Vamos continuar acompanhando Golan Trevize e Janov Pelorat em sua jornada oelo universo em busca das origens do Império galáctico. O que eles encontrarão no final da jornada abalará tudo o que eles conhecem sobre sua existência.
Sinopse:
As dúvidas de Golan Trevize quanto ao bom andamento do plano milenar de Hari Seldon fizeram com que o Conselheiro partisse em uma jornada rumo aos limites da galáxia. Seu destino é o planeta que deu origem a todo o antigo Império, um lugar chamado Terra. Uma missão inglória, visto que todos os registros da existência desse lugar mítico parecem ter sido apagados. Com a ajuda do historiador Janov Pelorate da intrigante Júbilo, o grupo vaga pelas estrelas tentando solucionar o mistério, que pode elucidar a origem da humanidade e da própria Fundação. A Trilogia da Fundação, obra máxima de Isaac Asimov, foi eleita, em 1966, a melhor série de ficção científica de fantasia de todos os tempos. Na década de 1980, o autor ampliou seu rico universo ficcional desdobrando sua saga em outros quatro volumes. Fundação e Terra é o segundo livro desta nova fase.
Este é o último volume da saga Fundação escrito por Asimov. É em Fundação e Terra que somos deixados com um final para a história da Fundação como imaginado por Asimov. É aqui que Asimov apresenta uma série de elementos inovadores. Questões filosóficas que até hoje são discutidos pelos cientistas.
Golan Trevize e Janov Pelorat são colocados em uma situação onde precisam tomar uma decisão complexa: optar pelo domínio ideológico de uma Segunda Fundação ou se unir à mente coletiva de Galaksia. A consciência coletiva de Gaia propõe um desenvolvimento evolucionário sem limites ao apresentar a noção de mente uma. Trevize resiste muito a essa idéia e a troca de idéias entre Júbilo (habitante de Gaia e representação do próprio planeta) demonstrando a riqueza deste volume de Fundação. Quais são os pontos fortes e os fracos da consciência coletiva? Para mim, Fundação e Terra é uma grande crítica ao individualismo, a uma sociedade cada vez mais desunida. Para Asimov, para que a humanidade possa avançar todos devem cooperar em prol de um bem comum. E isso inclui uma postura de coletividade, um desapego ao individualismo, base essencial do pensamento iluminista. O autor apresenta já alguns elementos da postura pós-moderna ao especializar funções e discutir teorias evolucionárias.
O motor que move a trama é a busca pela origem. Ou melhor, a busca pela Terra. Isso remete ao pensamento iluminista no sentido em que ele procura atrelar o desenvolvimento do pensamento ocidental a uma busca por uma Era de Ouro. Esta era estaria presente nos filósofos greco-romanos responsáveis por trazer suas contribuições para a formação de nossa sociedade. Asimov ilustra a necessidade que o homem tem de procurar de onde ele vem. E essa origem pode ser contada a partir de fatos históricos ou de mitos. É aí que entra o conhecimento de Pelorat. O que eu achei interessante é que Pelorat sofre um amadurecimento de suas idéias após o contato com outras culturas. Consigo dizer até mesmo que Pelorat representaria o próprio Asimov quando ele começou a escrever e depois mais tardiamente. O personagem de Fundação e Terra passa a questionar a validade de suas informações e a exercer um senso crítico acerca daquilo que lhe é passado.
O futuro da humanidade também é colocado em perspectiva. Por que o homem desejaria ir ao espaço? Vários futuros possíveis são apresentados pelo autor. Um mundo completamente radioativo destruído pelo próprio homem em sua sede de guerras; um mundo desprovido de pessoas onde a natureza retoma seu controle após séculos de abusos e as grandes cidades e metrópoles não são mais do que ruínas de uma civilização decadente; um mundo controlado por uma entidade superdesenvolvida a partir de uma manipulação genética e que desconhece as emoções humanas; e um mundo em que a humanidade se esqueceu de eras passadas e agora vive em um mundo primitivo, mas em eterna alegria. Todas são possibilidades, mas nenhuma delas é a maneira como Asimov imagina a forma como a Terra vai ficar no futuro.
A ligação que Asimov faz entre a série Fundação e a série Robôs é genial. Retomar a ligação entre Elijah Bailey e Daneel Olivaw é muito interessante. Afinal ambos são personagens clássicos da prosa de Asimov e os que melhor representam o autor e suas idéias. É a própria maneira como Asimov entende que deve ser a relação entre homens e robôs: complementação. O autor acredita que o futuro da humanidade é o êxodo da Terra em direção às estrelas. Não à toa que a Terra que Asimov apresenta é uma casca oca e vazia devastada por anos de exploração dos recursos naturais. O único ser que resta nesta Terra é um robô que aguardaria o retorno da humanidade para renovar os votos de evolução. Apenas revendo o passado é que o futuro mais luminoso e possível.
A prosa de Asimov não é brilhante. Apresenta furos, momentos em que o autor se perde em seus cientificismos. Mas é inegável que suas idéias são excelentes. Sua visão de mundo é utópica, mas ele era um amante das estrelas. Fundação e Terra fecha com chave de ouro uma jornada de quase mil anos da Fundação. E Asimov deixa uma série de mensagens de esperança para o homem.
Ficha Técnica:
Nome: Fundação e Terra Autor: Isaac Asimov Série: Fundação vol. 5 Editora: Aleph Gênero: Ficção Científica Tradutor: Henrique B. Szolnoky Número de Páginas: 464 Ano de Publicação: 2013
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