Dioniso traz uma peça clássica de teatro relacionada ao deus homônimo ao contexto moderno, servindo de início a uma aventura com elementos fantásticos, eróticos e de terror ― não recomendado a menores de 18 anos.
Sinopse:
Adriano Ferri é um detetive que ganha à vida desmascarando casamentos felizes. Marcela é sua amiga que sonha em ser uma grande dançarina. O Grupo Terpsichore de Dança-Teatro chega à cidade para apresentar As Bacantes. Mas não é só o espetáculo que o grupo pretende apresentar para a cidade. E Adriano e Marcela irão descobrir que algumas lendas são verdadeiras.
A humanidade seguia vários deuses, e esses a influenciavam a realizarem acontecimentos extraordinários. As peças de teatro se lembram desse tempo quando as divindades interferiam na vida das pessoas, em busca de adoração, ao expandir o domínio influente, aperfeiçoando a própria ambição. Presentes em tempos passados, eles voltarão aos novos tempos, ou assim demonstra Dioniso, graphic novel roteirizada por Jerri Dias e ilustrada em 3D por Pedro Zimmermann, publicado pela editora Avec em 2015.
“Não determina o deus se é jovem ou idoso aquele que à dança se entrega.”
Adriano é detetive particular, e aproveita as horas livres ao lado de Marcela. Eles vivem na época em que Velozes e Furiosos XIV já foi lançado. Ainda assim as peças de teatro existem, presentes em ambientes diversos, favorecendo experiências modernas. Marcela convida Adriano para a apresentação das Bacantes, peça exclusiva de atrizes mulheres no intuito de explorar as manifestações deste gênero sexual sem a interferência masculina ― segundo Marcela. E Adriano por fim observa esta apresentação, e ainda participa de um plano maior representado pelo contexto da peça.
“Venha a justiça flamejante, e fira de morte a garganta do herege sem deus.”
O aviso do conteúdo ser impróprio a menores de 18 anos tem ótimo motivos de existir. O nome da HQ é homônimo ao deus grego do vinho, teatro e, digamos, fertilidade humana. Começa pela nudez escancarada da apresentação de teatro, a sensualidade evolui no expediente após a peça, quando as atrizes cumprem as ambições representadas de Dioniso. A HQ não se limita ao erotismo, pois este é apenas o ponto de ignição a estourar as cenas de horror incentivadas pelo poder superior aos humanos, mostrando a limitação dos protagonistas e do que é possível realizar entre as capacidades inferiores, apesar de a primeira ameaça extraordinária deixar de ser verossímil quando a cena ocorre em plena chuva, com o protagonista firme na superfície escorregadia e ainda sob perigo sobrenatural.
A camada submersa do enredo é revelada, demonstrando até a possibilidade da história tratar apenas do começo da nova era. O mais importante é revelar o conteúdo ir além do erótico e horror, pois recupera as histórias antigas e as adapta a conceitos modernos e tornar a influência dos deuses presente. A leitura lembra a fluidez dos contos, uma história rápida de acompanhar que proporciona os impactos desejados pelos desenvolvedores da história, para ainda revelar o contexto submerso, existente em todo o enredo.
Dioniso tem imagens 3D provocantes, mesmo assim capricha na elaboração do enredo cheio de revelações nas cem páginas. Do erótico evolui a horror e conclui sob contexto fantástico, três atos conformes as peças costumam ter segundo Aristóteles, tudo coordenado a evoluir o clima de tensão até atingir o desfecho.
“Deixe-me presenteá-lo com uma história dos deuses em troca.”
Ficha Técnica:
Nome: Dioniso
Autor: Jerri Dias
Artista: Pedro Zimmermann
Editora: Avec Editora
Número de Páginas: 114
Ano de Publicação: 2015
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