Han Alister fez aliados e inimigos poderosos. Agora, na continuação de O Rei Demônio, é preciso que ele se prepare para a batalha que está por vir. Enquanto isso, a princesa Raisa continua sua fuga de Fells.
Sinopse
Assombrado pela perda de sua mãe e irmã, a jornada de Han Alister rumo ao sul começa com seus estudos na Academia Mystwerk em Vau de Oden. Mas partir de Fells não significa que o perigo ficou para trás. Han é caçado a cada passo do caminho pelos Bayar, uma poderosa família de magos decidida a reaver o amuleto que Han roubou deles. E a Academia Mystwerk apresenta seus próprios perigos. Lá, Han conhece Corvo, um mago misterioso que concorda em ser seu tutor nas artes negras da feitiçaria – mas a barganha que eles fazem pode levar Han a se arrepender. Ao mesmo tempo, a princesa Raisa ana’Marianna foge de um casamento forçado em Fells, acompanhada de seu amigo Amon e seus cadetes. Agora o lugar mais seguro para Raisa é a Academia Wein, a academia militar de Vau de Oden.
Atenção: A resenha contém spoilers do livro anterior, O Rei Demônio.
Crescimento e Crise
A Rainha Exilada é o segundo volume da tetralogia Os Sete Reinos e, como todo livro de desenvolvimento, vem apresentando o resultado dos eventos que tiveram início em O Rei Demônio. É bastante comum e esperado que a quantidade de informações presentes em livros-sequência seja grande, com várias explicações e a contextualização que o autor julga necessária. E é exatamente o que acontece aqui.
A narrativa continua sob as perspectivas de Han e Raisa, um capítulo para cada, explorando a fuga dos dois personagens e os percalços da viagem até Vau de Oden, objetivo traçado ao término de O Rei Demônio. A história começa exatamente de onde o livro anterior parou, então é importante estar atendo para conseguir conectar as situações que se apresentam.
"Somos todos ladrões, de um tipo ou de outro."
Após a perseguição que culminou na morte da mãe e da irmã de Han Alister, ponto de virada do personagem no Livro Um, e a subsequente tentativa de assassinar o Grão Mago, não resta nada em Fells para Han . Uma promessa, apenas, a de se opor ao Conselho de Magos e o desejo de vingança que arde em Han, continuam conectando-o ao reino que um dia foi seu lar. É importante relembrar esses acontecimentos, porque daí surge um personagem mais complexo, mais maduro, mas ainda fortemente ligado às suas convicções de certos e errados.
Paralelamente, Raisa foge do casamento forçado com o filho do Grão Mago, Micah Bayar e luta para manter-se escondida em Vau de Oden. Os trechos dedicados à Raisa são difíceis de aguentar. É lamentável ver uma autora retratar uma personagem feminina de forma tão caricata. A princesa continua uma mocinha mimada, cheia de boas intenções mas completamente alheia à realidade. Suas prioridades também me parecem estranhas e artificiais, como é o caso de várias passagens sobre o quanto as paixões da princesa parecem tirar seu foco do mais importante: proteger seu reino e sua linhagem.
Raisa e Han, tão diferentes um do outro, inclusive em complexidade e qualidade de construção dos personagens. Os personagens secundários, infelizmente, vão pelo mesmo caminho. Alguns deles se parecem bastante com outros tantos que já conhecemos, sendo possível prever, inclusive, atitudes e estado emocional. O maior exemplo disso é o vilãozinho do livro, Micah Bayar, idêntico a qualquer outro bully rico de qualquer outra história (alô, Draco Malfoy). À medida que a história progride, porém, vemos alguma evolução na narrativa dos dois, o que é, sinceramente, um alívio.
"Você fica adulto sem perceber."
Quase toda a primeira metade de A Rainha Exilada explora a viagem por diferentes paisagens, culturas e reinos em um ritmo bastante lento. A escrita de Cinda Williams Chima sofre do mesmo problema observado no primeiro livro: descritiva ao extremo, cansativa, engessada. A autora sofre para conseguir imprimir velocidade e personalidade à história, o que fica nítido pelo abuso de referências batidas de outras fantasias famosas. Escola de magia, magia formal versus magia da natureza, conspirações e traições políticas, a viagem a cantos longínquos, os diversos reinos, além do romance adolescente... Tudo parece uma grande colagem de títulos que já conhecemos. Já o pequeno diferencial folk que a autora apresentou na figura da sabedoria dos Clãs em O Rei Demônio passa quase despercebida, o que é uma pena.
A Rainha Exilada tem problemas sérios que se arrastam desde O Rei Demônio. Problemas pontuais, que atravancam a leitura. Mas também tem qualidades. Aos fãs da escola mais clássica da fantasia, com grandes aventuras e atos de heroísmo, limites bem definidos entre bem e mal e cenários de realeza, magia e guerra, a série de Cinda Williams Chima pode ser uma bela releitura jovem, com todos os elementos presentes. Superados os defeitos, a trama é interessante e o plot de Han Alister, em especial, é bom o bastante para prender a atenção do leitor.
Apesar de ter tido uma leitura desanimadora por pelo menos uma parte do livro, a metade final é empolgante e parece finalmente conseguir soltar as rédeas e fazer fluir a narrativa. Neste ponto, melhor do que o seu antecessor, A Rainha Exilada consegue nos envolver, agora cientes de todos os detalhes principais sobre os Sete Reinos, sua política, sistema de magia, leis e fatores culturais. Talvez se a autora permitisse que sua história ocorresse de forma mais natural e simples, tudo seria muito melhor.
Ficha Técnica:
Título: A Rainha Exilada
Série: Os Sete Reinos #2
Autora: Cinda Williams Chima
Tradução: Ana Resende e Regiane Winarski
Editora: Suma
Ano de publicação (no Brasil): 2014
Páginas: 456
Livro cedido em parceria com a editora Companhia das Letras
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