Último volume até então das Crônicas de Gelo e Fogo, a Dança dos Dragões surpreende pela
qualidade em relação aos volumes anteriores.
Sinopse:
É outono em Westeros, e a Guerra dos Cinco Reis parece finalmente entrar na reta final. Stannis Baratheon se instala no Norte e jura conquistar o apoio dos senhores da região para continuar sua luta pelo trono, embora seja atrapalhado pela invasão de homens de ferro em grande parte da costa.
Na Muralha, Jon Snow é eleito o 998º Senhor Comandante da Patrulha da Noite, mas inimigos o cercam de todos os lados, tanto na Patrulha quanto para além da Muralha. Enquanto isso, Tyrion Lannister atravessa o Mar Estreito rumo a Pentos, sem objetivos definidos, sem aliados e cada vez mais sem opções.
Na Baía dos Escravos, Daenerys Targaryen conquista a cidade de Meereen e decide ficar e governá-la, praticando as habilidades de liderança que serão tão necessárias quando partir para Westeros. No entanto, sua presença já foi notada por muitos senhores nos Sete Reinos, e das Ilhas de Ferro e de Dorne, de Vilavelha e das Cidades Livres, emissários estão a caminho, querendo se unir à sua causa e, se possível, usá-la para os próprios fins.
Em todos os cantos conflitos ganham vida e traições vêm daqueles mais próximos. Guerreiros, selvagens, nobres e escravos – todos têm pela frente um longo inverno, enquanto destino, ambição e política ditam o ritmo da dança mais perigosa de todas.
É a hora de contar os acontecimentos ocorridos na Muralha e nas cidades a leste do Mar Estreito, para então atar os nós com as tramas de Westeros. Todos estão vulneráveis aos erros alheios e dos próprios, enquanto as ambições jazem no horizonte inalcançável. Falando nele, habitantes de terras selvagens podem enxergar as terras ao sul da Muralha, e o autor desta escolha precisa enfrentar os dilemas decorrentes entre as pessoas ao Norte de Westeros. A Rainha Dragão está enclausurada entre os libertos, os inimigos podem ser os mesmos a proporem aliança. Por isso, ela teme por uma terceira traição. A Dança dos Dragões é o quinto volume das Crônicas de Gelo e Fogo, saga reconhecida de George R. R. Martin. De publicação original em 2011, a editora Suma lançou uma nova edição do livro em 2020 com uma tradução revisada de Márcia Blasques.
"Se eu beber vinho o suficiente, disse para si mesmo, talvez sonhe com dragões."
Alerta de spoilers dos volumes anteriores:
Vivendo em terras distantes, os feitos de Daenerys chamam cada vez mais atenção desde Porto Real até diversos lugares do Reino, entre eles o herdeiro de Dorne, Quentyn Martell, a reivindicar a mão da Targaryen conforme acordo e registro histórico conhecido apenas por sua família. O restante da família Martell enfrenta intrigas próximas e envolvendo Porto Real, a princesa Myrcella e os desejos de vingança jamais saciados pelas princesas de Dorne.
A Patrulha da Noite sobrevive enquanto Jon encara dilemas de consequências fatais. Precisa lembrar a Stannis Baratheon sobre a Patrulha jamais tomar partido nas disputas de Westeros mesmo quando ele foi o único a dar socorro. Já a feiticeira Melisandre provoca Jon em assuntos pessoais nos quais ele violaria os votos de patrulheiro. Ainda há a questão dos selvagens acolhidos nas dependências da Muralha no intuito de combater os inimigos em comum. Os Outros aproximam-se junto do inverno e até lá o Comandante Jon Snow tem de dar satisfação a seus seguidores por aceitar pessoas jamais acolhidas em toda a história da Patrulha da Noite.
As últimas palavras de Tywin Lannister ecoam na cabeça de Tyrion enquanto busca refúgio além do Mar Estreito e sabe mais detalhes de Daenerys. Chegar até ela se transforma em seu objetivo, embora não consiga perambular pelas Cidades Livres pelas próprias pernas. O Lannister que ia de um corredor a outro da Fortaleza Vermelha como membro da realeza, agora é apenas um anão diante dos ignorantes capazes de abusar do azar dele.
Theon Greyjoy ganhou o nome de Fedor depois de ser capturado e torturado nas mãos de Ramsay Bolton. Dos vestuários adornados com a Lula Gigante, o último filho de Balon Greyjoy passa a vestir trapos e clama pela sobrevivência mesmo com uma boca quase banguela, dedos arrancados e envelhecimento precoce. Precisa se esforçar para lembrar do nome Fedor, e se esquecer de Theon.
Já para Daenery, sua maior força tornou-se um grande problema. Os dragões precisam de alimento, devorando até alguém dotado de nome que a Rainha dos Dragões faz questão de lembrar. Ao lidar com tal força, voltou a confiar na proteção de seus seguidores enquanto precisa superar a crise em Meereen, a cidade libertada da escravidão por ela, tendo tomado o governo para si. Fora do grupo dela, há apenas os membros da cidade que tem costumes insistentes a serem mantidos. Além de obstáculo, Meereen é o desafio que Daenerys precisa superar como Rainha.
"— Nenhum homem é livre. Somente crianças e tolos pensam o contrário."
A análise deste quinto volume poderia seguir o ritmo dos anteriores, relembrando as características da escrita de George R. R. Martin enquanto descrevia os deslizes de tornar esta saga ambiciosa demais. Ao fazer isso, a resenha ficaria injusta, pois Dança dos Dragões provocou melhorias na qualidade ao autor conduzir a própria história.
No que falhou em prosseguir no Festim dos Corvos, a Dança dos Dragões soube aproveitar os declínios decorrentes da Tormenta de Espadas e apresentar os personagens exaustos, cientes do quanto são vulneráveis, e ainda assim precisando persistir por meio das opções já escolhidas. Leitores sentirão falta das batalhas de exércitos e terão de se contentar com intrigas e duelos locais, embora esses ainda sanguinolentos e prometendo consequências. Os capítulos ainda se focam nos conflitos internos e ameaças próximas enquanto os sonhos seguem distantes, e George R.R. Martin acertou ao explorar as fraquezas dos personagens enquanto isso, sem se prolongar em torno de evento passado.
Os capítulos foram diversificados. Quem desgosta de determinado personagem precisa aturá-lo apenas por poucos capítulos separados para ele — exceto se tiver o azar de detestar Jon, Daenerys e Tyrion. Pela pouca quantidade, esses capítulos costumam levar os personagens a algum lugar na trama, mesmo quando apenas atestam a sua sobrevivência e os colocam desempenhando algum papel na continuação desta saga. As descrições ficaram equilibradas, sem elaborar páginas cheias de parágrafos sobre um lugar inédito na saga, desta vez oferecendo novos detalhes, insinuando segredos motivadores na leitura. Também teve a diversificação nos protagonismos, adotando pontos de vistas de personagens nunca usados antes nesse propósito. Essa mudança no meio da saga pode atrair opiniões divergentes dos leitores, pois ao extrapolar a exposição desses personagens, perde a oportunidade de compartilhar os rumores a cerca deles ditos entre as pessoas comuns. Assim estende o livro por dar toda uma cena que antes era resumida em conversas capazes de instigar mistério até conferir outra menção num capítulo à frente.
Usando da metáfora do título outra vez, A Dança dos Dragões fez a qualidade do livro levitar em comparação aos volumes anteriores que declinaram de qualidade a cada análise feita. Como um livro à parte, tem pontos positivos de escrita e planejamento, sob o estigma de estar numa ordem distante a ponto de leitores deixarem de conferir, já exausto de acompanhar os deslizes da saga até o quarto volume. A história ainda está incompleta, os capítulos finais ficaram em aberto para prosseguirem no próximo lançamento ainda pendente mesmo uma década depois desta última publicação.
"— Ainda assim... neste mundo apenas o inverno é certo."
Ficha Técnica:
Nome: A Dança dos Dragões
Autor: George R.R. Martin
Série: Crônicas de Gelo e Fogo vol. 5
Editora: Suma
Tradutora: Marcia Blasques
Número de Páginas: 824
Ano de Publicação: 2020 (nova edição)
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Outros volumes:
*Material enviado em parceria com a editora Suma
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