Enquanto faziam testes nas proximidades do planeta Seven, Shinatose e Nagate interceptam um pedido de ajuda vindo de lá. Inicia-se uma operação de resgate de Teruru Ichigaya, a única remanescente da facção antiarmas que estava na lua. E no volume 12, a nave Mizuki inicia seus testes, mas Shou Honoka desaparece. O que será que aconteceu?
Sinopse:
Através de uma nova tecnologia implantada na prótese de Izana, a nave Sidonia consegue captar um fraco sinal emitido do planeta Seven, para onde os ativistas migraram, mas que foram dizimados por Gaunas. Crentes de que é um sobrevivente dos ativistas, Nagate e Izana decidem ir ao resgate, contando com um grande reforço! O único problema é a Nave Mass Union Grande que está à deriva bem ao lado do planeta Seven, e a missão de resgate pode ser o estopim antecipado para o confronto final…!
Atenção: Spoilers dos volumes anteriores!
Dois volumes bem interessantes: no onze temos pouca coisa acontecendo, mas são situações bem interessantes que vão explodir no futuro; e no volume 12, é um recheado de informações e acontecimentos. Começando pelo volume 11, temos o início de um período de testes bélicos para Sidonia. Agora que eles descobriram que os gaunas são atraídos pelas kabis artificiais e pelas partículas Heigus, o setor de desenvolvimento quer explorar formas alternativas de escaneamento e infiltração. Shinatose inicia testes para ampliar a capacidade de escaneamento, mas enquanto isso se processa, ela capta uma transmissão vinda do planeta Seven. Depois de triangular o sinal, eles descobrem que se trata de Teruru Ichigaya, uma andróide criada por Taro Ichigaya, membro do movimento antiarmas que vivia dentro de Sidonia. Lá nos primeiros volumes, lembrem-se que eles deixaram a nave e foram em direção a uma lua próxima à estrela Lem. Bem, só restou Teruru. Depois de um pouco de convencimento, Shinatose, Nagate e a senhora Hiyama (que descobrimos que foi uma piloto) se dirigem ao planeta com equipamentos ultrapassados para evitar a detecção da Mass Union Gigante que está muito, mas muito próxima do planeta. Qualquer descuido pode despertar a nave colossal e aí será morte certa.
A arte dessa edição está impecável. Detalhista para caramba e, mesmo tendo algumas páginas que não gostei aqui e ali, mas no geral gostei demais dos ambientes amplos, das páginas duplas e do maneira em como ele deixa as páginas parecerem limpas. Não gosto de usar expressão em inglês, mas o visual é bem clean e harmônico. O horizonte mostrado no planeta Seven é lindo e ilustra como ele pensou um planeta inteiramente aquático. Agora, preciso mencionar o gauna tentacular que ele criou aqui que é aterrorizante. Me espanta como essas criaturas vem adotando traços cada vez mais humanóides. Imagina uma criatura gigante, formada por vários tentáculos grossos (que podem te estrangular numa boa) e com um rosto humano, expressando raiva/terror/desespero. Gostei também do design da Teruru, simples, mas eficiente. Tirando as orelhas voadoras, que aí é viagem demais para mim, o fato de ela alternar entre um modo armadurado e um humanóide expressa a vontade do movimento pacifista de tentar sobreviver sem recorrer às armas. A quadrinização deste volume é bem doida e combina com as edições orientadas para ação. Poucos quadros, alguns momentos com diálogos quase monossilábicos. Por isso que quando a arte volta a algo mais simples, a gente repara e critica.
Jurava que o Nihei tinha esquecido esse tema depois do exílio da cúpula do movimento pacifista. Parabéns para ele! Retomou algo lá de atrás e com fúria. O movimento antiarmas tinha culpado o Nagate que, na época, ainda fazia muita bobagem. Isso passou para a Teruru, que repete a vontade de seus criadores. Em alguns momentos fica chato a recusa dela em ser resgatada pelo Nagate pelo simbolismo que ele representa, mas é importante porque traz o tema de volta para discutirmos. A capitã tem um estilo pouco prosaico de lidar com as coisas, e deseja se livrar do movimento antiarmas a todo custo. Sejamos sinceros: Sidonia é um governo ditatorial, bélico. A estrutura social é inteiramente voltado para a guerra. Estamos tão envolvidos com o relacionamento entre Nagate e Shinatose que esquecemos que a capitã deu um belo de um golpe de Estado e governa com mão de ferro. Por exemplo, ela permitiu a criação de Tsumugu e Kanata e ainda encobriu os rastros do Kunato. Se não fosse a ameaça iminente de Mass Union, concordaria e muito com a Teruru. A questão não é o Nagate, mas a própria administração de Sidonia. A nave foi criada para explorar outros sistemas estelares e hoje seu propósito é unicamente desenvolver robôs e armas melhores.
Por falar em Shinatose e Nagate, o que aconteceu em Seshunkyu? Bem... deixemos para vocês conferirem. Como diria aquele velho filósofo chamado Chapolim Colorado: "suspeitei desde o princípio". Gente, já vimos essa novela mais de duzentas vezes em animes japoneses. Vocês sabem o que vai acontecer. Mas, é divertido ver a Yuhata e a Tsumugu confabulando. A Yuhata parece estranhamente mexida com a situação também. E no caso dela, é que foi divertido porque dá para ver numa boa que a Yuhata tem sentimentos... pela Shinatose. Isso está ficando bem complicado para o meu gosto. Mas, como a missão do Nihei é bagunçar as nossas cabeças, ele insere a Teruru como uma nova variável na história. E a Teruru tem todo jeito de garotinha tsundere, querendo atenção, mas dando um tapa na cara do protagonista. Ela percebe que fez um julgamento errado sobre a situação, mas ela não arreda o pé da opinião que ela tem sobre o Nagate. Ou seja: lá vamos nós para com mais uma garota no apartamento do Nagate. Já, já, ele vai ter que se mudar por falta de espaço. Mas, e aa Shinatose? Sei lá.
Como disse lá em cima, o volume 12 tem um volume maior de coisas acontecendo e parece que estamos nos encaminhando para os momentos finais. Durante os testes da nova nave-corveta Mizuki, o grupo capitaneado pela Yuhata é atacado por um estranho gauna. Esse gauna, que parecia passivo, muda de forma e se iguala a uma nave Mass Union, disparando gaunas menores no formato de guarda-chuva para atacar os membros da Sidonia. O combate se torna complicado com esses gaunas menores tendo a habilidade de englobar os guardiões e levá-los para a nave maior. Shou Honoka, uma das irmãs Honoka é capturada por esses gaunas e En e Ren pedem desesperadamente a Nagate para ajudar a resgatá-la. Mas o que eles vão encontrar vai ser algo que eles não esperavam.
Essa edição tem uma arte que eu definitivamente não gostei. Embora o Nihei use umas construções bem interessantes e bizarras dentro da Mass Union, ele optou (ou não teve escolha) e não arte-finalizou as páginas. O que vamos ver são várias cenas em que os visuais estão todos em uma primeira passada do lápis, bem claras. Sei que alguns artistas fazem esse tipo de experimento como uma forma de estilizar alguns trechos, só achei que o que foi feito aqui não combina com a história em si. Fico pensando se tivéssemos uma arte bem acabada e completa aqui nesses cenários biológicos loucos como seria a experiência para o leitor. Temos boas sequências de ação no espaço com algumas soluções artísticas bem interessantes feitas pelo Nihei como os movimentos mais retos e precisos da Mizuki em comparação a movimentação mais livre dos guardiões. Tem um momento em que a nave Mizuki se prepara para disparar um canhão de raios em que a nave parece uma bala e só interrompe os movimentos graças a propulsores laterais. Achei bem legal isso. Por outro lado, mais para a metade deste volume as cenas estão mais contidas, principalmente nos momentos em que eles retornam a Sidonia. Não é um volume marcado por algo espetacular e onde poderia ser, não curti a estilização.
Disse que a tendência dos gaunas nas últimas edições era se tornaram mais "humanizados" ou "antropomorfizados". Esse processo continua e percebemos o quanto os gaunas aprendem com os humanos. Eles já são uma espécie de alta inteligência, mas estão incorporando traços humanos. Até aparecer algum gauna com um nível ainda maior de senciência e se tornar mais imprevisível. Pode escrever aí que esse é o próximo passo. O enredo foi apavorante porque o leitor é levado a crer que a história vai seguir em uma direção, a do resgate da Shou. Mas, o que acontece é algo completamente diferente. E mesmo o autor esfregando isso na nossa cara, não conseguimos acreditar. Maravilhoso essa proposta da simplicidade: nem sempre o que parece simples, é algo altamente elaborado e complexo. Às vezes o simples é só simples mesmo. A tomada de decisão que eles precisaram fazer em um curto espaço de tempo foi cruel e pudemos ver o quanto o Nagate amadureceu. A Ren, quase chorando, pedindo para resgatar a Shou e o Nagate preocupado com o destino de todas as outras pessoas envolvidas na missão. Só houve uma mudança de planos quando a Yuhata deu ordens diferentes. Se fosse o Nagate de uns 5 ou 6 volumes atrás, ele pularia no vazio em uma missão perigosa (e suicida) para resgatar a Shou. Vocês vão comparar com o resgate da Teruru, mas as condições no planeta Seven eram bem diferentes. Havia a possibilidade de resgate em uma missão de reconhecimento.
Temos também alguns momentos para vermos a situação das irmãs Honoka. Descobrimos na última edição que mais 11 delas foram projetadas para pilotar guardiões. E, assim, elas são clones. São tratadas como material descartável. A Shou aparece apenas nesse volume com uma personalidade doce e tímida, e vemos o quanto a vida dela não é pesada na balança. Por ninguém além da Shinatose, Nagate e Tsumugu. Acho que provavelmente a Tsumugu foi a que mais sentiu toda a situação porque ela se colocava no lugar da Shou o tempo todo. Tirando o fato de ela ser uma importante arma bélica, se ela estivesse na mesma situação, será que ela não seria relegada da mesma forma? Nihei já tocou nesse assunto em outras ocasiões, de clones humanos ou criaturas criadas em laboratório não tendo o mesmo valor que um objeto qualquer. E, salvo por algumas poucas pessoas, a maior parte entende como certo e lógico pensar assim. Ela pode morrer? Okay, fabriquemos mais cinco e toquemos a vida em frente. O que nos coloca a pensar em como a vida é efêmera para elas. Salvo En e Ren que já convivemos desde os volumes iniciais, as outras sequer sabemos o nome. Nihei desumanizou todas elas, nos apresentando apenas aquela que seria importante para essa história específica.
Para fechar: dúvidas ainda sobre os sentimentos da Tsumugu a respeito do Nagate? Para mim, nenhuma mais. Uma boa edição que é o estopim do arco final de histórias. Daqui para frente é só tragédia e é disso que o povo gosta. O cerco se aperta e a tripulação do Sidonia vai precisar lidar em breve com um bicho que tem um tamanho absurdo. Representa o ápice criador dos gaunas. No âmbito íntimo, Nagate vai precisar tomar uma decisão em breve. Já não dá mais para fugir da raia. E respostas evasivas já não servem mais. O que acontecerá a Tsumugu se ela sofrer uma rejeição? Cenas dos próximos capítulos.
Ficha Técnica:
Nome: Knights of Sidonia vols. 11 e 12
Autor: Tsutomu Nihei
Editora: JBC
Tradutor: Denis Kei Kimura
Número de Páginas: 190 cada
Ano de Publicação: 2017
Outros Volumes:
Vol. 9 e 10
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