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Foto do escritorAmanda Barreiro

Resenha: "Meio Mundo" (Mar Despedaçado #2), de Joe Abercrombie

Atualizado: 19 de mai. de 2019

Thorn Bathu vê seu destino se alterar na ponta de uma espada de treino e se vê condenada a morte. Jurar lealdade a Yarvi foi sua única salvação do apedrejamento, mas também foi o início de todas as reviravoltas que sua nova vida lhe trouxe.


Sinopse:


Os tolos alardeiam o que vão fazer. Os heróis fazem.

Thorn Bathu não é uma garota comum. Mesmo tendo sido criada numa sociedade machista, ela vive para lutar e treina arduamente há anos. Porém, após uma fatalidade, ela é declarada assassina pelo mesmo mestre de armas que deveria prepará-la para as batalhas.

Para fugir à sentença de morte, Thorn se vê obrigada a participar de um esquema do ardiloso pai Yarvi, ministro de Gettland. Ao lado dela se encontra Brand, um guerreiro que odeia matar, mas encara a jornada como uma chance de sustentar a irmã e conquistar o respeito de seu povo.

A missão dos dois é cruzar meio mundo a bordo de um navio e buscar aliados contra o Rei Supremo, que pretende subjugar todo o Mar Despedaçado. É uma viagem desafiadora, em que Brand precisa provar seu valor e Thorn fará o necessário para honrar a memória do pai e se tornar uma verdadeira guerreira.

Guiando os personagens por caminhos tortuosos em busca de amadurecimento e redenção, Joe Abercrombie mais uma vez nos maravilha com uma história grandiosa, que se sustenta sozinha por seu vigor, mas também dá continuidade à saga de Gettland e Yarvi. Finalista do prêmio Locus, Meio Mundo deixará o leitor na expectativa do desfecho desta série épica.


Joe Abercrombie se supera mais uma vez


Alerta: Pode conter spoilers. Recomendamos a leitura de Meio Rei antes de prosseguir.


Joe Abercrombie não se cansa de inovar e nos surpreender. Investir em um personagem durante o primeiro livro, Meio Rei, e mudar o foco para uma nova protagonista sem uma história de apoio anterior é, no mínimo, ousado. E, assim, ele nos joga direto no quadrado de treinos com Thorn Bathu, sem preâmbulos, sem justificativas. Bem ao estilo Abercrombie.

A forma como ele costura a história de Thorn à do Yarvi e tece cada ligação, cada pequeno detalhe que se poderia ter imaginado sem importância no livro anterior e cria uma consequência, um desdobramento, uma ponte com a narrativa atual é um trabalho de mestre. Um conselho que dou nesse ponto é não deixar passar muito tempo entre a leitura dos dois volumes da trilogia porque cada referência bem aproveitada só engrandece a trama.

Algumas situações e personagens que pensávamos que não veríamos mais em decorrência dos eventos do final de Meio Rei, e até mesmo aqueles personagens que foram apenas brevemente mencionados, revelam-se peças com papéis relevantes e muito bem planejados no cenário geral do Mar Despedaçado. A evolução da escrita de Abercrombie, não só na trilogia, mas como autor em geral, é um ponto indiscutível. É preciso muito talento e segurança para dar reviravoltas tão ambiciosas e retomar o equilíbrio da história, especialmente em um livro com uma proposta Young Adult de poucas páginas.


“O momento em que você fizer uma pausa será o momento da sua morte.”

A sensação é a de que Abercrombie começou Meio Rei de forma mais contida, testando um novo território de escrita, um novo gênero, e foi sentindo-se cada vez mais em casa para entregar uma continuação autêntica em cada xingamento, ainda que fiel à faixa etária proposta. Se a trilogia começou bem, e disso não há dúvidas, é em Meio Mundo que ela se consolida e mostra o seu melhor.

Pouco tempo se passou entre o primeiro e o segundo volume, mas foi tempo suficiente para vermos Pai Yarvi, o novo ministro do rei Uthil de Gettland, transformar-se de um menino aleijado meio chorão em um homem endurecido pelas tramas políticas. O reino, inclusive, passa agora por uma crise ainda mais grave com os inimigos vasterlandeses após os conflitos em Meio Rei, e Yarvi precisa desesperadamente encontrar uma forma de resistir ao cerco comercial imposto pelo Rei Supremo. Thorn aparece como uma nova variável, um presente amargo do destino que precisa ser pacientemente moldada aos propósitos do ministro. Thorn foi declarada assassina e condenada à morte por apedrejamento pelo próprio rei e nada compra a gratidão e um juramento de lealdade como a salvação da morte certa.

Muito se discute sobre “lugar de fala”. Um homem escrevendo sobre uma personagem feminina, uma mocinha, sempre levanta algumas questões e confesso que eu mesma fiquei curiosa, até um pouco temerosa, do que eu encontraria na protagonista que o autor apresenta em Meio Mundo. Sim, ele sabe criar personagens ótimos, verossímeis e carismáticos, mas a julgar pelas suas criações mais marcantes... quase todos são homens. E isso nos leva a Thorn, um verdadeiro espinho no mundo. Ela é uma jovem raivosa vivendo em um mundo sexista onde as divisões de tarefa são bem claras: homens são guerreiros, mulheres são donas de casa, mães, artesãs, mercadoras até, mas jamais pisam no campo de batalha.

A questão é que Thorn é exatamente o que uma garota deveria ser: independente, forte, corajosa o suficiente para desafiar o mundo inteiro a dizer que ela está errada, e se provar certa. Meus temores se mostraram infundados e eu me peguei apaixonada por essa criatura desbocada e rabugenta, que capítulo a capítulo vai mostrando camadas de personalidade bastante reais e profundas, com os problemas de sempre de todo adolescente, mas também com uma necessidade insaciável de se fazer notada pelo mundo, de se mostrar capaz, forte, uma guerreira digna das canções.


O mundo de Mar Despedaçado se amplia e acompanhamos Yarvi e sua nova tripulação - Thorn, Brand, entre outros que vocês precisarão conhecer, em uma longe viagem até o Império do Sul para tentar assegurar uma aliança. Paredes de escudo, magia élfica perdida no tempo desde a fragmentação da Divindade Única, artefatos mágicos e um bocado de lutas surgem ao longo da narrativa e vamos adentrado um pouco mais nesse universo. A motivação religiosa é um ponto interessantíssimo, uma espécie de guerra pela divindade certa a se cultuar, além da questão econômica como plano de fundo, que nos dá um entendimento maior de como funcionam as sociedades da história, sempre seguindo a mesma linha concreta e realista tão característica do autor.


“– Não sou como uma garota deveria ser. Ou uma mulher. Nunca fui.”

Os personagens secundários são bem trabalhados, ainda que não tão explorados, mas alguns do primeiro livro ganharam maior profundidade, como o próprio Yarvi e a rainha Laithlin, que se mostra outra mulher fortíssima na trama, sábia, afiada como uma lâmina, dona do próprio reino. Meio Mundo prova que mulheres de todos os tipos, de rainhas a negociantes, de ferreiras à jovem imperatriz do Sul, podem dominar uma fantasia de qualidade e competir em pé de igualdade com qualquer homem da trama. Abercrombie criou uma história sobre a força feminina em um contexto sexista e eu o agradeço por isso.

Meio Mundo é uma história de guerra e intolerância, uma trama sobre mulheres que alcançam seus objetivos e provam que quem decide seu lugar na sociedade são elas mesmas, a despeito de qualquer obstáculo. Sobretudo, é uma evolução natural e impressionante de Meio Rei, com um sem-fim de reviravoltas sólidas aliadas a uma escrita ágil e viciante. Sabe aquela conversa boba de que Young Adults são livros rasos para adolescentes? Esqueça, garanto que você vai mudar de ideia.


“Ela soltava fogo pelas ventas e cuspia relâmpago. Ela era a tempestade, sempre em movimento. Era a Mãe Guerra em carne e osso.”


Ficha técnica:


Nome: Meio Mundo Autor: Joe Abercrombie

Tradução: Alves Callado Série: Mar Despedaçado vol. 2 Editora: Arqueiro (no Brasil) Gênero: Fantasia Número de Páginas: 368 Ano de Publicação: 2017 (no Brasil)


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