Eleanor recebe sua filha Stella após muitos anos afastada dela. O motivo de sua visita era especial e fez com que ela recordasse da época em que conheceu aquele estranho e encantador homem chamado Sebastian. Alguém que criava vida a cada passo que dava no jardim e nada entendia de humanos.
Sinopse:
Flores não crescem do nada - ou crescem? Para Eleanor, era o mistério que não conseguia responder: qual era o truque daquele jardineiro contratado para cuidar da estufa em sua casa e que transformara o lugar em uma floresta imaginária. Sebastian, o tal estranho, parece um homem como qualquer outro - exceto pelas perguntas desconcertantes que faz, ou pelo fato de que as plantas obedecem seus comandos de maneira muito intrigante...
Nossa forma de viver é natural? Nosso comportamento como sociedade é simples, ou são absurdos condicionados por uma civilização opressora? Esses são alguns dos questionamentos abordados por Anna Fagundes Martino em um belo romance entre duas pessoas de lugares muito diferentes. E mesmo sendo assim, se gostam e buscam compreender um ao outro.
A fantasia proposta por Anna Fagundes é bem sutil. Alguns poderiam até chamar de realismo mágico dada a forma como o fantástico é apresentado na narrativa. Nem por isso deixa de ser uma bela trama que emprega este elemento para nos fazer refletir sobre como vivemos. Os capítulos se sucedem em duas temporalidades: quando Eleanor conhece Sebastian e quando Stella vem visitar Eleanor. A narrativa é escrita em terceira pessoa a partir do ponto de vista de Eleanor que inicialmente consegue passar bem para o leitor a sensação de estranhamento diante de alguém tão diferente dela. Nos capítulos passados depois, vemos uma personagem mais amadurecida e com um grau maior de aceitação das mudanças e finitudes em sua vida.
A dinâmica entre Sebastian e Eleanor é linda. A voz de Sebastian pode parecer seca nos diálogos, mas tente se colocar no lugar de uma criatura que vive centenas de anos e cujas convenções sociais são praticamente inexistentes. Muitas de nossas convenções são estranhas. E isso se reflete na forma como Sebastian aborda determinadas situações: o casamento, o emprego ou não de certas expressões. Para alguém com um tempo de vida muito longo, alguns temas são efêmeros. Passam em um piscar de olhos. É muito interessante ver como Sebastian quebra determinados paradigmas que Eleanor considerava normais. Até mesmo a capacidade de escolher o seu parceiro Sebastian questiona a protagonista.
A escolha de situar a história na década de 1910 foi muito acertada da parte da autora. Ela conseguiu trabalhar uma personagem tolhida por uma sociedade machista e que retira dela toda a possibilidade de liberdade. Podemos até associar o título do livro à protagonista: o coração de Eleanor é como uma casa de vidro. Apesar de dura, pode ser estilhaçada. E esse estilhaçamento é provocado pelo questionamento, pela reflexão, pelo diálogo. Sebastian quebra a casa de vidro de Eleanor de uma forma metafórica ao mostrar a ela que existem outras possibilidades. Gostaria de ter visto como foi a reação de Eleanor ao adentrar no mundo de seu amado. Seria interessante ter esse choque ao lidar com algo tão diferente do que ela estava acostumada.
A Casa de Vidro é uma leitura gostosa, que flui muito bem. Li em uma tarde gélida de outono e Anna Fagundes foi capaz de me mostrar um belo campo florido a partir da contradição entre dois personagens que se gostam acima de tudo.
Ficha Técnica:
Nome: A Casa de Vidro Autora: Anna Fagundes Martino Série: As Estações vol. 1 Editora: Dame Blanche Gênero: Fantasia Número de Páginas: 81 Ano de Publicação: 2016
Avaliação:
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