Um grupo de novos pilotos realiza uma missão de treinamento contra um gauna aparentemente inofensivo. Mas, tudo dá absurdamente errado. E uma decisão da capitã Kobayashi volta para assombrá-la quando eles decidem se desfazer da quimera Kanata.
Sinopse:
Nagate e os outros chegam à estrela Lem, localizada no centro dos planetas Seven e Nine. A missão aí é instalar o Sistema de Conversão Semiautônoma, um enorme equipamento capaz de armazenar energia, na superfície de Lem. Porém, os únicos que chegam ao destino são Tanikaze e Shiraui! Nesta missão de grande dificuldade, Tsumugi acaba imaginando a sua própria morte…
Esses são dois volumes bem importantes para a série e estamos nos encaminhando para o clímax. São iniciados os preparativos para o confronto com a nave Mass Union grande e tudo parece ir numa boa até que não está mais. Neste volume 13, logo no começo, Nagate e Tsumugi precisam lidar com um provável acidente quando o dispositivo de conversão semiautônoma parece que vai cair dentro da estrela Lem e Nagate precisa segurar a enorme estrutura. Logo depois, um grupo de novos pilotos segue em uma missão-teste para destruir um pequeno gauna preso dentro de um asteroide. Tudo parece sob controle até que a impulsividade de um dos pilotos resulta em um desastre e uma perigosa missão de resgate. No final deste volume, a capitã Kobayashi dá ordens para desmembrar a quimera Kanata, um problema que eles precisavam resolver. Só que o problema decide se tornar um problema maior quando a quimera se torna consciente mais uma vez e, aparentemente, não pode ser detida. No meio de tudo isso, Nagate toma sua decisão! E ela é mais imprevisível do que parece...
Metade dessa edição se passa no espaço então a arte do Nihei acaba precisando ser mais dinâmica do que o normal. Embora ainda ache que o nível da arte caiu um pouco pelas necessidades de publicação, tanto aqui como no próximo volume, Nihei dá uma melhorada se concentrando nos seus pontos fortes. Gostei de como ele foi para o não-convencional nas cenas desse volume em específico. O combate contra o gauna no asteróide é muito interessante porque ele subverte algumas situações típicas de resgate. Sem falar na situação claustrofóbica pela qual o Nagate passa no interior do asteroide. Do meio para a frente, durante o momento entre Tsumugi e Nagate, Nihei capricha no visual aéreo da lateral de Sidonia e nos bairros antigos da nave. Uma mescla de coisas abandonadas e visual tecnológico. Isso sem mencionar no poder das composições de quadro, de forma a dar um impacto emocional para os personagens envolvidos. E esse segundo ponto é importante para o roteiro aqui.
Começando por Tsumugi, desde a edição passada que a nossa querida quimera começa a questionar sua própria existência. E está apaixonada por nosso personagem principal tonto. Ela precisa lidar com o fato de que não é uma criatura humanóide e mede mais de dez metros de altura. Como se relacionar desse jeito? Ela tenta se conformar com isso ao mesmo tempo em que seu coração se parte em pedaços com a perspectiva. Durante o acidente do sistema de conversão em que ela precisa realizar uma manobra perigosa, ela se questiona se sua vida tem mais sentido do que ser uma simples arma biológica. Ou seja, Tsumugi se humanizou muito mais ao conviver com Nagate, Shinatose, e os outros. É legal até ela brincando com os demais pilotos. Só que esse sentimento que ela tem é algo que ela vai precisar lidar e encontrar forças para continuar vivendo. E talvez somente a ajuda de outros pode resolver algo. Achei curioso o caminho escolhido pelo Nihei e quero ver aonde vai dar. Até porque a frase de algumas das pessoas com as quais ela convive é a de que eles sentem carinho por ela sendo ela quem é.
A Sidonia precisa de mais pilotos prontos para o confronto final e isso demanda encurtar o treinamento deles. Colocá-los em missões menores para fazer com que eles aprendam com a experiência. Só que isso vai causar problemas. É inevitável. A inexperiência acaba colocando dois pilotos em risco por causa de impulsividade. Algumas lições valiosas, às vezes são aprendidas através do medo. O medo de morrer, o medo de ser consumido por uma criatura alienígena estramha. Na Sidonia, Nagate, em um dia de folga, acaba precisando ser acionado para resolver os problemas alheios. E é uma missão para a qual a Tsumugi nada pode fazer para ajudar aquele que ela ama. E é assim que a enorme quimera sente o mal de estar impotente pela primeira vez.
No fim desse volume, Kanata volta a aparecer mais uma vez. Desde os últimos volumes que a capitã Kobayashi, a engenheira Sasaki e a doutora Yure ficaram de encontrar uma alternativa ao poder destrutivo da nova quimera. Tendo conseguido esse feito com o sistema de conversão, é hora de se livrar dessa quimera incontrolável. E é aí que os segredos que a capitã vinha mantendo são revelados, o que pega muita gente de surpresa inclusive sua vice-capitã. É óbvio que uma criatura sofisticada como Kanata não vai aceitar simplesmente ser eliminada dessa existência e se inicia um combate entre ela e os guardiões. Quando as coisas começam a se complicar mais ainda, outro erro de Kobayashi vem para assombrá-la. E é esse erro que vai nos levar no caminho para os momentos finais. Estava na cara que desde o golpe dado pela Kobayashi, em algum momento as coisas começariam a ficar complicadas para o lado dela. É impossível tocar a Sidonia com esse modus operandi. Principalmente quando existem vários interesses em jogo. O que a capitã não contava é que todos eles explodissem ao mesmo tempo.
E o volume 14 nos introduz um novo inimigo. Temos o retorno de um problema ligado à capitã Kobayashi que vai interferir na missão contra a Mass Union grande. E a gente retoma o enredo do Conselho Imortal. Kobayashi conversa com Nagate e revela para ele a verdade sobre o seu passado. Mais do que isso, percebemos nela um certo cansaço após séculos de vida em que ela não conseguiu avançar muito em seus objetivos. Kobayashi tinha um enorme carinho pelo avô do Nagate e era uma pessoa diferenciada a quem ela deve muito do seu caráter e personalidade. Nihei discute essa questão da imortalidade novamente em uma espécie de conselho consultivo perene e secreto dentro do Sidonia. A inovação e a criatividade versus a permanência e a estagnação. Chegamos nesse estado de coisas porque houve uma ociosidade na maneiro como os membros do conselho pensaram o futuro da humanidade. O confronto com os gaunas não fez a humanidade avançar, somente agora com a presença do Nagate e da existência da Tsumugi é que foi possível pensar fora da caixa para solucionar as questões. Lembremos que Nagate não fazia parte da tripulação, não foi doutrinado pelas regras de Sidonia. Vivia à margem.
Temos o início do combate contra a Mass Union e a arte está bem legal para um negócio que é um caos de naves e criaturas biológicas insanas. Gostei das soluções artísticas inesperadas para o combate que se revela frenético em mais de dois terços do mangá. Nihei está no máximo de sua piração criativa, sem mencionar a nova quimera que tem um visual bem badass. Uma mistura de elegância e um design mortífero. Parece algo saído dos piores pesadelos da tripulação da Sidonia. No quesito ação, os movimentos estão bem coreografados e acho legal que o autor pensa de forma tridimensional. As naves elas não se mexem só para trás e para frente, mas existe uma escala de movimento lateral. É possível visualizar o plano tridimensional e o posicionamento das mesmas. Contudo, ainda tem momentos com uma arte mais no lápis sem arte-final. De vez em quando, principalmente em cenas de interior, o autor opta por esse design. Não sei se é para economizar tempo ou se é estilo. A quadrinização está boa e eficiente com momentos de splash pages espalhadas por todo o volume. Por se tratar de uma guerra em grande escala, esses momentos se tornam necessários para mostrar o escopo do que está acontecendo.
Nagate acaba ganhando uma posição de bastante relevância na Sidonia e a gente vai vendo o resultado das ações dele nos primeiros volumes. Sidonia vai chegando ao seu final costurando os mistérios, amarrando as histórias e evoluindo os personagens. Já estou em ritmo de despedida com a série e curtindo demais as surpresas que o autor aprontou para nós. Algumas das soluções que ele colocou foram meio que inesperadas. Quebraram clichês. Não quero entregar tantas coisas para apresentar um balanço final da série na próxima resenha. O importante é que como leitor de ficção científica, fiquei satisfeito com o resultado. Espero que o final seja condizente com a trajetória da série.
Ficha Técnica:
Nome: Knights of Sidonia vols. 13 e 14
Autor: Tsutomu Nihei
Editora: JBC
Tradutor: Denis Kei Kimura
Número de Páginas: 190 cada
Ano de Publicação: 2017 (vol. 13) e 2018 (vol. 14)
Outros Volumes:
Vols. 9 e 10
Vols. 11 e 12
Link de compra: