Neste primeiro volume conhecemos Alita e como ela foi encontrada por Ido em um lixão. Alita traça seus primeiros passos na Cidade da Sucata enquanto tenta saber um pouco sobre si mesma. Mas, a Cidade da Sucata é repleta de perigos inimagináveis.
Sinopse:
Acompanhe a ciborgue Alita em sua luta para sobreviver e recuperar sua memória na distópica Cidade da Sucata! Ao lado do engenheiro Daisuke Ido, ela se torna uma Guerreira Caçadora, mas sabe que a chave para desvendar o seu passado está na cidade flutuante de Zalem.
O que define quem somos? Qual é o nosso lugar no mundo? Essas são algumas das perguntas que Alita faz a si mesma quando "nasce" no laboratório de Ido no começo da história. Tendo sido achada junto a um monte de sucata, Ido percebe a beleza e a doçura presente nos olhos da protagonista. Junto de Alita vamos viver aventuras, alegrias, tristezas e todo o mistério por trás dela.
Yukito Kishiro tem uma boa mão com o mangá. Ele sabe dosar muito bem textos e cenas de ação. Em alguns mangás, a gente fica incomodado com a quantidade de texto ou onomatopéias espalhadas por todos os quadros. Aqui não temos este excesso. Os textos que ele coloca são apenas o necessário para que possamos entender o que está acontecendo nas cenas que seguem. É um roteiro bem simples, mas muito bem executado. Outro elemento que me chama a atenção é como o roteiro é interligado. Nesse primeiro volume da JBC (uma edição BIG que constitui 2 volumes da edição tanko japonesa), eu não senti desgaste na história. Normalmente em mangás BIG como Blade ou Eden, eu preciso dar uma pausa a cada 4 ou 5 capítulos para recuperar o fôlego. Aqui não: o roteiro é dinâmico e deixa o leitor com vontade de saber o que vai acontecer a seguir. Curiosamente, essa não é a primeira vez que eu leio Alita (li na edição antiga). Mesmo assim consegui capturar novos nuances sobre a história e o mistério por trás da personagem.
Apesar do traço não ser dos mais revolucionários do mundo (eu adoro o traço do Takehiko Inoue ou o do Goseki Kojima), mas Kishiro tem uma boa pegada de personagem e de plano de fundo. As cenas em plano elevado com a Cidade da Sucata e Zalem no topo são super detalhadas. O autor dá individualidade às habitações e até mesmo à Factory. O leitor consegue identificar o prédio mesmo em um plano distante. O design de personagens é bem legal, com destaque para a Alita. Ele deu uma aparência linda para a personagem. Não é uma personagem sexy, mas parece uma menina doce e meiga em algumas cenas enquanto em outras se torna totalmente selvagem. A protagonista é muito expressiva seja em momentos leves ou de combate. Tanto olhos como o rosto por completo servem como painéis para o autor trabalha um dado sentimento. Gostei também do design do Makaku que passou toda a selvageria do personagem. Em alguns quadros, o autor usa um efeito muito bacana em que enxergamos o personagem de baixo para cima, dando magnitude e perigo a ele. As cenas de combate também são incríveis. Conseguimos identificar claramente como é o estilo de combate da Alita, o Panzer Kunst. Apesar de ser uma técnica de luta ficcional, o leitor consegue entender que se trata de uma arte marcial que usa as pernas e os giros do corpo para tornar os golpes mais eficientes. Alita usa o Panzer Kunst seja para golpear um personagem, ou para saltar uma grande distância. Aí mostra a genialidade do autor em apresentar algo que faz completo sentido.
"Não tenho lembranças do meu passado... Por isso, não sei que tipo de pessoa eu era. Ainda não sei direito qual é o significado de estar viva. Se é algo bom ou ruim... Se devo me orgulhar ou me envergonhar disso... Não faço ideia ainda. Mas um dia quero descobrir tudo isso! Eu me tornei uma guerreira caçadora para encontrar o meu verdadeiro eu enquanto luto! Não tenho nenhum interesse em porcaria de recompensa!!"
Temos duas histórias principais acontecendo neste volume BIG. No primeiro arco temos o "nascimento" de Alita e seu confronto com Makaku. Neste primeiro momento a grande questão é o que somos e para quem vivemos. Alita começa como sendo uma espécie de "criação" de Ido já que ele corre para buscar pedaços de corpos para a personagem. Seu desejo é dar uma vida digna à personagem como a criança que ela parece ser. Mas, aos poucos Alita vai tendo seus próprios desejos: viver por si mesma, ajudar e proteger Ido. Uma das falas impactantes desse primeiro arco é quando ela recrimina o doutor por transformá-la em uma espécie de boneca para si mesmo. Foi apenas quando Alita expressou suas intenções é que ele entendeu o erro que ele havia cometido.
É curioso como a trajetória de Makaku é o espelho do de Alita. Dá para traçarmos várias associações e até entender os motivos por trás das barbaridades cometidas pelo personagem. Se Alita não tivesse encontrado Ido talvez ela acabasse como o seu inimigo. Pior é quando Ido descobre o verdadeiro sentimento que move Makaku rumo à Alita. Ao mesmo tempo em que se desenvolve este conflito, vemos outros detalhes sobre a Cidade da Sucata: os guerreiros caçadores, a Factory, como funciona o sistema de procurados (que vai ter um papel essencial no próximo arco). O legal é que o autor faz tudo isso sem pesar demais a trama. Em pouco tempo já estamos familiarizados com tudo.
No segundo arco, somos apresentados a um jovem que deseja ir até Zalem, a cidade que flutua no espaço. A construção de mundo aqui serve para nos apresentar como as duas cidades se relacionam e a colocar o imenso abismo que existe entre ambas. Neste momento sabemos pouco sobre Zalem e mais sobre como os habitantes embaixo pensam sobre o que se passa lá em cima. É quase como se os habitantes de Zalem fossem como deuses para aqueles que se situam no meio do lixo (literalmente).
Sonhar com algum objetivo pode ser uma motivação poderosa. É capaz de nos levar a ações drásticas que em outras oportunidades jamais faríamos. É exatamente isso o que acontece com Yugo. Acho até que a ideia para este segundo arco é ligeiramente associado ao mito de Ícaro que queria alçar os céus e ser livre. Yugo deseja chegar a Zalem não porque ele quer ser rico ou poderoso, apenas por acreditar que ser capaz de chegar até lá significa alcançar a verdadeira liberdade. É até legal o título do primeiro capítulo deste arco: "O menino que olhava para o céu". A ideia é essa mesmo.
Não vou comentar muito sobre Alita nesta parte porque seria dar spoilers demais acerca desta parte. Só vale deixar aqui que a personagem amadurece bastante e ao final vemos uma personagem com uma outra visão de mundo. Como os acontecimentos deste arco vão afetá-la só iremos saber a seguir.
E aí? Gostaram deste primeiro volume? O que acharam de Alita? Deixem nos comentários.
Ficha Técnica:
Nome: Battle Angel Alita vol. 1
Autor: Yukito Kishiro
Editora: JBC
Gênero: Ficção Científica
Tradutor: Arnaldo Masato Oda
Número de Páginas: 448
Ano de Publicação: 2017
Outros Volumes:
Battle Angel Alita vol. 3
Battle Angel Alita vol. 4
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