Mais uma vez a dupla Cesar Alcázar e Fred Rubim nos trazem histórias de Anrath, o Cão Negro. Nesta aventura, nosso guerreiro estará às voltas com terríveis inimigos que o farão sofrer perdas e se questionar se a sua vida de mercenário é algo que vale a pena.
Sinopse:
Um ano após derrotar o viking Ild Vuur e um monstro de eras imemoriais, Anrath, o Cão Negro, agora comanda seu próprio navio. Ao lado de Aella, a guerreira, e Rorik, o gigante saxão, ele embarca em uma missão perigosa na Islândia, que irá resultar em um novo confronto com saqueadores vikings. Porém, esta batalha acabará colocando Anrath nas garras de uma criatura mitológica sedutora e mortal.
Apesar de ser uma continuação do primeiro volume, A Canção do Cão Negro funciona bem por si só. É uma história fechada em si mesma além de aprofundar um pouco o seu protagonista. Em relação ao volume anterior o quadrinho subiu bastante de qualidade, tanto no roteiro como na arte. Há uma sintonia maior entre autor e artista o que acaba refletindo diretamente na qualidade do conteúdo. Nosso protagonista dá uma distanciada em relação à sua inspiração inicial (o Conan) e agora é ainda mais ele mesmo do que antes.
O que move um mercenário? A vontade de ganhar dinheiro ou a incapacidade de conhecer outra vida? Este é o tema principal deste segundo volume onde Anrath precisa lidar com a realidade de sua vida confusa. Um de seus companheiros encontra um parente que há muito imaginava ter falecido e decide sair da vida de saques e butins. Em seguida os personagens são emboscados em alto mar e Anrath se vê em uma ilha onde se esconde uma criatura misteriosa e mortal. O protagonista é um ser em uma encruzilhada: ele não conhece outra vida além da de batalhas, aventuras e perigos. Ele tenta se forçar a imaginar se é possível sair disso, sossegando em uma casa e construindo uma família. Mas, isso vai ficando cada vez mais longe à medida em que nada muda, basicamente. É um homem fixado em quando acontecerá o próximo combate. Essa aventura em particular vai colocá-lo em um outro estado mental quando ele vê no que o seu destino se transformou. Provavelmente no próximo volume veremos Anrath em outro estado mental.
A criatura mágica funciona como um elemento de roteiro para mostrar as possibilidades para o personagem. Principalmente: a ele é permitido amar. Alguém que nunca deu ouvidos às batidas do coração pode se apaixonar. Mesmo que essa paixão tenha a capacidade de destruir a sua alma. O autor trabalha muito bem esse tema ao primeiro mostrar um membro de seu grupo importante para Anrath deixando-o e logo em seguida, suas aventuras do passado vindo cobrar suas dívidas.
A arte do Fred Rubim está mais redondinha aqui. Gostei de como ele contornou o problema que eram os cenários muito abertos do primeiro volume. Ele trabalhou mais os ângulos de câmera de forma a reforçar os seus pontos fortes. Deu uma bela diferenciada. Olhem aquela imagem lá em cima! Me lembrou na hora as splash pages do David Rubín em Beowulf onde este brinca com a maneira como cada pessoa enxerga a cena. Ali temos um close nas flechas chegando até o barco, outro em Anrath preocupado com o ataque e em ordenar seus homens para impedir o avanço dos inimigos. Outro ponto forte foram as batalhas que eram melhor sincronizadas com o roteiro. Agora sim, vimos o verdadeiro potencial da dupla. Mas, como eu curto falar da precisão da arte do Rubim, preciso comentar sobre a cena na caverna. Muito bem feita, ele conseguiu reproduzir vários elementos de terror ao colocar os crânios, os corpos definhados e o local que mescla sensualidade com degradação.
O roteiro está bem competente. A proposta é simples, quase uma continuação do que aconteceu no primeiro volume, mas mantendo a individualidade dos trabalhos, mas o autor soube explorar bem a temática para trabalhar mais o personagem e sua relação com os membros de seu bando. Vemos a existência de um arco de personagem maior ao fundo, mesmo sendo bem sutil. Minha única crítica foi em relação ao personagem que sai do bando. Não consegui criar um vínculo com ela o suficiente para sentir o peso de sua saída. Não houve tempo para isso. Dava para o roteiro explorar melhor a relação entre os dois, mesmo que fossem com umas duas ou três páginas. A criatura misteriosa teve mais páginas do que ela. E esse momento era importante para a definição do próprio Anrath.
Um belo segundo volume. A série segue em um bom crescendo e eu fiquei com vontade de ler novas histórias do personagem. Quero saber até onde ele vai com esse dilema que abate a sua alma. Um roteiro alguns níveis superior ao primeiro, mas que ainda poderia ter ficado ainda melhor com alguma coisinha aqui ou ali. Já a arte está espetacular. O artista trabalhou bem alguns pontos que não ficaram tão bons no primeiro e evoluiu muito a sua arte. A ideia de empregar pontos de vista em páginas grandes também ajudou a dar toda uma perspectiva às cenas. Gostei demais!
Ficha Técnica:
Nome: A Canção do Cão Negro Autor: Cesar Alcázar Artista: Fred Rubim Série: Contos do Cão Negro volume 2 Editora: Avec Editora Gênero: Fantasia Número de Páginas: 64 Ano de Publicação: 2017
Outros Volumes:
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