A busca pelas Joias do Infinito está de volta. Mas, dessa vez o que está em jogo é diferente. Com várias facções lutando, entre os Chitauri, os Rapinantes, o Titã Louco entre outros, salvar o Universo parece que será mais difícil do que parece.
Sinopse:
As joias do infinito. Individualmente, elas oferecem ao seu usuário um poder imenso. Reunidas, podem garantir o poder de um deus. Anteriormente destruídas, as joias do infinito se reconstituíram e se encontram espalhadas pelo universo. à medida que sua localização é descoberta, diferentes forças convergem para uma batalha que conduzirá o cosmo numa direção sombria o fim. a corrida derradeira pelo poder começa com alguns dos maiores heróis e vilões da existência competindo para possuir a gigantesca joia do poder. os chitauris se lançaram à busca, assim como a fraternidade dos rapinantes, os novas e os guardiões da galáxia. mas com quem estão as outras joias? e quando adam warlock, o antigo proprietário da joia da alma, entra em cena, o palco para as guerras infinitas está montado.
A Marvel já usou amplamente esse enredo da busca pelas Joias do Infinito. Jim Starlin é o criador desse conceito e já esgotou várias vezes as possibilidades do que fazer com esses artefatos. O desafio proposto ao grupo de roteiristas que toca essa maxissérie é: como apresentar algo novo? A resposta não é dada neste volume inicial que nada mais é do que um preâmbulo para o que virá a seguir, mas fornece algumas pistas. E elas não são lá muito animadoras. Como uma primeira edição muito do que vamos comentar nesta resenha são introduções e apresentações. Os personagens nesse tabuleiro galáctico são apresentados ao leitor e onde eles se encontram no início da jornada. Os roteiristas também nos apresentam algumas de suas ideias e o que pode ser diferente do que já foi feito antes. São basicamente quatro histórias distintas, sendo uma focada no Adam Warlock, a segunda nos Guardiões da Galáxia e a terceira no Falcão de Aço, que parecem ser aqueles personagens que receberão mais destaque. Vamos comentar uma por uma até porque não há uma homogeneidade nas coisas.
Só um detalhe básico nesta edição que vale mencionar e deve ser a tônica das próximas edições. Isso aqui é quase um mix mensal de histórias. A história principal mais um monte de coisas aleatórias para encher encadernado e que tem algum tipo de conexão mínima com o evento. Não esperem notas boas nas resenhas desse evento por causa dessa confusão de coisas. Outro ponto que me incomodou é que parece que as histórias sequer tem um título. Não indicam quem foi que fez o roteiro, ou a arte ou as cores. Precisei caçar no Guia dos Quadrinhos (um ótimo site de pesquisa) quem fez o quê. Entendo que a edição original não deve ter tido isso, mas a edição brasileira poderia ter tido esse cuidado. Já seria um diferencial interessante e destacaria em relação à edição americana. É importante sim saber quem se envolveu no que, por mais que a edição seja uma mistura de várias coisas.
A primeira história (sem título) envolve o Adam Warlock. Não vou comentar o recordatório que vem antes porque... é um recordatório. Ali é mais para situar o leitor. De certa forma essa primeira história também é isso. Warlock é convocado para um lugar estranho no qual se depara com Kang, o Conquistador. Apesar da hostilidade inicial, Warlock se coloca para escutar o velho inimigo que o coloca a par de uma possível nova ameaça. Daí ele mostra ao personagem como, mesmo com seus poderes temporais, ele não consegue impedir uma tragédia de acontecer e envia Warlock a uma pessoa capaz de ajudá-lo. O roteiro de Gerry Duggan é bem simples. Serve para apresentar quem é Adam Warlock e o que ele já viveu no universo Marvel. A história é melhor do que meros recordatórios e Duggan parece conhecer bem a mitologia do personagem. Muitos pontos do diálogo são apenas info dumping para o leitor e no final algumas pistas do que pode estar vindo a seguir para ele. Nesse ponto aqui, não vi nada muito novo ou que me despertasse o interesse. O que gostei foi mais o fato de que o roteirista parece entender o Warlock, diferentemente do que vi nos últimos anos sendo feito com ele.
A arte dessa primeira história pertence ao casal Allred, com Michael Allred na arte e Laura nas cores. Foi a minha primeira vez pegando algum material com a arte deles e achei que talvez isso pudesse me incomodar pela arte ser bem diferente daquele padrão mainstream. E... não... curti bastante. Os designs e conceitos tem muita personalidade e as cores saltam das páginas. Michael insere vários detalhes na fortaleza de Kang, mostrando o quanto ele é um conquistador e gosta de exibir troféus de suas vitórias. Duggan oferece a Michael Allred a possibilidade de reimaginar vários momentos icônicos do personagem como o flerte com a lady Sif e o combate com o Thor, a captura pelo Alto Evolucionário, a jornada pela Contraterra com o eventual confronto com Magus e as intensas lutas contra Thanos. São momentos em que o artista conseguiu emular a arte dos grandes artistas que já passaram pelo personagem como Ron Lim entre tantos outros. Michael Allred apresenta quadros que remetem a uma arte mais scifi e não se preocupa em deixar cenas de cabeça para baixo. Gosto da quadrinização mais assimétrica que ele propõe (até contraste com a arte mais vetorizada do Deodato na história seguinte) e é o puro suco da space opera. As cores da Laura ajudam a dar aquela explosão necessária para que a arte prenda a atenção do leitor. As cores são mais puxadas para o brilhoso do que o fosco com uma prevalência do azul e do roxo. Gostei e isso me fez pensar em dar uma chance para o Surfista Prateado que foi desenhado pela dupla.
A segunda história faz parte da Contagem Regressiva propriamente dita e se foca nos Guardiões da Galáxia e um pouco no Logan, que é uma espécie de coringa nessa série. O final da série dos Guardiões nos entrega um grupo que não está em sintonia. Parte da alma da Gamora está presa na joia da alma e ela está obcecada em recuperá-la. Temos uma personagem fria e que não se importa muito com seus companheiros. É uma boa representação de uma pessoa que tem uma parte de si faltando e precisa recuperá-la a todo custo. Groot foi infectado pelo Jardineiro e existe cópias malignas dele espalhadas pelo universo. Seu amigo Rocket Raccoon está disposto a fazer o que for necessário para encontrar uma cura. Porém, o próprio Rocket tem alguns segredos da equipe que podem estourar a qualquer momento. Drax deixa a equipe depois de uma situação terrível vivida na última aventura e o Destruidor se torna um pacifista. Parte dos Guardiões encontram a joia do poder, agora uma imensa rocha montanhosa e deixam Drax junto com alguns membros da Tropa Nova tomando conta. Quem consegue manter a equipe mais ou menos unida é Peter Quill, mas os desafios para fazer com que todos estejam alinhados em um objetivo comum tem sido cada vez mais complexos.
Duggan vai explorar bem essa falta de afinidade entre os membros da equipe e os problemas acontecem mais por causa dos objetivos distintos de todos. Nesse momento aqui a história permanece no planeta controlado pelo Jardineiro e o confronto com as cópias de Groot serve para Duggan construir essa constante problemática entre os membros. Não há coesão. A própria ação é confusa e reflete o quanto a equipe precisa conversar, o que eles não fazem. É um roteiro prático e direto também, sem grandes firulas narrativas. Ajuda que a arte do Deodato está muito boa aqui e ele emprega os seus grids para construir sequências dinâmicas de ação. Confesso que passei a acompanhar o Deodato com mais frequência na fase dos Vingadores Sombrios capitaneados pelo Norman Osborn. Me chama a atenção o quanto a arte dele pega pelas sombras, pela melancolia, mas também com grandes tomadas de ação. É um estilo cinemático onde parece que escutamos explosões o tempo inteiro. Mesmo nos momentos mais calmos é como se as coisas pudessem explodir a qualquer momento. Há sempre uma tensão palpável nos rostos dos personagens envolvidos. Gosto mais da arte do Deodato pés no chão, com personagens urbanos ou coisas acontecendo na Terra. Mas, essa mudança na forma do Deodato me deixou curioso. Gostei mais da arte dele nas duas edições que ele cuida nesse encadernado do que imaginava.
A presença do Wolverine nessa saga me soa mais fora de compasso do que interessante. Colocar o cara com uma joia do infinito só me fez torcer a cara. E por mais que o Duggan coloque algumas cenas divertida com o personagem como ele enfiando as garras na cara do Loki ou usando frases de efeito malucas, só me parece fora de lugar. Ainda quero entender aonde o Duggan quer chegar com isso. Okay, vamos ver. Ele ainda me inclui outro personagem completamente improvável dos Vingadores nessa saga galáctica. Está certo que Jim Starlin gostava de acrescentar heróis meio esquisitos no meio como o Homem-Aranha enfrentando o Thanos pelo cubo cósmico, mas... o Wolverine?
A terceira história também faz parte da Contagem Regressiva e nos coloca no planeta Xitaung onde se encontra Drax e a Tropa Nova. Essa história nos coloca frente a frente com a Fraternidade dos Rapinantes, outra facção que está atrás das joias para fortalecer seus números. Ainda não estão claros os seus reais objetivos e nem na história do Falcão de Aço sabemos tanto assim. Duggan só os coloca em tela e mostra como eles podem ser perigosos, mas não tão perigosos assim. Me parece que o roteiro quis colocar a Tropa Nova e os Rapinantes como lados opostos de uma mesma moeda. Eles desejam a manutenção da ordem no Universo, mas partindo de pontos de vista diferentes. Drax é apresentado como um guardião da "pedra" do infinito e, para alguém que se tornou pacifista, ele ainda é bem violento. Não sei se isso é proposital, mostrando um cara que resolvia as coisas no soco tendo dificuldades para se conter, ou se é só inconsistência narrativa mesmo. Não vou dizer que é o roteiro mais fraco do encadernado (porque tem a próxima história), mas não me ajudou a ficar animado com a perspectiva desse núcleo de personagens. Não tem nada de muito diferente acontecendo e o cerco ao planeta nem é tão tenso assim.
A arte dessa história não ajuda muito também. Deodato faz as primeiras páginas (e que páginas, meus caros) e depois deixa nas mãos do Frazer Irving que faz uma arte meio qualquer coisa. É uma arte mais comics, mainstream, e até apresenta alguns bons momentos, mas fica só nisso mesmo. Colocar a arte do Irving junto com o Deodato é covardia. É como um farol mostrando duas coisas completamente diferente. Primeiro a gente oferece o prato principal, bonito, bem feito, de chef internacional; depois você dá o biscoitinho e a salada. A quadrinização dele até é boa e ele consegue entregar bons momentos na história como o ataque dos Chitauri lá pelo final ou até os momentos de combate do Drax contra o Rapinante que são criativos. Irving tem uma boa noção de cenas de ação, mas algumas delas me soam estranhas como o combate dos Nova lá pela metade da história. Estava com dificuldades para entender a sequência das cenas. A palheta de cores para mim me soou estranha porque os coloristas mudam o estilo o tempo todo. A gente tem dois: Frank Martin Jr e Jordie Bellaire e não podia ter dois estilos mais diferentes do que esses dois. Um opta por uma colorização mais escura e carregada nas sombras e outro por cores mais brilhantes. Chega a incomodar às vezes como as cenas mudam de uma hora para outra.
A última história é a do Falcão de Aço e serve para reapresentar o personagem para os leitores. Chris Powell nunca foi um daqueles heróis que a gente acompanhava, sempre dependendo de qual roteirista o pegava. Lembro de algumas boas fases dele como quando ele era parceiro do Homem-Aranha, teve uma fase curta junto com os Novos Guerreiros, mas acho que o grande momento dele esteve com o Dan Abnett que introduziu vários novos elementos à mitologia do amuleto. Chris Simms e Chad Bowers nos mostram como o personagem adquiriu seus poderes e sua relação com seu pai, um policial que era seu ídolo até que o jovem garoto descobre que ele era corrupto. Powell é um guarda hoje e abandonou os poderes do Falcão até que se vê envolvido novamente com os Rapinantes quando dois deles tentam roubar o seu amuleto. Sinceramente é uma história bem genérica com acontecimentos muito convenientes se sucedendo. Ele calha de estar no mesmo lugar onde encontrou o amuleto pela primeira vez, tem dois Rapinantes estúpidos atrás dele que um deles é um Shi'ar que é justamente a raça que serve para reativar o amuleto. Alguém como o Talonar, um lorde guerreiro que é o líder de uma Fraternidade não iria permitir que tantas conveniências tolas despertassem um artefato poderoso que poderia ser usado contra ele. Parece coisa de vilão de terceira. O roteiro é mediano, mas apenas me diz que o Chris é um herói mediano. Não me deixa com vontade de acompanhá-lo.
A arte do Kevin Walker não ajuda, definitivamente. Primeiro que o roteiro é muito eloquente e ocupa vários quadros à exaustão. Não dá para a arte respirar. Não que a arte seja maravilhosa, mas ter vários balões e recordatórios e caixas de pensamento definitivamente não contribuem. A ação é um pouco confusa no momento climático da história. Quando era o momento para o artista brilhar, os personagens envolvidos na cena parecem meio fora de sincronia, as cores estão muito saturadas e isso acaba tirando a atenção do leitor para a cena. A quadrinização é razoável, apesar de que em algumas páginas, Walker faz uns experimentos meio malucos como a página do Chris conversando com os policiais corruptos e o artista estiliza os quadros da página para se parecerem com o visor do Falcão de Aço. A ideia foi boa, mas a execução me pareceu tão estranha. A escolha de uma palheta de cores mais escura combina com o estilo do Falcão de Aço, só que as cenas entregues pelo roteiro transformam o uso de cores tão escuras em momentos que mais prejudicam do que ajudam.
Enfim, esta é uma primeira edição, de fato. Não gostei dela porque não acho ser tarefa de uma primeira edição de uma maxissérie ficar apresentando trocentos personagens diferentes. Uma série precisa já te deixar no clima para momentos incríveis e explosivos. E não é isso o que temos aqui. A tarefa introdutória tem que estar em edições anteriores a ela. Uma história introdutória com recordatórios ou apresentando conceitos, tudo bem. Mas, todo um encadernado voltado só para isso é um desperdício de tempo. As histórias são bem divididas entre o bom e o ruim. Nada se destaca muito e me falta aquela tensão de esperar algo realmente diferente acontecendo. Meu destaque vai para a arte do grande Mike Deodato que está preciso como um bisturi no que ele entrega. Só me faz gostar mais do que ele faz. Contudo, tem um saco de outras coisas no meio que acabam por me tirar a atenção. Mas, vamos acompanhar a coisa até o final.
Ficha Técnica:
Nome: Guerras Infinitas vol. 1
Autores: Gerry Duggan, Brian Michael Bendis, Chris Simms e Chad Bowens
Artistas: Michael Allred, Mike Deodato, Kevin Walker, Frazer Irving
Coloristas: Laura Allred, Frank Martin Jr, Jordie Bellaire e Java Tartaglia
Editora: Panini Comics
Tradutor: Rodrigo Barros
Número de Páginas: 128
Ano de Publicação: 2019
Link de compra:
Estava à procura de uma forma de fazer dinheiro extra de maneira simples. Foi quando descobri o piggytap.com/pt/. A plataforma é ótima para completar tarefas fáceis e ganhar recompensas. Os bônus e promoções frequentes ajudam bastante, e isso me fez continuar usando o site. O que me chamou a atenção foi a facilidade de navegação e a rapidez no pagamento das recompensas. O site é muito prático, e eu posso acessá-lo quando quiser, seja pelo celular ou pelo computador