GIOVANNA retorna à casa do seu tio-avô recentemente falecido para retirar algumas coisas e fechar o local. Só que ela reencontra velhos fantasmas do passado de um homem terrível, torturador e ligado ao movimento integralista que assolou o Brasil na década de 1930. Velhos e novos fantasmas...
Histórias de espíritos que não descansaram ou fantasmas vingativos são sempre repletos de um pano de fundo interessante. Jana Bianchi aproveitou um tema espinhoso como é o integralismo no Brasil para criar uma narrativa que explora a estranha relação entre a protagonista da história e seu tio-avô. A autora cresceu bastante em relação aos primeiros materiais que eu li há vários anos atrás. Ou seja, a partir de agora temos que analisar uma escritora em sua maturidade, explorando outros lados de sua pena para experimentar alguma coisa ou outra. E o formato da história curta permite essas brincadeiras. Em A Sombra da Assombração, vale a pena prestar atenção não apenas na narrativa em si, mas quais ferramentas ela usou para criar a ambientação, como ela criou uma profundidade a mais para a narrativa e como os personagens servem àquilo que ela pretende entregar.
A narrativa contada como se fosse um dossiê com nomes censurados (um detalhe de cara que já remete aos arquivos do DOPS) nos apresenta uma personagem de nome GIOVANNA, que pode ou não ser o seu verdadeiro nome, indo até a casa de seu tio-avô para acertar detalhes da casa deixada por ele após sua morte. Ela vai até lá verificar memorabílias ou alguma coisa que tenha algum valor antes de fechar o local. Só que o passado de seu tio-avô volta para assombrá-la e ela não deseja ter que lembrar que ele foi membro dos integralistas e até mesmo parte do DOPS durante a ditadura militar no Brasil. Pessoas foram torturadas por suas mãos. Enquanto ela pensa nesses detalhes sobre a vida de seu parente, ela encontra algumas pessoas da vizinhança que celebram a vida de um homem desprezível, chamando-o de herói. Algo que a deixa profundamente desgostosa. Ao adentrar na casa, acontecimentos estranhos assolam o local, demonstrando a carga de energia negativa do local. E GIOVANNA acaba sendo obrigada a resolver assuntos na casa para sair de lá o quanto antes. Mas...
Apenas para situar os leitores, o integralismo foi um movimento que ganhou força durante o início da Era Vargas, na década de 1930. Inspirados pelo fascismo italiano, eram homens que desejavam trazer essa ideologia para o Brasil. Os integralistas tinham como líder Plínio Salgado, um homem que costurou relações muito próximas com Vargas até o início da Segunda Guerra Mundial. Eles tinham como símbolo a imagem de um disco branco sobre um fundo azul com a letra grega sigma. Entre os diversos locais em que eles se reuniam estava o Clube Naval que se situa até hoje na esquina da rua Almirante Barroso com Avenida Rio Branco no Centro do Rio. Lá eles assistiam a cinejornais com discursos feitos por Adolf Hitler, alguém que era idolatrado pelos seus membros. A Ação Integralista Brasileira (o AIB) foi a expressão partidária do movimento, mas teve uma curta existência já que em 1937 ele foi dissolvido quando Vargas foi obrigado a escolher um lado na Segunda Guerra Mundial e deu um golpe de Estado no Brasil instaurando o Estado Novo. Embora o AIB já não existisse, muitos de seus membros passaram a agir secretamente, espalhando sua visão de mundo por outros partidos e grupos.
Ter explorado o passado de um torturador e como as pessoas que foram afetadas por ele ainda podem ter permanecido neste mundo é um toque criativo para este gênero do sobrenatural. A autora cria a tensão que fica cada vez mais palpável à medida em que a história avança. Gosto da maneira como ela não precisa mostrar ao leitor a face do sobrenatural explorado na história. Isso não é um scare movie. Por eu ser de uma outra geração tendo a preferir histórias de terror que explorem os nossos cinco sentidos. É a escrita que vai nos guiar a este estado de tensão, onde mesmo lendo um livro, olhamos por cima do ombro com receio do que possa vir a acontecer. Somos estimulados por simples palavras que nos levam a um estado de consciência mais imersiva com o que estamos manuseando.
Outro ponto que vale destacar é como a Jana explora pessoas horríveis. E o quanto o Brasil está permeado dessas pequenas corrupções do nosso cotidiano. Tirando a protagonista, ela está cercada desses tiranetes das cidades. Aquelas pessoas mesquinhas que gostam de usar de sua influência para se imaginarem impossíveis de serem punidos. E cometem crimes hediondos com uma transparência que chega a doer. A própria protagonista presencia uma cena que a deixa de estômago embrulhado. Outro ponto legal: a Jana não precisa dizer o que aconteceu para que o leitor entenda o que de fato se sucedeu naquele momento. Toda a cena parte de deduções que nós fazemos ao juntar as peças. Uma comprovação de uma habilidade de construir uma cena que não precisa ser inteiramente descrita. Ou seja, embora seja uma história curta, ela conta muito em suas páginas, fornecendo vários elementos a serem refletidos e compreendidos.
Ficha Técnica:
Nome: A Sombra da Assombração
Autora: Jana Bianchi
Editora: Corvus (Projeto Sintonia Mortal)
Número de Páginas: 38
Ano de Publicação: 2020
Avaliação:
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