Doralice chega em uma pequena cidade do interior. Ela é empregada como professora e passa a ministrar suas aulas. Mas, a cidade esconde estranhos segredos envolvendo o desaparecimento de crianças. E ela vai se ver arrastada para o meio disso...
Sinopse:
Na década de 60, fugindo de seu passado, a professora Doralice se muda para uma pequena cidade do interior. Ali, ela passa a ter estranhos sonhos que se revelam prenúncios de tragédias. No sonho, Doralice vê cinco casas e, a cada vez que o sonho se repete, uma criança da cidade morre. Atormentada por essas visões, a professora começa a pesquisar a lenda da Bruxa da cidade, numa tentativa de evitar a morte de outras crianças. "A Bruxa só vai parar quando na última casa chegar".
Doralice chega em uma pequena cidade do interior na década de 1960 e acaba sendo contratada para uma vaga de emprego em uma escola. Ela parece estar fugindo de alguém ou de alguma coisa e isso se revela facilmente em sua insegurança quanto a si mesma. Aos poucos ela vai se adaptando à nova vida e gosta de dar aulas a seus alunos. Mas, tudo muda quando crianças começam a desaparecer. E ela parece ter sonhos premonitórios de quando isso vai acontecer. Mistérios circundam a cidade e Doralice não tem mais a paz que ela tanto ansiava. À medida em que ela vai desenterrando segredos ocultos, uma história terrível se revela.
A decisão da autora de situar sua história na década de 1960 foi realmente corajosa. Isso porque não estamos muito acostumados com narrativas no interior, principalmente no que diz respeito a narrativas de terror. Entendi qual foi o objetivo ao limitar o espaço de atuação e retirar toda e qualquer tecnologia de atrapalhar a tensão inerente à narrativa. Simone conseguiu representar bem o conceito de pequena cidade onde todos se conhecem e tudo se espalha rapidamente. O leitor sente uma progressão nos acontecimentos à medida em que a narrativa se desenrola e as coisas vão adotando uma gravidade maior. Os próprios cidadãos podem ser os inimigos já que eles não revelam as informações por inteiro. Doralice vai precisando pôr as peças no lugar para entender o que está acontecendo. A segunda parte do conto tem a chegada de um personagem que funciona como um obstáculo para a protagonista. Mas, eu achei a narrativa tensa e assustadora, com pequenas partes onde as coisas tomam um lado bem sombrio. O final é meio que esperado por conta justamente da aparição do elemento estranho na segunda parte. A gente já começa a imaginar que algo vai dar errado ali.
E é aí que as coisas complicam. Antes de mais nada eu preciso confessar que eu não gosto de narrativas com excesso de diálogos. Aqueles diálogos de uma ou duas linhas que se sucedem por várias páginas. Para mim, este recurso acaba ficando estranho como um todo; isso porque eles poderiam ter sido facilmente sido substituído por pequenos parágrafos resumindo o conteúdo do diálogo sem precisar levar várias páginas. O outro problema que eu detectei foi o subplot que existe dentro do conto. A ideia de inserir um ser estranho no meio da narrativa apenas para tratar do tema da violência contra a mulher naquele período me soou estranha ou fora de foco. Em um conto, a gente precisa ser direto ao ponto. Colocar um subplot no meio da narrativa é como jogar uma chave de fenda em uma engrenagem. A história é sobre Doralice e os desaparecimentos ou Doralice e a violência? Este segundo caso não precisava ser tratado aqui. Acaba causando mais confusão do que auxiliando. Eu compreendi as motivações que levaram a protagonista até a pequena cidade, mas isto poderia ter acabado ali... Ou a personagem ter se arrependido de ter feito algum ato hediondo contra o marido e isso a ter levado até aquela situação. Eu teria retirado completamente aquele trecho. Acho até que esse subplot poderia dar origem a um outro conto completamente distinto.
A narrativa do livro consegue apresentar um cenário bem diferente do padrão. A protagonista foge ao clichê da mocinha em perigo ou da mocinha inocente para revelar uma pessoa com traumas que precisam ser resolvidos. Contudo, a inserção de um subplot ao longo da narrativa tornou tudo muito estranho com trechos que mais atrapalharam a dinâmica de desenvolvimento dos acontecimentos do que ajudado a criar mais tensão. O emprego de muitos diálogos também me incomodou um pouco, prejudicando em parte a fruição final.
Ficha Técnica:
Nome: A Casa Número 5
Autora: Simone Paulino
Editora: Auto-publicado
Gênero: Terror
Número de Páginas: 30
Ano de Publicação: 2019
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