Mulheres na Luta traça as batalhas e conquistas femininas ao longo dos últimos 150 anos, desde os primórdios do movimento feminista até os dias atuais.
Sinopse
O movimento feminista em quadrinhos, para jovens e adultos. Há 150 anos, a vida das mulheres era muito diferente: elas não podiam tomar decisões sobre seu corpo, votar ou ganhar o próprio dinheiro. Quando nasciam, os pais estavam no comando; depois, os maridos. O cenário só começou a mudar quando elas passaram a se organizar e a lutar por liberdade e igualdade. Neste livro, Marta Breen e Jenny Jordahl destacam batalhas históricas das mulheres ― pelo direito à educação, pela participação na política, pelo uso de contraceptivos, por igualdade no mercado de trabalho, entre várias outras ―, relacionando-as a diversos movimentos sociais. O resultado é um rico panorama da luta feminista, que mostra o avanço que já foi feito ― e tudo o que ainda precisamos conquistar.
Luta sem Fim
O momento não poderia ser mais propício para debatermos o movimento feminista. Acabamos de comemorar uma data histórica e emblemática para as mulheres de todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher, data essa marcada pelo sofrimento de muitas mulheres que reivindicaram direitos sociais e trabalhistas mais igualitários. Sempre associadas ao lar e à maternidade, as mulheres precisaram sair de sua concha, do refúgio familiar e da condição de coadjuvantes para entender seu pertencimento a um mundo também habitado por elas.
Mulheres na Luta: 150 anos em busca de liberdade, igualdade e sororidade traça a história dos primeiros passos do movimento feminista até os dias atuais. Ele perpassa temas femininos bastante relevantes, como o direito ao voto, ao trabalho, à propriedade. Todos eles marcaram o início da luta das mulheres, até situações muito atuais e polêmicas (tão polêmicas quanto o voto feminino foi um dia), como o assédio sexual e o aborto.
Dividido em partes temáticas, as autoras Marta Breen e Jenny Jordahl preocupam-se em familiarizar o leitor com o feminismo, seu conceito e surgimento histórico. Elas vão gradualmente mudando o tom da narrativa ao falar da evolução do movimento e apontar eventos críticos e decisivos para a conquista dos direitos das mulheres.
A HQ tem uma postura didática e procura condensar e simplificar mais de um século de acontecimentos para atingir diversos públicos, o que é ótimo, mas também um pouco problemático em alguns trechos. Por não se aprofundar, vários pontos são deixados de lado e a cronologia acaba ficando levemente confusa. O que prejudica ainda mais a questão temporal na narrativa é a história ser contada pelo ponto de vista norte-americano e europeu e, salvo dois pequenos momentos com importantes referências à luta feminina no oriente, sendo um deles dedicado à Malala, o quadrinho acaba não ecoando a luta das mulheres de outras regiões.
A arte é muito boa, com tendências cartunizadas e monocromáticas, com predomínio de uma única cor para cada parte da narrativa. O visual é limpo, minimalista e ajuda a transmitir o enredo, sendo este bastante direto. Gosto muito de como grandes mulheres, responsáveis, cada qual em sua parcela, pelo sucesso da empreitada feminista, são retratadas com ilustrações de página inteira. Também destaco a importância das cores escolhidas para cada trecho narrativo, com tons mais dramáticos completando a carga emocional de certas passagens. Tudo é muito simples, mas é de uma simplicidade funcional, clara e objetiva.
Além de toda a abordagem histórica, Mulheres na Luta traz muitos questionamentos social e politicamente relevantes. A parte “A Luta pelo Próprio Corpo”, por exemplo, abordando a Revolução Sexual, com a descoberta da pílula anticoncepcional, retrata o que é ainda hoje um enorme tabu feminino. O corpo feminino continua sendo visto como propriedade, constantemente vigiado e julgado. A questão LGBT também se faz presente no quadrinho, assim como várias discussões atuais.
Mulheres na Luta é um quadrinho fácil e rápido de ser lido e atende bem à proposta de contar a história do movimento feminista e suas lutas, mas principalmente das suas conquistas e sucessos. A narrativa é positiva, otimista e leve, enfatizando homenagens e fortalecendo a imagem empoderada e plena da mulher. Como informativo destinado a todos os leitores, é uma ótima forma de conhecer um pouco mais sobre as reivindicações femininas e celebrar toda a força das heroínas do dia-a-dia.
“Quem não se movimenta, não percebe as correntes que o prendem.” – Rosa Luxemburgo
Ficha Técnica:
Nome: Mulheres na Luta - 150 Anos em Busca de Liberdade, Igualdade e Sororidade
Autoras: Marty Breen e Jenny Jordahl
Editora: Seguinte
Gênero: Não-Ficção
Tradutora: Kristin Lee Garrubo
Número de Páginas: 128
Ano de Publicação: 2019
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Material enviado em parceria com a Cia das Letras
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