No terceiro volume desta incrível série, alguém está conseguindo sabotar os portais que levam à Biblioteca. E alguém está tentando matar Irene. Com tantas ameaças surgindo de todos os lados, Irene precisará de todas as suas habilidades para superar seus adversários.
ATENÇÃO: Resenha com leves spoilers de volumes anteriores.
Sinopse:
A espiã bibliotecária Irene tem padrões profissionais a manter. Padrões que definitivamente não incluem fugas precipitadas de um prédio em chamas. Mas, quando a porta de entrada para seu centro de operações se recusa a abrir, é preciso improvisar. Depois de fugir de uma França Revolucionária montada em um dragão, Irene descobre que não é a única enfrentando sérios problemas: em vários mundos, o mau funcionamento dos portais que levam à Biblioteca criou um verdadeiro caos. Encarregados de uma missão que os levará ao Palácio de Inverno de São Petersburgo, Irene e Kai devem recuperar um livro que os ajudará a restaurar a ordem. Porém seu plano é posto à prova quando o poderoso Alberich reaparece disposto a destruir tudo o que é mais precioso para Irene, com uma proposta: “junte-se a mim ou morra”. Mas o maior perigo pode estar espreitando em algum lugar próximo – alguém que Irene jamais pensaria que pudesse traí-la. Com tanta coisa em jogo, ela precisará de todos os recursos à sua disposição para manter-se viva. E, claro, salvar a Biblioteca da aniquilação absoluta.
Nos últimos anos eu sempre tenho algumas certezas: o sol virá no dia seguinte, meus alunos me darão trabalho na escola e eu terei um volume novo da Biblioteca Invisível para ler. Sério, esta autora consegue entregar ano após ano uma série consistente, divertida e gostosa de ler. Toda vez que eu abro um volume de A Biblioteca Invisível eu já sei que vou passar boas horas me divertindo. Ah, e ficando chateado por que o livro acaba rápido e a gente fica querendo mais e mais. É impressionante o quanto a escrita da autora melhora a cada novo volume. E em uma história completamente despretensiosa.
ATENÇÃO: Contém leves spoilers de volumes anteriores.
Cogman possui um estilo narrativo bem direto. Voltado para ação e descrições ágeis, sua escrita surpreende com um frescor que a gente vê em poucos lugares. Ela consegue agradar tanto aquele que não tem o hábito de ler quanto aquele que acompanha a série fielmente. A escrita flui como a própria Linguagem, o sistema de magia tão criativo e interessante que ela criou para a série. Os diálogos são excelentes e ela consegue através deles definir os personagens. Já destaquei isso nas outras resenhas. Ela mantém isso ao mesmo tempo em que consegue dar vida até aos personagens de apoio como SIlver, Li Ming e Zayanna. Eles estão ali, vivos, reais. Os capítulos não são nem muito longos e nem muito curtos. O leitor consegue passar facilmente por eles e quando se vê, já está no final da história.
Outro elemento de escrita que vale a pena destacar é a habilidade da autora de usar cliffhangers para manter o leitor na narrativa. Alguns livros conseguem ser pesados demais simplesmente ao não criar bons elementos de ligação entre as cenas. Não é que você vá deixar uma cena pela metade e passar para o outro capítulo. Nada disso. É criar uma coesão interna suficiente para que o leitor fique curioso pelo que vai acontecer a seguir. É dar aquela vontade de "ah... vou ler só mais 5 páginas para saber o que vai acontecer". Ganchos narrativos dão um dinamismo absurdo para a história. Livros Young Adult conseguem explorar muito bem isso em suas narrativas. Ler cem páginas se torna fácil.
"Não se preocupe. Não é permanente. Mas eu quero que você pense, por um momentinho, sobre o quanto vocês se machucariam se fossem atingidos por mais tijolos enquanto estiverem nessas formas. Use sua mente, pensando nas coisas como elas estão, para imaginar como seria ter um tijolo esmagando seus crânios e transformando seus cérebros em uma gosma cinza? Agora vocês vão se comportar? Ou eu preciso esclarecer meu ponto novamente?"
Trabalhar personagens é o que a autora faz de melhor. Mesmo a série sendo da perspectiva da Irene, ela consegue dar riqueza a eles. Os que foram introduzidos em Cidade das Máscaras ganham também uma nova relevância e a autora consegue aproveitar coisas que ela criou em volumes anteriores para dar uma profundidade maior à história sem perder sua leveza. Por exemplo, nesse volume lidamos com as consequências de Vale ter seguido Irene até a Veneza caótica. É interessante porque a autora usa as próprias falhas da personalidade de Sherlock Holmes, no qual Vale foi inspirado para mostrar que determinadas coisas se repetem. Ficamos sabendo que Vale é alguém que é viciado na adrenalina de resolver enigmas. Algo que Sir Arthur Conan Doyle usou como falha de caráter em Holmes. Quando Holmes não tinha algum enigma para resolver, ele se afundava porque a realidade era mundana demais para ele. O mesmo pode ser dito de Vale. Alguns de vocês podem pensar que isso se deu por causa da incursão ao mundo caótico, mas se lerem com atenção tal não é o caso. O mundo caótico apenas acentuou isso. Cogman usa Vale para mostrar o estado em que uma pessoa viciada fica e como sua situação é refletida nos sentimentos daqueles que os cercam. Até mesmo a autodepreciação é bem trabalhada pela autora. Aquela cena entre Irene e Vale logo após ele sair de seu estado ruim é de partir o coração e querer dar um soco no nariz do personagem.
Algo que começa a preocupar e que vem também se acentuando nos volumes seguintes é a superproteção de Kai. Creio que esse crescendo vai estourar em algum momento. Kai é tão protetor que chega a ser sufocante. E isso entra em choque com a total independência de Irene. Ela é bem resolvida e procura resolver seus problemas de forma a causar o mínimo dano possível. Claro que isso também é uma falha porque ela acaba se colocando em situações perigosas ao não querer envolver os outros. Essa situação é curiosa sendo os dois parceiros. Aqui ficamos sabendo também finalmente quem conquistou o coração de nossa bibliotecária favorita, mas, isso não significa que romances acontecerão. Não disse isso. Disse apenas que saberemos de quem ela gosta.
"A fé cega é apenas outro termo para escravidão (...) Você diz que está preservando algum tipo de equilíbrio, mas, na verdade, está perpetuando a estagnação."
Vale dizer também o quanto a narrativa da autora é especial. Estamos em um terceiro volume de uma série, e acreditem ou não, é possível ler A Página em Chamas sem ter lido os outros dois volumes. Isso porque a autora consegue fazer um recap dos últimos acontecimentos sem ser chato ou incômodo ao leitor. As informações são passadas de uma maneira muito natural e em trinta páginas você já sabe ou se lembrou de tudo o que precisa saber. Até mesmo o funcionamento do mundo é apresentada nesse comecinho de uma maneira bem intuitiva. Palmas para a autora. Uma aula de construção de mundo.
Vocês viram lá em cima que eu tirei uma corujinha da narrativa. Pois é... estou começando a ser mais chato com a autora porque sei o que ela é capaz de entregar. E não caiu bem aquele momento do confronto com o vilão da história. Diz-se ao longo de todo este volume que o vilão tinha vários feéricos trabalhando para ele, e que seu poder se espalhava para vários mundos. E lá na frente, onde eles estão? Cadê esse grupo de pessoas à disposição? Não é possível que no covil do super vilão, não tenha um único assecla. Não compreendi isso. Essa é a minha única crítica a esse volume.
No mais, A Página em Chamas continua a mostrar a competência da autora em apresentar uma história divertida e interessante. Apesar de um deslizezinho no final, o livro é candidato sim a uma das melhores leituras do ano. E é inacreditável o quanto a autora consegue apresentar, livro após livro, uma narrativa e uma escrita cada vez melhores. Aliás, para quem deseja saber, a série A Biblioteca Invisível tem um contrato de 6 a 8 livros. O próximo volume é The Lost Page e já foi lançado nos EUA. Esse ano teremos já o volume 5. Ou seja: em 2019 teremos mais uma vez nossa dose de Irene Winters, Kai e Vale garantidos.
Ficha Técnica:
Nome: A Página em Chamas Autora: Genevieve Cogman Série: A Biblioteca Invisível vol. 3 Editora: Morro Branco Gênero: Fantasia Tradutora: Ana Death Duarte Número de Páginas: 416 Ano de Publicação: 2018
Outros Volumes:
Link de compra:
*Material enviado em parceria com a editora Morro Branco
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