A investigação de Ian, Gmor, Sera e Myrva sobre denúncias de extorsão nas taxas fluviais da cidade de Baijadan os levam a perseguir uma bandida fakhr. Após uma perseguição alucinada pelos telhados da cidade, a ladra consegue saltar para uma pequena balsa que acaba pegando fogo junto com ela. Só que esse acaba se revelando não ser um incêndio comum já que a ladra queima ainda dentro da água. E isso vai levar Ian a se lembrar de acontecimentos bem ruins.
Sinopse:
Na cidade portuária de Baijadan, na parte sul do Império… Ian Aranill, o orc Gmor, a elfa Sera e a tecnocrata Myrva estão investigando o tráfico de armas destinadas para algumas tribos orcs rebeldes, quando se deparam com uma ameaça inesperada: uma arma devastadora, que se acreditava destruída para sempre, graças à intervenção de Ian, seis anos antes. É o início de uma jornada que levará o Matador de Dragões e seus companheiros ao encalço da figura enigmática que tomou o controle da “lama pírica”, pronta para usá-la e desencadear uma guerra entre os orcs e o Império!
Antes de mais nada é preciso deixar claro que esse volume 1 não é necessariamente uma primeira edição. E até recomendo que os leitores corram atrás do chamado volume 0. Uma edição especial com mais de duzentas páginas que mostra o personagem e o mundo em que ele vive. Chegar neste primeiro volume sem ter lido antes esse especial vai deixar os leitores bem perdidos. Apesar de que é possível ler a edição sem ter passado pela história maior. Só que algumas coisas não vão fazer sentido e o leitor vai se sentir um pouco perdido. Não é obrigatório, mas sabe quando fica estranho se não fizer? A sensação é essa. Outra curiosidade sobre a série do Dragonero é que ela funciona em arcos de histórias, o que foge um pouco ao modelo fechado das revistas da Bonelli. Então as histórias podem durar duas ou até três edições, funcionando como uma história maior. Isso me interessou porque permite dar uma complexidade maior àquilo que está sendo apresentado.
Nesta primeira edição vemos os acontecimentos que se sucedem alguns meses após a derrota de Saul Jeranas que tentou usar o poder de um dragão negro para derrotar os heróis. Ian conseguiu matar o dragão, mas no processo ele acabou se banhando no sangue da criatura. Agora estamos em Baijadan quando Ian, Myrva, Gmor e Sera estão investigando o caso de um nobre que tem feito estranhas transações comerciais e o envio de mercadorias que parecem desaparecer no ar. Durante a investigação, eles descobrem uma traficante fakhr que parece ser a responsável pelo tráfico de mercadorias. Inicia-se uma perseguição por toda a cidade até que ela é cercada e salta rumo ao canal de Baijadan. Quando ela decide atirar uma espécie de explosivo nos heróis, este explode em cima dela, provocando a morte dela. Só que as chamas parecem não se extinguir mesmo quando ela cai na água. Isso faz com que Ian se lembre de uma situação que ele viveu há muitos anos atrás e envolveu seus velhos companheiros Khail e Xara. E não são boas lembranças.
A arte dessa edição é de Giuseppe Matteoni que foi o artista que cuidou do especial que introduziu o personagem. Então ele sabe sobre o mundo pensado pela dupla Enoch e Vietti, os personagens e tudo o mais. Só que eu fiquei um pouco decepcionado com o todo. Achei o especial melhor trabalhado com a introdução de um cenário de alta fantasia com algumas pequenas coisinhas ligadas a tecnologia. Tinha gostado também dos detalhes visuais dando personalidade a cada cenário. Aqui eu senti um volume apressado e com alguns problemas na transposição das cenas. Uma coisa que salta aos olhos é em o quanto Matteoni sabe usar bem os detalhes de luz e sombra. Por exemplo, logo no começo vemos a perseguição efetuada pelos heróis à ladra e enquanto pulam os telhados, a gente consegue ver as sombras sendo projetadas nas paredes. O que mostra que estava de manhã. As cenas de ação também são coesas e fazem total sentido, algo que o artista já tinha demonstrado na edição especial. Porém, as expressões dos personagens ficaram estranhas e em alguns momentos faltam detalhes ao rosto e à vestimenta deles. Em vários momentos fiquei em dúvida se o protagonista estava preocupado ou reflexivo, já que o texto me dizia uma coisa enquanto a arte me dizia outra. Não é algo grave, mas como o volume especial me deixou tão animado para esta série, fiquei bastante decepcionado com o resultado.
O enredo em si não tem nada demais. E aí novamente entro na questão de estar animado para ler Dragonero depois de um especial tão épico. Essa história lida um pouco com as consequências da edição passada e entrega uma nova história. Mas, pouca coisa acontece de verdade aqui. Temos o novo status quo de Ian enquanto ele investiga um caso que o leva a pensar em coisas do passado. Neste primeiro volume temos muitos inícios narrativos o que acaba por prejudicar o engajamento do leitor na história. Funciona quase como um volume de transição para o que vai acontecer na próxima edição. A gente até tem alguns bons combates acontecendo no começo e no meio da história, mas o resultado final é bem aquém do que vi antes. Espero ser só um mal de primeira edição, de início de arco narrativo. Mesmo assim, qualquer história da Bonelli consegue estar anos-luz à frente de qualquer HQ de super-herói.
Temos um Ian mais pensativo sobre o que ele se tornou depois do confronto com o dragão negro. O personagem parece ter sofrido uma transformação que o deixou com os sentidos mais aguçados e mais perceptivo com o que acontece ao seu redor. Neste primeiro momento, são habilidades adicionais que podem vir a ajudá-lo em seus combates. Mas, Ian não está satisfeito com a situação e sente que em seu interior algumas mudanças maiores estão acontecendo. Em uma conversa franca com Sera, a elfa, ele explica o que está acontecendo e a personagem compara as reações do guerreiro à forte ligação dos elfos com a natureza. E que Ian precisa aceitar as coisas como elas são, caso contrário ele nunca vai conseguir seguir em frente com a sua vida. É algo a se pensar para o leitor ver que outras mudanças se darão com Ian. Isso sem falar na espada cuja lâmina mudou e ela parece ter se tornado um metal quente e mais leve. E parece ter uma vontade própria.
Conhecemos também o grupo anterior de Ian na época que ele ainda galgava funções no império. Temos o jovem Khail e a sedutora tecnomaga Xara. Eles foram a Margondar investigar algumas situações estranhas e o envolvimento do nobre Goran Moravik. Os três inspetores do Império descobrem que Moravik desenvolveu uma arma que tem lhe dado vantagens no confronto com os orcs que se escondem nas florestas de Margondar. Quando eles chegam às imediações dos domínios de Moravik, eles se deparam com uma cena terrível: os soldados do nobre estão incendiando uma caverna no qual os orcs se esconderam fugindo da investida do exército local. Só que essas chamas parecem não se extinguir com facilidade. Algum tipo de produto alquímico fez aparecer uma terrível arma incendiária que leva muito tempo até se extinguir completamente e consegue queimar através de rochas e até da água. Uma arma perigosa nas mãos de um homem inescrupuloso. Agora os três precisam decidir o que fazer com essa informação.
Como podem ver este é um volume que mesmo com pouca coisa acontecendo deixa alguns mistérios no ar. Os personagens do grupo de Ian estão fortalecendo seus laços uns com os outros e agora iremos acompanhar as aventuras deles neste mundo misterioso e repleto de histórias fascinantes. Mesmo me decepcionando um pouco, Dragonero entrega histórias de alto nível para nós, fãs de boas histórias de fantasia. Agora é esperar pela próxima edição.
Ficha Técnica:
Nome: Dragonero vol. 1 - O Sangue do Dragão
Autores: Luca Enoch e Stefano Vietti
Artista: Giuseppe Matteoni
Editora: Mythos
Tradutor: Julio Schneider
Número de Páginas: 100
Ano de Publicação: 2019
Outros Volumes:
Vol. 0 Vol. 7
Vol. 2 Vol. 8
Vol. 3
Vol. 4
Vol. 5
Vol. 6
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