A Máquina do Tempo foi a primeira obra de ficção científica a retratar a viagem do tempo na ficção. Depois de tantas obras já utilizarem este recurso na narrativa, saiba qual a utilidade de conhecer o livro pioneiro nesta resenha.
Sinopse:
O primeiro e mais famoso livro sobre viagem no tempo chega em edição especial, com ilustrações inéditas, tradução primorosa e extras. Ao contar a história de um cientista inglês que embarca em uma fabulosa jornada a um mundo futuro, desconhecido e cheio de mistérios, H. G. Wells inaugura um dos principais temas da ficção científica.
A bordo de sua Máquina do Tempo, o cientista que narra esta história parte do século XIX para o ano de 802701. Nesse futuro distante, ele descobre que o sofrimento da humanidade foi transformado em beleza, felicidade e paz. A Terra é habitada pelos dóceis Eloi, uma espécie que descende dos seres humanos e já formou uma antiga e enorme civilização. Mas os Eloi parecem ter medo do escuro, e têm todos os motivos para isso: em túneis subterrâneos vivem os Morlocks, seus maiores inimigos. Quando a Máquina do Tempo que levou o Viajante some, ele é obrigado a descer às profundezas para recuperá-la e voltar ao presente.
Misturando uma imaginação singular, um tema inovador e muitas reviravoltas, A Máquina do Tempo foi o primeiro romance publicado por H. G. Wells, em 1895. Chamado de gênio e considerado um pioneiro, Wells abriu caminho não só para seus livros e sua visão de mundo, mas para novas possibilidades na literatura.
A viagem no tempo é um dos recursos mais conhecidos nas narrativas, comuns na ficção científica e até mesmo em outros gêneros. A discussão de dilemas e paradoxos relacionados rende até no ramo acadêmico, onde cientistas formulam hipóteses a serem comprovadas em um futuro indeterminado, caso seja possível testar algum dia. Já nas mãos dos ficcionistas, a viagem pode render uma boa alternativa a solucionar o problema do herói de determinada trama, mas abre indagações e possíveis furos de roteiro por consequência — Vingadores: Ultimato presente. Tudo isso começou com A Máquina do Tempo. Publicado em 1895 por H.G. Wells e em uma nova edição em capa dura trazida pela editora Suma em 2018 com ilustrações de Davi Augusto e tradução de Braulio Tavares, o livro conta a aventura do cientista Viajante no Tempo.
“Quanta hospitalidade para um homem que viajou anos incontáveis para encontrar vocês.”
O narrador da história é um dos personagens que estão ouvindo a conversa do protagonista referenciado apenas como “Viajante no Tempo”, embora os demais espectadores sejam céticos desta conquista. O Viajante pede um breve momento de repouso ao chegar da viagem, então em seguida conta toda a aventura enfrentada no futuro, pois ele precisa pôr todo aquele vislumbramento para fora, embora o mesmo também duvide da própria sanidade.
Ele foi ao futuro através d’A Máquina do Tempo, no ano exato de 802701, quando os traços da sociedade humana estão irreconhecíveis a alguém do tempo do Viajante, os quais ele relata as diferenças conforme conta a história. Os humanos deixaram duas espécies posteriores como legado: os Eloi, humanoides de baixa estatura e pacíficos, admiradores da luz e carentes de iniciativa; e os Morlocks, habitantes do subterrâneo vulneráveis à luz, que não poupam esforços — ou atitudes — para sobreviver. Os Morlocks roubam A Máquina do Tempo do Viajante, e ele precisa recuperá-la.
“Um animal em perfeita harmonia com seu ambiente é um mecanismo perfeito.”
É interessante ler histórias sobre o futuro escritas há mais de um século. Temos quase um registro antropológico da visão tecnológica futurista do autor daquele tempo, com conceitos hoje defasados e visões restritas pela informação menos acessível comparado aos tempos atuais. Nenhum dilema temporal é imposto na narrativa, e mesmo se já fosse pensado naquela época, H.G. Wells o evitou ao abordar o futuro onde os seres habitantes são diferentes de humanos nem buscam conhecimento igual a espécie ancestral, tornando a chegada do Viajante naquele período apenas a vinda de alguém peculiar aos habitantes. Ainda sobre a visão do autor, destaca-se o pessimismo quanto ao progresso no futuro, demonstrando a perda dos traços humanos e as noções progressistas, a sociedade resumida a duas espécies segregadas e de impulsos instintivos, pouco ou nada racionais.
A ideia revolucionária a ponto de virar recurso comum nas ficções posteriores, mesmo após um século de sua composição, faz este livro perseverar em leituras atuais mesmo sendo quase o único ponto forte da narrativa. A escolha do narrador sendo um personagem secundário traz pouco impacto no enredo, cuja maior parte é contada pelo próprio Viajante, com exceção do final quando apenas prolonga a história depois de acontecer o essencial. O protagonista demora a tomar atitude e só age em determinados momentos, preenchendo uma lacuna ou outra com extensos parágrafos descritivos sobre o futuro. Esta narrativa é até compreensível considerando ser comum à época quando o livro foi escrito, o problema é o autor estender essas descrições com intenção de mostrar a contemplação do protagonista em vez de fazê-lo avançar na narrativa, impedindo as oportunidades de interação com as espécies futuristas ― nas poucas vezes em que acontece é apenas sumarizada neste livro.
Sendo o protagonista carente de iniciativa, os demais personagens também falham em oferecer algo interessante. Os espectadores do relato do Viajante expressam nada além do ceticismo ao protagonista já descrente da própria aventura. E entre os inumanos, apenas a Weena foi contemplada a ter o nome exposto e tendo um relacionamento próximo com o protagonista, relação tão água com açúcar a ponto de tornar irrelevante o desfecho entre eles.
“Minha teoria era bastante simples, bastante plausível — como, aliás, é a maior parte das teorias equivocadas!”
A Máquina do Tempo persiste nas edições atuais devido à ideia revolucionária sobre a viagem no tempo, com concepções inteligentes do tema mesmo sob as limitações quanto ao conhecimento vigente deste assunto, e também é útil a conservar esta visão característica das pessoas da época quando este romance foi escrito. Foi a primeira publicação do autor e a inexperiência refletiu nas críticas desta resenha e nas falhas reconhecidas até pelo próprio Wells, conforme o prefácio escrito em 1935 presente nesta edição da Suma.
Ficha Técnica:
Nome: A Máquina do Tempo
Autor: H.G. Wells
Ilustrador: Davi Augusto
Editora: Suma
Gênero: Ficção Científica
Tradutor: Bráulio Tavares
Número de Páginas: 176
Ano de Publicação: 2018 (nova edição)
Link de compra:
*Material enviado em parceria com a editora Suma
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