Uma aventura que leva um soldado a proteger sua rainha que foi amaldiçoada e transformada em tigre. Rook levará sua rainha até a terra de Isola, onde a maldição poderá ser quebrada.
Sinopse:
Uma maldição foi lançada na Rainha de Maar e se capitão da guarda fará tudo para revertê-la. Sua única esperança está em uma ilha do outro lado do mundo - um lugar conhecido em lendas como Isola, a terra dos mortos.
Recomendadas para fãs do Studio Ghibli e de Hayao Miyazaki.
A fidelidade de Rook
Nos últimos tempos, temos visto que muitos artistas que trabalham em quadrinhos americanos tem retirado sua inspiração cada vez mais no formato japonês de contar histórias. Sejam as tramas simples, os traços exagerados, a multiplicidade de cores, os mitos. Sana Takeda é uma das artistas que eu mais curto hoje em seu trabalho em Monstress. Karl Kreschl também me apresentou desenhos magníficos contando com as cores de Msassyk. E é nessa vibe oriental que Isola nos apresenta uma bela história que lembra muito um conto de fadas (e um dos meus animes favoritos, Princesa Mononoke).
No primeiro capítulo somos colocados no meio da ação. Rook está seguindo ao lado de um tigre (que logo descobrimos ser a Rainha Olwyn que fora amaldiçoada) em um platô. Aparentemente alguns caçadores parecem estar atrás do tigre para obter lucro com ele. Um combate logo acontece, e Olwyn e Rook acabam se separando acidentalmente. Enquanto Rook descobre que os caçadores sabem, de alguma forma sobre a maldição do tigre, Olwyn acaba indo parar na companhia de um Moro, um feiticeiro capaz de conversar com ela na forma de tigre e que possuem a intenção de se transformar em animais. Daí em diante vamos acompanhar como Olwyn e Rook vão fazer para se reencontrar enquanto o autor vai nos apresentando mais detalhes da narrativa pouco a pouco.
O que eu percebi nas resenhas que vi dessa HQ é as pessoas reclamando da falta de informações sobre o que está acontecendo exatamente. E isso para mim não me incomodou a partir do momento em que Fletcher vai apresentando os detalhes aos poucos, sem pressa. Realmente os dois primeiros capítulos são confusos e poderiam ter sido melhor trabalhados pelo roteiristas, mas não vi tanto motivo para alarde assim. Foi uma escolha não muito acertada, mas quando chegamos ao quinto capítulo tudo parece um pouco mais claro. Apesar disso, eu gosto quando o autor nos obriga a montar as pecinhas do quebra-cabeças aos poucos fornecendo pequenas coisas aqui e ali.
Nesse primeiro volume, Rook é a personagem central. Ela é a capitã da guarda e tem uma enorme fidelidade à sua rainha. Fidelidade essa que a gente percebe rapidamente que se trata de um algo mais que parece ser recíproco (são deduções ainda). A personagem é impulsiva, mesmo sendo uma combatente bem competente. Sua fragilidade é o fato de estar sozinha precisando lidar com uma situação a qual não estava preparada. Em um determinado momento desconfiamos que ela tenha sido responsável pela maldição em si, talvez por ela se sentir culpada a todo o momento, mas lá pelo capítulo 4 descobrimos como isso se deu. A relação entre Olwyn e Rook é trabalhada ao longo deste primeiro volume com um foco em como Rook se sente a respeito da rainha. Ainda há pouca informação para comentar com mais profundidade até porque falta o outro lado da equação.
A maldição de Olwyn
Um dos elementos mais impressionantes deste primeiro volume é em como Karl Kreschl consegue dar personalidade aos personagens. Admito que o traço não me agradou tanto assim (apesar de as cores serem estonteantes), mas todos os personagens são expressivos. E isso se revela mais em Olwyn, uma tigresa que precisa lidar com o fato de estar presa no corpo de um animal e não poder mais falar. Isso cria todo um conjunto de dificuldades já que o artista acaba necessitando fazer com que a tigresa possa "falar sem falar". Ele destaca muito a expressão corporal, o olhar, como o personagem se adequa ao cenário. Ou seja, a experiência sensível se torna mais importante e é a partir dela que o leitor vai conseguir retirar uma série de informações: o medo, a chegada dos instintos primitivos, o amor por Rook.
Olwyn é uma personagem ainda muito cercada por mistérios. Provavelmente o segundo volume deva ser mais focado nela. O que sabemos até então (e não é tanta coisa já que a maioria sabemos no primeiro capítulo) é que parece que o reino de Maar está em guerra com outro reino. Por causa da maldição que se apossou de Olwyn, Rook e ela não podem mais voltar para o reino (por algum motivo desconhecido). Houve uma discussão muito séria entre ela e o irmão quando Rook interferiu para proteger a integridade da rainha. E aí algo terrível aconteceu. Algumas coisas a rainha não lembrava sobre a cena e fomos observar pelo ponto de vista de Rook. A cena mal interpretada leva a uma discussão entre as duas personagens, causando um pouco de tensão na narrativa. Gostei de como Fletcher usou a discussão para trabalhar os sentimentos de ambas. A discussão acaba não levando a lugar algum, porém é um instrumento narrativo para o desenvolvimento das personagens, gerando um momento muito terno no quinto capítulo.
Um mundo sendo desenvolvido
Ainda não sabemos quais são os objetivos do Moro que acompanha as duas protagonistas. Ele parece fazer o papel daquele sábio que muito sabe, mas só entrega as coisas aos poucos (a la Mestre dos Magos). Não dá para saber ao certo se há um objetivo maligno em suas maquinações. Me parece que ele está ali para ajudar Olwyn a desenvolver sua nova condição, até porque ela começa a ceder espaço para o seu lado animal. Com o contato com outros Moro na vila escondida, Olwyn começa a entender melhor a sua condição. O mundo criado por Fletcher ainda tem várias lacunas e poucas respostas. E esse ponto é o que mais incomodou os leitores porque o autor se focou mais no desenvolvimento dos personagens.
A colorização feita por Msassyk é linda e realmente me fez lembrar das animações do Ghibli. O emprego de cores vibrantes como o azul celeste, o amarelo ouro e o lilás fazem as cenas terem muito destaque aos olhos do leitor. A escolha desse tipo de palheta ajudou a ressaltar os traços de Kreschl e a dar um tom mais oriental à narrativa. Eu adorei, por exemplo, o fato de Msassyk escolher nos entregar um tigre preto e azul ao invés do tradicional amarelo e preto. E isso a partir da própria cor de pela da protagonista. Isso fornece personalidade a ela. As ambientações também são bem amplas, apesar dos cenários se passarem mais ora em florestas, ora em ruínas de uma cidade.
Gostei bastante de Isola, sabendo que a HQ tem suas fragilidades. Entretanto, por conta do volume ser tão pouco informativo, isso fornece espaço para o autor trabalhar melhor esses temas em outros volumes. E até acho que o segundo volume deva ser mais parado do que esse que foi bem corrido. As personagens tiveram um bom início, apesar de que eu quero saber mais sobre Olwyn que foi deixada um pouco de lado para fornecer o protagonismo para Rook.
Ficha Técnica:
Nome: Isola vol. 1
Autor: Brenden Fletcher
Artista: Karl Kreschl
Colorista: Msassyk
Editora: Image Comics
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 144
Ano de Publicação: 2018
Outros Volumes:
Volume 2
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