Nos recantos de Graeff, vive um menino chamado Aenon que possui o sonho de se tornar o maior escritor do mundo. Para isso, ele precisa sair de Vila e ir conhecer o mundo. Mas, ele vai se envolver em uma trama sombria que vai mudar a face do mundo.
Sinopse:
Bardíacos O início do fim, é uma narrativa do gênero de ficção fantástica, ambientado em um mundo imaginário que abriga diversos tipos de seres com base em mitologias nórdicas, gregas e entre outras. No primeiro volume da saga, Aenon um rapaz muito jovem decide aventurar-se sozinho mundo a fora. Com o sonho de escrever seu próprio livro, Aenon tem a oportunidade de conhecer figuras peculiares e ilustres desde anões, magos, nobres cavaleiros e até mesmo a grande realeza de Nomack.
A medida em que avança em sua jornada, Aenon passa a perceber que está no meio de um grande mistério que cerca não somente o grande reino, mas todos as civilizações. Com a ajuda do mago Hogan e com a companhia de um Bárbaro das montanhas, um cavaleiro e até mesmo um Orc, Aenon parte para a maior e mais perigosa aventura que podia imaginar existir ou até mesmo acontecer.
O mistério da verdadeira identidade de quem está por trás dos estranhos acontecimentos precisa ser revelado. Mas todos temem chegar a um nome na qual pretendiam esquecer.
Bardíacos.
Menos é mais. Essa é uma velha acepção vinda de alguns velhos manuais de escrita. Quando alguns de nós, com a veia para escritor, começam a colocar suas ideias para o papel, queremos contar um épico sem proporções. Criar uma história única capaz de arrebatar os corações dos leitores. Com o passar do tempo e a experiência de escrita vai encorpando as habilidades do escritor, ele percebe que nem sempre contar um épico é necessário. Basta escrever uma boa história. Muitas boas histórias são simples demais. Por exemplo: O Hobbit é a história sobre um homem pequeno de pés peludos vivendo mil aventuras ao lado de seu amigo que é um mago. Menos é mais.
Bardíacos pode ser entendido a partir de duas partes: os primeiros dois terços da história que contam o desenvolvimento e as explorações de Aenon e o último terço que explora uma guerra entre os dagonianos (um povo que vive nas montanhas) e o reino de Nomack. A narrativa é contada em terceira pessoa sendo que na primeira parte é focada inteiramente em Aenon e como ele observa o mundo e na segunda o autor muda bastante os pontos de vista perpassando os diversos personagens que enquadram aquele trecho da história. Às vezes as transições entre pontos de vista distintos acontecem durante o capítulo. O estilo de discurso é direto sendo que na primeira parte temos um enfoque maior nas descrições e na segunda parte há momentos com mais diálogo e ação.
Fiz essa distinção clara entre os dois trechos da história porque representa como foi a minha experiência de leitura. As primeiras duzentas páginas são maravilhosas com um estilo que me lembrou muito as narrativas de Tolkien, mas em uma leitura mais contemporânea. O autor esbanjou ricas descrições que conseguem inserir o leitor na narrativa, possuindo em partes trechos bem poéticos com as reflexões feitas por Aenon ao conhecer um mundo maior. Alguns reclamam do estilo descritivo em excesso do Tolkien: não vejo problemas se a descrição for usada como elemento de imersão na história. Quando entramos em uma floresta ao lado de Aenon conseguimos ouvir o farfalhar das folhas, os sons produzidos pelos animais escondidos na floresta e até sentir um pouco do perigo que espreita em um canto escuro. O leitor consegue sentir isso porque as descrições feitas por Maman permitem a ele imaginar isso. Porém, a segunda parte da história é muito desbalanceada. Em vários trechos eu me arrastava na leitura. Parece até que outro autor havia assumido a escrita do livro. Descrições confusas, diálogos sem propósito, situações clichês mal trabalhadas. O clímax da história que era para ser o momento-chave da narrativa é arrastado e termina quase sessenta páginas antes de encerrar o primeiro volume. Ou seja, temos um epílogo que poderia integrar o segundo volume da história e ser reduzido para umas 10 páginas. Vou retornar a esse tema mais abaixo quando falar da narrativa.
"Aenon contemplou o velho salão de pedra e reverenciou os senhores anões que ali jaziam há muito tempo. Talvez até mesmo por uma longa era, pensou. A poeira e as teias de aranha eram fiéis companheiras dos corpos apodrecidos, embora brevemente conservados pelos embalsamamentos. Logo o rapaz escutou a voz de Hogan, que procurava por ele já há algum tempo. Mas não lhe deu atenção, pois seus olhos estavam vidrados na câmara subterrânea, na qual as paredes e os pilares eram cravejados de joias, diamantes e muitas outras pedras preciosas que brilhavam na escuridão do salão real."
Infelizmente preciso comentar sobre mais um ponto que fez cair o meu conceito sobre a escrita do livro: a revisão. Entendo que muitos autores novos não fazem revisão ou por ser muito cara ou por confiar (excessivamente) em sua própria escrita. Mas, quando uma revisora é creditada logo na capa do livro, o meu olhar muda completamente. Se houve uma revisão a quantidade de erros precisa ser reduzida até porque houve um tratamento da editora nesse sentido. E o que eu vi não foi nada disso. A revisão é péssima com erros ortográficos grotescos permeando quase todo o livro. Alguns trechos foram mal construídos, sendo truncados e com problemas graves de concordância ou simplesmente escolhas frasais ruins.
Me deixa chateado isso porque posso apostar que a revisão não foi gratuita para o autor. Entendo que o autor precisa dar o aval dele para autorizar a publicação, mas mesmo assim quando há uma "revisão", a tendência é que o autor confie no texto final. E até porque o olhar do próprio autor é viciado em relação à sua própria escrita (por essa razão é sempre recomendado ter 3 ou 4 leitores beta). Bardíacos precisa passar por uma revisão séria antes de passar por uma nova reimpressão ou uma nova edição. Do jeito que está, fica complicado passar pela mão de um leitor mais exigente ou especializado. Procurei ser mais compreensivo porque sei que o autor esta estreando no cenário literário e até maneirei um pouco na minha avaliação. Alguém mais duro do que eu pode fazer um verdadeiro massacre aqui.
Na minha opinião, o melhor personagem da narrativa é o Aenon. Vemos o desenvolvimento dele desde a primeira página. Sabemos que ele é um rapaz comum sem grandes habilidades de espada ou magia que apenas deseja escrever sobre o mundo. O autor foi bem ousado ao usar um personagem que não é O Escolhido, O Guerreiro, O Super-Aprendiz... nada disso. É um rapaz comum que tenta fugir das lutas e deixá-las a cargo daqueles que são especialistas nisso. Aenon é também o nosso personagem-orelha já que ele conhece pouco sobre o mundo e vai observando e assimilando tudo à medida em que a história vai progredindo. O info dumping é feito de forma bem suave e gostosa na primeira parte da narrativa. Me recordo de ter voado na primeira metade do livro (engoli 150 páginas em dois dias e queria mais).
Mas, aí chegou a segunda parte do livro. O personagem que eu tanto gostava foi deixado de lado para dar lugar a uma batalha grandiosa entre dois povos. Sinceramente eu achei que seria totalmente possível observar a batalha a partir dos olhos de Aenon. Ver como um rapaz inocente se depara com os horrores da guerra. A maneira clássica de escrita do Maman caberia perfeitamente nesse trecho se ele localizasse mais o conflito ao invés de pulverizar a narrativa em cinco ou seis personagens diferentes. Ok, o Hogan é um personagem legal e representa o mago sábio e misterioso. Mas, não consegui me importar com nenhum dos outros personagens. Algumas tramas e subplots para desenvolvimento de personagens pareceram tão desnecessários que seria possível passar sem elas. Por exemplo: a mocinha na vila que o Glaurian conheceu. Foi algo de dois minutos, mas poderia ter sido feito com mais capítulos e mais tranquilidade para desenvolver mais o personagem. Ou até mesmo mostrar problemas sociais dentro do reino. Da maneira como foi apresentado, foi corrido demais. Ou o romance entre Vezzaro e Gunnay... foi tão súbito que eu fiquei sem entender. O mais engraçado é que durante a narrativa o autor dá pistas de que Aenon pode ter gostado de Vezzaro e chegou até a comprar o seu amor inocente por Turcartti com o estilo direto e maduro da ladra. Não que eu estava torcendo para que isso acontecesse, mas é que a narrativa me levou nessa direção.
O mundo criado pelo autor é vivo, é dinâmico, é interessante. A maneira como tudo é desenvolvido na primeira parte com Aenon fazendo uma viagem com os anões, conhecendo vilas e florestas tornava a jornada maravilhosa. Me divertia com a inocência do personagem e a maneira como as suas certezas eram desconstruídas. Estávamos diante de um futuro grande contador de histórias. Uma pessoa que escrevia suas experiências in loco. Era até legal quando víamos parte do que o personagem estava escrevendo em seus diários. O leitor pensava: "caraca... estou vivendo isso junto do protagonista". Até os sentimentos do personagem diante dos perigosa que se assomavam ao seu redor faziam parte dessa narrativa. Os sonhos premonitórios do protagonista serviam para mostrar o quanto ele era importante naquela jornada. Ele tinha que estar ali registrando o que acontecia. A segunda parte destoa tanto da primeira parte que não há nenhum registro mais do personagem sobre o que estava acontecendo com ele.
Retomo o que eu disse no começo: menos é mais. Se a história fosse mais focada em um único personagem, provavelmente a trama seria inesquecível. E o curioso é que ela caminhava para isso. A gente consegue perceber o quanto o Maman é talentoso na sua escrita. Capaz de construir boas frases, usar um estilo mais clássico de escrita, tinha o domínio do protagonista que ele havia estipulado a princípio. Não sei o que houve com o autor na segunda parte. Talvez uma pressão para terminar logo o livro, impressões ruins deixadas por leitores beta. O livro ficou desbalanceado demais, o que prejudicou a fruição do mesmo. Peço desculpas ao autor pela carga de críticas colocadas aqui nesta resenha, mas me coloco no compromisso de fornecer um feedback adequado que possa servir para que ele consiga reescrever este primeiro volume ou quem sabe ajudar na criação do segundo. De nada adiantaria se eu apenas elogiasse e fizesse olhos cegos quanto aos problemas.
Ficha Técnica:
Nome: Bardíacos: O Início do Fim volume 1 Autor: Carlos Felipe de Mamam Editora: Kiron Gênero: Fantasia Número de Páginas: 303 Ano de Publicação: 2017
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