Poeta, um dos tripulantes da Stardancer, chega ao lado de seus colegas a um planeta em busca de artefatos para serem vendidos. Só que eles se deparam com um butim imenso e acabam precisando deixar Poeta no planeta até eles retornarem com ajuda. Só que o planeta, que parecia inabitado, parece guardar surpresas...
Sinopse:
"Her Scales Shine Like Music" de Rajnar Vajra é uma noveleta tocante de ficção científica sobre um encontro e uma relação de parceria entre dois alienígenas, um humano, que são as únicas criaturas vivas ocupando um planeta no espaço profundo. O humano tem a missão de guardar um achado valioso que seus colegas deixam para trás, para fazer um relatório com a companhia que os contratou.
Um grupo de tripulantes em uma nave são contratados para buscar artefatos em diferentes planetas na galáxia. Eles recebem uma missão para ir a um determinado planeta porque ele parece ter indícios de uma grande quantidade desses objetos. Ao chegar lá encontram uma absurda quantidade ao qual eles não estavam preparados para transportar. Aparentemente o planeta está inabitado e quem deixou os artefatos no planeta parece ter saído às pressas dali. Talvez com medo dos membros da Stardancer, que representam uma nave legal? Não sei, o fato é que existe uma bolada em venda desses artefatos e todos da nave querem fazer seu pé de meia. Mas, para isso, alguém terá que ficar e o pobre Poeta é o menor palito do bolo. Durante quase um mês ele terá que vigiar os objetos e passar por uma inacreditável monotonia. O que parece ser chato nos primeiros dias toma um rumo diferente quando parece que ele não está exatamente sozinho no planeta. Uma incrível e estranha parceria vai se iniciar aqui.
Essa é a trama desse conto que é bem maluca por sinal. Fiquei modestamente surpreso com a qualidade da escrita de Rajnar Vajra que em alguns momentos soa muito poético. Sim, Poeta é um poeta da nave. Sua função é cuidar dos registros da tripulação e nas horas vagas ele escreve alguns poemas. Poemas esses que são representados nas linhas da narrativa e tem uma ótima qualidade. O que posso dizer sobre a narrativa é que embora ela seja descritiva, as frases se encadeiam bem e elas soam com um ritmo quase musical. Por isso eu disse estar impressionado. Tenho cá minhas críticas quanto a algumas coisas desnecessárias inseridas na narrativa, mas no aspecto técnico, o autor foi perfeito. Não tiraria nada nesse sentido.
Estabelecer relações entre humanos e alienígenas é um tema que já fez parte de inúmeros livros de ficção científica ao longo da história. Esse conto em particular me fez pensar imediatamente em Um Estranho em uma Terra Estranha, mas visto de um ponto de vista invertido. Como se o estranho fosse o ser humano e o alienígena fosse o normal. Mas, o que eu gostaria de dizer é em o quanto Poeta foi capaz de compreender os desejos do alienígena ao qual teve contato. E isto só se deu por causa de sua sensibilidade artística, capaz de observar a passagem de seu companheiro por horas a fio. Buscar, em ações que pareciam não ter sentido, alguma lógica simbólica que lhe desse o estalo para agir de acordo com o que ele pensava ser o próximo passo a ser seguido. Se formos pensar em símbolos, os momentos divididos pelos dois são quase um balé onde cada gesto ou movimento tem um sentido no todo e precisa ser realizado com sutileza e atenção.
Minha reclamação é quanto a uma construção de mundo feita no início que me pareceu completamente inócua para o todo. Poeta faz parte da tripulação de uma nave que é subordinada a uma espécie de império espacial com moldes teocráticos. Na nave ninguém usa seus nomes reais, recebendo nomes de acordo com suas funções. Por exemplo, existe a Alta Mãe da Comunicação. Títulos quase eclesiásticos. Okay, achei legal, mas no que isso interferiu na história? Poderia ser apenas uma nave simples, com uma tripulação genérica a mando de uma corporação que paga pelo resgate de artefatos. Resumi tudo em poucas palavras. E é isso. Não precisava de todo uma volta para comentar sobre o que se passava no planeta. Sequer existe alguma metáfora ou símbolo por trás daquilo que era vivido pelos personagens.
Tirando esse pequeno ponto, achei o conto muito bem escrito, com uma narrativa sensível e repleta de segundas leituras e entrelinhas na relação entre os dois personagens. Não esgotei de forma alguma a discussão por aquilo que acontece na história. Não comentei, por exemplo, sobre o coração inquieto e desejoso de poesia do protagonista, do que a criatura buscava ou por que. Só isso já é um convite para que todos deem uma oportunidade para uma história tão diferente.
Ficha Técnica:
Nome: Her Scales Shine Like Music
Autor: Rajnar Vajra
Editora: Tor.com
Número de Páginas: 37
Ano de Publicação: 2016
Avaliação:
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Achava que "Um Estranho numa Terra Estranha" era só um disco do Iron Maiden. Haha. Fui pesquisar. Parece que tentaram censurar o Heinlein.
Já ouviu falar em Sprague de Camp ou algo assim? No futuro imaginado por ele o Brasil é a maior potência intergalática da Terra!