A chegada à cidade de Ravenna coloca Maika e Kippa em uma situação desesperadora com as tropas da Federação Humana chegando para aniquilar os Arcanics. Tem início a Guerra de Ravenna.
Sinopse:
A guerra há muito temida entre a Federação e os Arcanics está prestes a explodir. Maika deve escolher bem seus próximos passos: ajudar seus amigos ou atacar a todos por conta própria?
ATENÇÃO: Tem spoilers de volumes anteriores!!
O conflito entre humanos e arcanics finalmente explodiu. O bombardeio da cidade humana de Aurum no volume anterior inflamou o espírito dos humanos que decidiram retaliar. Esse bombardeio foi um acidente de percurso, mas o clima tenso em que os dois grupos se encontravam iria acarretar isso mais cedo ou mais tarde. Bastava uma fagulha. Logicamente que por trás desses "acidentes" está a Corte de Sangue liderada pelo pai de Maika que deseja tacar fogo em tudo. Como sempre, Maika está no meio do tornado e acaba indo parar em Ravenna, epicentro do conflito entre humanos e arcanics. Enquanto ela fugia da cidade sitiada, ela acaba devorando alguns soldados amotinados sem se dar conta disso. A capitã do navio desembarca Maika em Ravenna ao lado de Kippa e Corvin. O interesse de Kippa é pelos seus companheiros refugiados que parecem ter chegado a Ravenna. Só que Ravenna está sendo sitiada por um vasto exército humano estacionado nas florestas próximas. Toda a população de Ravenna se desespera e a chegada das bruxas de Cumaea só pioram a situação.
Esse é um volume bem sangrento. Para quem queria ver as coisas pegando fogo, a ação é ininterrupta do começo ao fim. Ao mesmo tempo, Marjorie Liu nos mostra uma guerra cruel e injusta, onde métodos terríveis são pregados para assustar os dois lados do conflito. Maika, por um lado, não fica para trás e emprega toda a sua experiência como aluna de guerra para usar todo o tipo de jogos mentais contra o adversário. Sem entregar muito, basta falar que ela pendura inimigos em árvores usando as suas vísceras. De outro lado, os humanos empregam as bruxas de Cumaea, que não víamos desde o primeiro volume. Elas voltam em toda a sua glória e ficamos conhecendo de onde vem o seu verdadeiro terror: a capacidade de roubar a alma dos arcanics. Isso é demonstrado em um rápido flashback onde Kippa se recorda de seus companheiros sendo atacados pelas bruxas. Uma cena terrível que deixou marcas profundas nela.
Por falar na Kippa, esse é um volume chave para ela. Desde as edições anteriores que vemos a autora se voltando para aprofundar a personagem lhe dando mais e mais camadas. A bondade de Kippa é uma de suas virtudes, mas ela acaba se metendo em várias confusões e piora algumas situações por conta dela. Já vimos que Kippa se tornou alvo dos inimigos de Maika na edição anterior ao tentar encontrar seus compatriotas; nessa edição uma boa ação da personagem vai provocar uma piora na guerra em Ravenna. Isto coloca a personagem a pensar sobre como ela deve proceder. A gente fica preocupado que estes reveses façam com que a personagem mude o seu jeito de ser. E essa bondade da Kippa é que equilibra os impulsos violentos de Maika. Como já disse em outras resenhas, as personagens se complementam.
Maika se encontra também em uma encruzilhada já que Zinn passa por alguns problemas emocionais. Vimos que Zinn começou a ser atormentado por uma projeção da Imperatriz-Xamã, a ancestral de Maika que foi a primeira hospedeira do deus. Se é um resquício do espírito dela, uma criatura que está empregando a sua forma ou simplesmente uma alucinação a partir da culpa de Zinn não sabemos ainda. Mas, algumas respostas serão reveladas nessa edição. O que chama a atenção é que Maika mudou sua postura. Se antes ela era uma kamikaze, se colocando em situações que certamente seriam fatais para ela, agora teme por sua própria vida. A relação que ela formou com Kippa a fez olhar para sua própria existência com outros olhos. Maika tem um objetivo e isso dá ela força e vulnerabilidade. Tem uma cena tocante nessa edição que mostra muito da nova posição da personagem e sua relação com Kippa.
Também temos revelações sobre o desastre que aconteceu na cidade de Constantine, um dos primeiros conflitos diretos entre humanos e arcanics. Um cenário terrível onde os humanos não se importavam quem estavam matando. Se era adulto, criança, velho ou mulher, pouco importava. Nesse cenário violento, Tuya e Maika desenvolvem a sua conexão uma com a outra. Vemos o quanto Tuya ama sua companheira, uma relação de fraternidade que vê sendo ameaçada por humanos que disparam suas armas impiedosamente contra elas. No meio de tudo isso, surge um deus vindo do céu. Uma figura assustadora e assombrosa, destruindo a tudo e a todos. Tuya parece ter mais informações do que deixa transparecer, mesmo ainda criança. E quando algo acontece a Maika, só resta a ela lamentar pelo destino cruel que se coloca entre elas. No presente, Tuya e a Comandante representam a Corte do Alvorecer e a Corte da Aurora, respectivamente. Se casaram por conveniência, como uma forma de buscar unir os esforços e poderes das duas irmandades em prol de seus interesses. Mas, elas representam dois lados de uma moeda. A Comandante deseja saber o que aconteceu em Constantine, um acontecimento que volta à tona após muitos anos. E Zinn se tornou uma busca obsessiva. Ela é uma personalidade abrasiva, que prefere o confronto direto com força total. Já Tuya é a estrategista. Suas táticas envolvem a traição e a sutileza, algo que a Comandante prova nesse volume após uma ação ousada de Tuya. E a Baronesa da Corte do Alvorecer deseja destruir Zinn a todo custo, mesmo ela sabendo em quem Zinn está hospedado. O encontro futuro entre Tuya e Maika se aproxima explosivamente no horizonte.
A edição também se dedica a falar de Corvin, um membro da Corte da Aurora que tem questionado a sua missão. Ele fora enviado para matar Zinn e seu hospedeiro, mas desde que se envolveu com Maika, seus objetivos mudaram. Ele chega em Ravenna onde sua irmã Bettani se encontra. Depois de se separar de Corvin, ela se estabeleceu como médica na cidade, cuidando dos feridos e doentes. Ficamos sabendo um pouco mais sobre o passado do personagem e em o quanto ele ama sua irmã. Quando a Comandante entra em contato com ele, vemos um Corvin que não sabe o que fazer mais. Mas, de uma coisa ele está certo: ele não deseja ferir a Meio-Lobo. Maika se tornou uma parte essencial de sua missão, não para ajudá-la em seu caminho rumo à destruição, mas se redimir de um passado reprovável. O que isso vai significar, veremos nos próximos volumes.
O Quadrinho em 1 Página:
A arte da Sana Takeda continua incrível, e ela tem feito várias experimentações artísticas nos últimos volumes. Seja modificando a sarjeta e incorporando-a ao quadro, seja detalhando o cenário ao fundo. Escolhi essa imagem acima para mostrar o quanto a escola oriental influencia e muito em seu trabalho. Temos uma passagem de ação para ação em que a artista usa o quadro principal como veículo para demonstrar o poder de Maika. O quadro todo funciona como um instante parado no tempo em que os outros personagens reagem à ação que se desenrola no quadro maior. Vejam também a preocupação da Sana com os detalhes do visual da protagonista mostrando como ela e Zinn estão conectados. Seu braço esquerdo foi totalmente tomado pelo espírito de Zinn e vemos a forma amorfa do deus se unir ao visual dela. Notem também os detalhes nos cabelos e na roupa. Minha reclamação neste volume é que eu achei a arte um pouco granulada e com uma palheta escura demais, prejudicando em parte a leitura. Esse foco em tons escuros tirou a clareza em algumas cenas espalhadas pelas cinco edições. Em compensação as cenas de guerra estão lindas em sua violência.
Ficha Técnica:
Nome: Monstress vol. 5 - Warchild
Autora: Marjorie Liu
Artista: Sana Takeda
Editora: Image Comics
Número de Páginas: 144
Ano de Publicação: 2020
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