica. Mesmo que haja um estranhamento ou até uma situação fantástica, os acontecimentos precisam ser naturais. Aqui o que eu menos vi foi a naturalidade. A autora, Kaori Nakamura, busca fazer com que a gente goste da personagem mostrando seu sofrimento diante de um lugar estranho. Sendo da cidade e com pais separados, Rikaku não conseguiria se acostumar ao novo lugar. Mas, o que se vê em As Ondas do Oceano é todos os colegas sendo solidários e até se preocupando com a personagem. O sofrimento de Rikaku não passa de um capricho da mesma.
A animação também é muito pobre. Em nada lembra a beleza de animações como Nausicaa e Porco Rosso que são bem anteriores a este anime. Eu poderia citar diversas séries japonesas da mesma época cujas animações são iguais ou superiores a Ondas do Oceano. Fiquei muito desapontado com este trabalho do estúdio Ghibli. A trilha sonora também não tem nada demais. É passável apenas.
Enfim, para aqueles que gostam deste tipo de temática, podem ver, mas se preparem para algo muito normal. Como a duração do média metragem é pequena, a dor não será tão grande. Mas, para aqueles que buscam algo no padrão do estúdio Ghibli, saiam fora e passem adiante. Sem dúvida alguma foi um tempo desperdiçado por mim.
Na próxima semana, vamos conversar sobre Only Yesterday, um anime produzido pelo eterno companheiro de Hayao Miyazaki, Isao Takahata. Um filme do estúdio Ghibli de 1991.
Ficha Técnica:
Nome: As Ondas do Oceano
Diretor: Tomomi Mochizuki
Produtores: Nozomu Takahashi, Toshio Suzuki e Seiji Okuda
Roteirista: Kaori Nakamura
Estúdio: Studio Ghibli
País de Origem: Japão
Tempo de Duração: 72 min
Ano de Lançamento: 1995
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