Kate descobre que a linha temporal foi alterada e tudo parece fora de lugar. Agora ela é a única que pode viajar no tempo e consertar as coisas. O que parece uma aventura simples acaba se revelando parte de uma complexa trama enredada por uma organização que ameaça a existência da humanidade.
Sinopse:
Na vida, tudo tem uma ordem certa para acontecer: os sapatos devem ser colocados depois das meias, a geleia deve ser passada no pão depois da manteiga — netos nascem depois dos avós. Kate Pierce-Keller nunca havia dado atenção a este último item, até sua avó surgir com revelações e um objeto que podem colocar sua existência em risco.
Os eventos da premiada Trilogia Chronos se iniciam quando Kate descobre que sua avó é uma historiadora viajante do tempo — nascida alguns séculos à frente, mas presa ao presente por conta de um acidente — e possui um artefato, um medalhão azul reluzente, que permite realizar saltos temporais para qualquer época e local.
Tudo parece um absurdo no início, mas uma leve interferência na linha temporal faz com que os pais de Kate sumam do mapa e ela seja a próxima da lista. Arriscando sua vida, ela aceita a missão de tentar voltar no tempo para evitar um homicídio que é a chave de tudo e colocar as coisas no seu devido lugar. Mas se ela for bem sucedida, a interferência também terá um custo pessoal.
Neste primeiro volume, o leitor é transportado para a Exposição Universal de 1893, em Chicago, quando a Roda Gigante foi apresentada pela primeira vez e o serial killer H. H. Holmes dirigia um hotel construído especialmente para receber os visitantes da feira (e sumir com seus corpos). Em meio a tantos fatos históricos e curiosos, Kate precisa agir pontualmente para não estragar nada, e ainda impedir a ascensão de um culto religioso bastante poderoso que ameaça afetar o universo como o conhecemos.
A viagem no tempo sempre fascinou o ser humano e foi tema de obras que marcaram época como o clássico A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, O Fim da Eternidade, de Isaac Asimov, o filme mais querido da década de oitenta, De Volta para o Futuro, o cult que impressionou uma geração, Donnie Darko, e a aclamada série Outlander, de Diana Gabaldon. Todo mundo já quis mudar alguma coisa do seu passado, mas é difícil calcular o impacto disso no presente. Além do mais, quem decide que essa mudança pode ser feita? Esses e outros dilemas são construídos e trabalhados de maneira afiada por Rysa Walker em seu romance de estreia, que chega ao Brasil pela DarkSide® Books em uma edição especial que vai durar séculos — e deixaria até mesmo Doctor Who curioso.
Chronos: Viajantes do Tempo, o primeiro volume da Trilogia Chronos, foi ganhador do prêmio Amazon Breakthrough Novel Award em 2013 e, com isso, recebeu o sinal verde para ser impresso pela Skyscape Publishing, um selo editorial da Amazon. Com o reconhecimento da obra, Rysa Walker passou a se dedicar integralmente ao seu ofício de escritora e deu continuidade às viagens de Kate pelas décadas. Agora, a autora também integra a coleção DarkLove, a linha editorial da DarkSide® Books que revela as vozes femininas mais surpreendentes do nosso — e de qualquer outro — tempo.
Chronos - Viajantes do Tempo
Quando eu me proponho a ler um livro voltado para o público adolescente ou jovem, já tenho em mente que seus personagens serão dessa faixa etária, terão problemas típicos da idade, possivelmente em um ambiente escolar ou coisa que o valha e, sim, muito provavelmente haverá um romance. Mas eu também espero que todos esses elementos sejam entregues de forma envolvente e com a agilidade característica do gênero Young Adult, e é aí que as coisas se complicam com a leitura de Chronos.
Chronos é o primeiro livro de uma série de livros que conta com a trilogia principal, três novellas, três contos e mais três quadrinhos. Viagens no tempo sempre abrem inúmeras possibilidades a serem exploradas, vários cenários, épocas e contextos sociais interessantes e essa me parece ser a intenção da Rysa Walker ao criar um mundo tão denso e cheio de informações. A magia acontece através de um medalhão que possibilita ao usuário dar saltos históricos entre pontos estáveis e visitar qualquer época segura. Essa tecnologia vem do futuro, da organização Chronos, cujo objetivo era investigar fatos históricos e aprender com os erros do passado com a ajuda de um time de historiadores, mas a linha do tempo foi alterada após um acidente, prendendo alguns membros da equipe no passado. Kate é descendente de uma dessas pesquisadoras, e é com essa descoberta que sua vida começa a mudar.
A história é repleta de informações e as explicações são muito boas, especialmente considerando que este costuma ser um tema bastante confuso. A ambientação é bem construída e é perceptível que a autora fez um extenso trabalho de pesquisa histórica, sobretudo quanto à Exposição Universal de Chicago, de 1893, onde se passa boa parte da trama. Mas o que deveria ser interessante se mostrou maçante, enfadonho, cheio de detalhes dispensáveis e com menos da metade da ação prometida. E esse problema começa pela sinopse, ao citar o famoso assassino H. H. Holmes. O livro se demora tanto para chegar nesse ponto que sinceramente até nos esquecemos da premissa. A preparação para o salto histórico é arrastada e a autora dá voltas e voltas em elementos e descrições que estão ali somente para fazer volume na narrativa e isso me fez perder o interesse pela leitura por diversas vezes.
Um desses elementos controversos é o romance. Veja bem, eu não tenho nada contra romances adolescentes e muito menos contra o casal Kate e Trey, que tem algumas cenas fofíssimas, por sinal. Mas a motivação desse relacionamento é tão absurda, descabida e terrivelmente óbvia que a impressão que Rysa Walker deixa é que ela construiu um enredo inteligente unicamente para abrigar um romance. Então Chronos torna-se um livro romântico com a viagem no tempo de pano de fundo. E esse não seria o pior dos problemas se os personagens não fossem tão artificiais, como se saídos de um filme adolescente. Todos são lindos e irresistíveis, a protagonista é uma donzela em perigo e, apesar de a autora insistir em colocá-la como heroína autossuficiente, ela precisa ser salva o tempo todo. É muito cansativo.
“Deixe apenas suas pegadas, carregue apenas lembranças.”
Por outro lado, um ponto interessante muito discutido em Chronos é a religião. Com o domínio da tecnologia Chronos, Saul, o antagonista da história, consegue disseminar uma nova religião em várias épocas e locais, criando uma nova ordem mundial e alterando eventos cruciais para a humanidade, que, fora de controle, podem dizimar parte da população. Essa questão, aliada a alguns pensamentos críticos sobre o poder e a manipulação de líderes religiosos, agrega muito para a história e é um elemento que eu gostaria que fosse muito mais presente na trama.
A narrativa é feita em primeira pessoa pela própria Kate e temos apenas as impressões dela sobre todos os outros personagens, e devo dizer que são impressões bastante egoístas e muito pouco confiáveis. Os diálogos sobre a Chronos são inteligentes e são, de longe, as melhores partes do livro, mas quando o tema se volta para a vida pessoal da Kate essa qualidade se perde. Talvez se a autora tivesse trazido mais realismo para esse romance, um apelo mais forte do que aparência física para o casal e uma relevância maior da história dos dois para a trama central, o livro pudesse ser muito melhor aproveitado.
Chronos tem um enredo inteligente, mas muito mal aproveitado. A leitura foi boa em alguns momentos e vale a pena se você não se incomodar com os pontos negativos que eu citei. Acredito que vá agradar mais ao público jovem e aos fãs de romance, mas, infelizmente, para mim não funcionou e não pretendo continuar a ler a série.
Ficha técnica:
Nome: Chronos - Viajantes do Tempo
Autora: Rysa Walker
Série: Chronos - vol. 1
Editora: Darkside Books
Tradutora: Fernanda Lizardo
Número de Páginas: 320
Ano de Publicação: 2017
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