Neste segundo volume, o ardiloso Jorg Ancrath precisará se deparar contra o virtuoso príncipe de Arrow. Ele precisará mostrar sua habilidade como governante para poder sobreviver aos seus inimigos.
Sinopse:
A terra arde com o fogo de centenas de batalhas enquanto lords e pequenos reis lutam pelo Broken Empire. O longo caminho para vingar o massacre de sua mãe e irmão mostrou para o Príncipe Honorous Jorg Ancrath os atores por detrás dessa guerra sem fim. Ele viu o jogo e se comprometeu a varrer o tabuleiro. Primeiro, entretanto, ele deve reunir suas próprias peças, aprender as regras do jogo, e descobrir como rompe-las.
Admito que quando li Prince of Thorns pela primeira vez fiquei deslumbrado demais com a escrita do autor. Foi a minha primeira incursão em uma obra de dark fantasy e o efeito é claro: ao não vermos nada parecido acabamos achando que tudo é novidade. Dois anos depois e outros livros de dark fantasy lidos, a gente começa a ter uma opinião mais concreta.
Em muitos aspectos, King of Thorns é superior ao primeiro volume. O autor passou a dosar mais a mão e o protagonista amadureceu assim como o próprio autor. Jorg agora é o rei das pequenas terras montanhosas que pertenciam ao seu tio, o Conde Renar. Sua ambição de vingança se foi e ele possui novos objetivos. Um deles é possuir Catherine Scorron, a mulher que tomou o seu coração. E o segundo é vencer a Guerra Centenária, dominando assim todos os reinos. Em seu caminho se coloca Orrin, o carismático Príncipe de Arrow. Ele é o oposto de Jorg: honesto, com zelo pela justiça e um guerreiro honrado. Pior de tudo, é o escolhido para ser o noivo de Catherine. Em King of Thorns veremos o confronto entre a crueldade de Jorg e a honra de Orrin.
Lendo Prince of Thorns uma segunda vez eu passei a me incomodar com o caráter de Jorg. Não entendi seu comportamento como cruel, mas meramente petulante. Neste segundo volume, Lawrence encontrou o equilíbrio para se dedicar aquilo que ele queria na história: o confronto entre luz e trevas. Sentimos o peso das ações de Jorg no cenário e no próprio personagem, algo que não transparecia muito no primeiro livro. Em Prince of Thorns, parecia que as “maldades” de Jorg aconteciam e não havia nenhuma consequência.
Os coadjuvantes são melhor desenvolvidos. Apesar de perceber a vontade do autor em trabalhar com um núcleo pequeno de personagens, sua habilidade em lidar com eles melhorou significativamente. Vamos ver esta característica melhor em sua segunda trilogia, The Prince of Fools. Não é um defeito, nem um demérito do auto; é uma escolha literária completamente válida. Joe Abercrombie em sua trilogia A Primeira Lei também opta pelo mesmo. Quando um personagem perde sua utilidade, o autor coloca o personagem de lado. Em se tratando dos Irmãos de Armas de Jorg, tal normalmente redunda em uma morte. Mas, achei que as mortes foram pertinentes para a história e até alguns personagens que se vão neste livro justificaram sua participação na vingança de Jorg.
Percebi que o autor pretende criar uma mitologia de fundo para o mundo de Jorg. Aliás, nem vou mais tratar como o mundo de Jorg, mas como o universo literário do autor. Ele demonstra isso ao usar esta mitologia de uma forma mais sutil. Acredito que ele pretenda revelar mais detalhes sobre a história dos Construtores em outros livros com diferentes personagens. Não vou comentar muito a respeito, pois receio dar muitos spoilers da trama.
O antagonista de King of Thorns é um personagem bem interessante. Digamos que ele seria o heroi em qualquer outro livro de fantasia. Percebi em Orrin alguns traços do Arthur de Bernard Cornwell na trilogia Crônicas de Arthur: estrategista brilhante, honesto, mas guerreiro, ansiando por uma glória pessoal. Quase como um Aquiles das lendas gregas. Acabei não gostando dos momentos finais da trama por causa da opção de enredo de Lawrence. O plot twist acabou funcionando mais em detrimento do que a favor da história. Nem sempre o óbvio e previsível é ruim. O previsível (a luta entre Orrin e Jorg) poderia ter gerado um final muito mais épico.
King of Thorns é um claro amadurecimento da escrita de Lawrence. Muitos reclamaram da mesquinhez e tolice de Jorg. Eu acho que em Prince of Thorns essas peculiaridades me incomodaram mais. Minha reclamação é quanto às soluções mirabolantes que sempre caem no colo de Jorg. É um certo excesso de deus ex machina. Isso faz com que a obra não seja perfeita. Entendo o que o autor planeja, mas acho que dava para esconder mais essa infalibilidade do Jorg.
Ficha Técnica:
Nome: King of Thorns
Autor: Mark Lawrence
Série: Trilogia dos Espinhos vol. 2
Editora: DarkSide Books
Gênero: Fantasia Tradutor: Dalton Caldas
Número de Páginas: 528
Ano de Publicação: 2014
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