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Foto do escritorPaulo Vinicius

Resenha: "Multiverso Pulp vol. 3 - Horror" organizado por Duda Falcão

Uma coletânea onde diversos autores nacionais irão explorar as facetas do horror. Seja uma floresta sombria, uma jovem inocente que esconde segredos terríveis, uma mulher em busca de vingança ou um culto macabro... tudo leva às trevas e à escuridão. Fiquem atentos!


Contos presentes nesta coletânea:


1 - "De volta para casa" de Pablo Amaral Rebello

2 - "A ponte sobre o igarapé" de Simone Saueressig

3 - "A grande geada" de Diego Mendonça

4 - "Lótus negra" de The Wolf

5 - "Arquivo do caso Lurdinha" de Dré Santos

6 - "Carpe noctem, quam minimum credula postero" de Adriana Maschmann

7 - "Eu vejo" de Lu Evans

8 - "Vagalumes de água doce" de Gabrielle Roveda

9 - "Mississipi Delta Blues" de Tarcísio Lucas Hernandes Pereira

10 - "Devorador de mundos" de Duda Falcão


Resenhas:


1 - "De volta para casa"


Autor: Pablo Amaral Rebello Avaliação:




Gerson desperta de um jeito estranho: com insetos querendo entrar por sua boca e preso em um espaço minúsculo. Após alguns momentos de agonia iniciais, ele percebe que foi enterrado vivo. Em sua cabeça, ele pensa que talvez alguém se enganou e o deu como morto após alguma condição médica peculiar. Sua próxima tarefa é tentar sair dessa situação bizarra de qualquer forma. Cavando em direção à superfície com todas as suas forças, ele finalmente alcança a liberdade e se vê em um cemitério. Outras pessoas parecem estar em uma situação semelhante à dele. Terão sido enterradas também por engano? Uma das pessoas a seu lado parece em um estado lamentável: somente a parte de cima do torso parece estar bem. Uma mulher a seu lado também está com uma aparência bem ruim com o rosto bastante desfigurado. Alguns segundos depois uma mãe sai debaixo da terra e mais uma pessoa se junta àquele coro de pessoas desesperadas. Tudo o que Gerson pensa é em voltar para casa... e que ele está com uma fome terrível.


Belo jeito de começar uma coletânea de horror. Pablo faz uma inversão do clichê da história de zumbis para nos contar uma narrativa pela perspectiva de um zumbi. Alguém que ainda não perdeu completamente a consciência e cujos pensamentos se encaminham pouco a pouco para uma visão primitiva de sua existência. A escrita do autor é bem balanceada, embora mais focada naquilo que o protagonista está enxergando ao seu redor (por isso, uma terceira pessoa com toda a cara de primeira). Poucos diálogos marcam a narrativa e é bem isso mesmo. A história não é complicada de entender e o leitor rapidamente saca que o protagonista é um morto-vivo tentando voltar para casa. É um conto que particularmente conseguiu me entreter bastante pela criatividade do autor para algo diferente. E pensando em um personagem com uma ideia bastante simples: rever sua família, as pessoas que ele ama. Ao mesmo tempo, ele ainda não se deu conta de sua nova condição e está para colocar sua própria família em risco.


História simples, direta e eficiente. Além de conseguir ser dramática no ponto certo.



2 - "A ponte sobre o igarapé"


Autora: Simone Saueressig Avaliação:




Dois caminhoneiros estão levando sua carga pelo meio da floresta para chegar a um porto e entregá-la. Só que eles acabam precisando entrar em uma região remota da Amazônia, onde as estradas são péssimas, principalmente para um veículo de grande porte. A dupla tenta levar na esportiva essa descida em uma área difícil de se dirigir, e eles começam a enxergar coisas na floresta que os deixam assustados. Isso porque estar sozinho em uma mata fechada pode se revelar muito perigoso, principalmente por que não sabemos bem o que habita na escuridão. É então que eles escolhem atravessar uma ponte meio degradada que era usada por trens de carga que atravessavam a Madeira-Mamoré. Só que essa travessia vai se revelar mais sombria do que aparenta ser.


Esta é uma história bem direta e que mostra um tipo de causo envolvendo duas pessoas precisando lidar com o sobrenatural que se encontra no desconhecido. O que é esse sobrenatural é um mistério para o leitor e Simone vai brincar algumas vezes ao longo da leitura com o que pode estar espreitando. A escrita é bem tranquila de acompanhar, usando uma narrativa em terceira pessoa, bastante tradicional. Aqui não é preciso inventar a roda, bastando entregar uma história repleta de medo e suspense. A conversa fiada dos dois personagens serve para esconder o receio que eles tem do que pode acontecer a seguir. E a autora consegue criar dois bons modelos de personagem: um mais brincalhão e malandro, que conhece um pouco sobre os mistérios da floresta; e outro mais rabugento, que deseja apenas terminar logo seu serviço e sair o quanto antes dali.


Fica a dica para os autores: para uma história funcionar, nem sempre é preciso inventar mecânicas complexas ou planos mirabolantes. Basta entreter o leitor.


3 - "A grande geada"


Autor: Diego Mendonça Avaliação:




Na cidade de Sorriso, Junior é conhecido por ser um mentiroso. Um garoto na sua adolescência que vive inventando histórias bizarras sobre situações acontecendo na cidade. Uma mulher demoníaca que suga o sangue de um homem; uma família assassinada por conta de uma discussão influenciada por forças sombrias. E agora ele está inventando uma história que depois do Natal, uma terrível geada chegará na cidade. E todos morrerão pelo frio trazido por ela. Ninguém conseguirá escapar. Mas, estamos no Brasil e está fazendo um calor agradável. Todas as pessoas da cidade estão curtindo o início do verão e o fim das aulas. Só tem um problema: Junior está certo. Ele tem o dom de prever o futuro. Mas ninguém acredita nele e o menino passa as semanas tentando curtir ao máximo os últimos momentos de sua vida e a de todas as pessoas ao seu redor.


O autor traz nesta história o mito de Cassandra. A personagem mitológica que era capaz de ver o futuro, mas ninguém acreditava em suas habilidades. O protagonista vive agoniado tentando alertar as pessoas daquilo que somente ele é capaz de ver. Mas, assim como Cassandra, Junior apenas sofre com a impotência de nada poder fazer. Principalmente porque ele é uma criança, e a ele foi imputado o título de louco ou criador de confusão. Vemos ao longo das páginas um personagem tentando lidar com a realidade de um tempo que está prestes a terminar. O terror vem a partir dos dias que ficam cada vez mais exíguos e o personagem sabe que apenas ele tem esse conhecimento. E por mais que tente o tempo não para e a morte está prestes a chegar. Seus sentimentos vão ficando cada vez mais intensos e o desespero vai aumentando. O autor vai nos guiando nesse lento requiem rumo à destruição.


Minha crítica vem no fato de que achei que o conto poderia ter sido um pouco menor até porque essa sensação de impotência e iminência fica patente logo na quarta página. Ficar enumerando todas as vezes que o menino falhou não vai torná-la mais verdadeira. Bastava apresentar uma ocasião. Acho que a narrativa poderia ter brincado um pouco com a possibilidade de o menino estar de fato mentindo. Entendi que a narrativa visava trazer o terror certo de que a morte se aproxima, mas criar a dúvida no leitor serviria para tornar as coisas ainda mais assustadoras. E poderia render uma bela virada narrativa ao final quando o próprio leitor descobriria que o menino estava com a razão.


4 - "Lótus negra"


Autor: The Wolf Avaliação:




Como um demonologista em pleno século XIX, Kristofer Vinter é um homem curioso pelo oculto. Alguém que investiga tais manifestações e procura manter o mundo um lugar seguro para viver. Quando ele recebe o contato de um antigo amigo seu de quando ele vivia na China, Vinter prontamente atende ao chamado. Guo lhe conta que uma jovem donzela foi considerada responsável pela morte de toda a sua família. Mas, a jovem Li-Hua afirma ser inocente e acaba sendo presa pelos moradores da vila. Quando Vinter tem contato com a moça, ele duvida das acusações. Ela parece sincera em suas negativas e o demonologista se vê em um dilema. O que fazer? E mais do que isso: que tipo de criatura terá atacado a família de Li-Hua e colocado a culpa na jovem?


Definitivamente esse é um conto que precisava ter mais páginas. Ter desenvolvido melhor seus personagens para dar espaço para a trama ganhar corpo. O que parece é que The Wolf se inspirou no clichê de O Silêncio dos Inocentes para criar uma trama que colocava Vinter e a moça frente a frente. E o personagem ficava na dúvida da culpabilidade dela ao mesmo tempo em que não sabe se isso representaria uma sagacidade ou não. O que acaba resultado é um enredo conveniente demais que vê um demonologista sendo instantaneamente encantado pela beleza (ou quem sabe outros dons) de uma jovem moça. Em dois dias? Ele não chegou sequer a desconfiar disso? Não investigou como se deu o ataque à família? Achei a narrativa esquematizada de uma maneira muito rápida para atender às limitações de página. A proposta de apresentar um demonologista em um período histórico diferente interessante e a prosa do The Wolf é muito boa. A gente entende rapidamente as motivações do protagonista. Infelizmente a narrativa foi afetada por situações que produziram coincidências e conveniências. Seria legal ao autor retornar à história posteriormente e ampliar o que ele imaginou no começo.


5 - "Arquivo do caso Lurdinha"


Autor: Dré Santos Avaliação:




Essa é a história de um detetive da polícia que foi fundo demais em um caso. Uma investigação que o levou ao lado mais sombrio da alma humana. Um caso de desaparecimento de crianças na cidade de Lurdinha acaba levando o protagonista a um estranho caso envolvendo um homem rico e experiências genéticas ligadas à estética. Um caso de um homem que parecia ter bons antecedentes e uma vida confortável. Uma rede de mentiras que envolve o silenciamento de testemunhas. Esse caso tão complicado coloca a vida do detetive em um declínio terrível com problemas pessoais se somando às dificuldades da investigação. O protagonista se perde no meio de tudo isso e a investigação o leva até um lugar afastado onde ele descobrirá a verdade. Mas o quanto essa verdade poderá afetar o seu cambaleado espírito?


A história é escrita em uma narrativa epistolar em que o protagonista escreve a um ex-colega da polícia todo o ocorrido. Segundo ele, foi uma ideia de seu terapeuta para que ele consiga superar tudo o que lhe aconteceu. Na minha visão, a ideia de uma longa carta escrita não funciona bem. Por exemplo, a Lu Evans conseguiu um efeito melhor em sua narrativa em que a narrativa usava o mesmo dispositivo, mas era contada na forma de um diário. Ainda mais em se tratando de uma narrativa centrada nos dias atuais, ter uma carta específica e longa soa estranho. No entanto, a história funciona bem, e a narrativa é envolvente. É um mistério que vai se desenrolando como um novelo e o autor consegue nos levar. Tem alguns pontos meio complicados e convenientes na narrativa, mas não é nada que atrapalhe o leitor a desfrutar da história. Tem uma bela virada narrativa ao final que é bem gráfica e assustadora.


Achei que o autor poderia ter investido um pouco mais nos problemas pessoais vividos pelo protagonista. Senti que essa ponta ficou meio solta e ela poderia ter sido mais explorada como um complemento a todo o terror que o personagem estava vivendo durante sua investigação. No fim das contas, ela serviu mais para mostrar em que pé estava a psiquê do personagem em um dado momento.


6 - "Carpe noctem, quam minimum credula postero"


Autor: Adriana Maschmann Avaliação:




Depois de uma noite que acabou não saindo como nossa jovem protagonista esperava, ela resolve pegar um carro particular de aplicativo para retornar para casa. Sua paquera a havia alertado de que tinham relatos de casos de violência sexual cometido contra mulheres por um homem que se passava por motorista de aplicativo. A protagonista achou que o cara queria apenas uma desculpa para levá-la para casa e faturar uma noite de prazer e recusou a oferta. Mas, digamos que às vezes as coisas podem acontecer quando menos imaginamos. E foi exatamente isso o que acontece a ela. O que aconteceu a ela? O que será de sua vida?


Esta é uma história de vingança, algo que já vivenciamos várias vezes em filmes e livros. Uma personagem que sofre um nível de violência inimaginável e decide se vingar daquele que lhe causou mal. É uma narrativa de sofrimento e angústia; de perda e de fim da linha. A autora consegue representar todos estes sentimentos de uma só vez e ter uma narrativa de violência sexual sendo descrita por uma mulher é bem diferente por que nos mostra o seu ponto de vista. O que as fere mais; quais as consequências; como elas passam a enxergar as outras pessoas após algo tão difícil de superar. A história possui duas linhas temporais específicas: a vivenciada na noite trágica, que é mais descritiva e narra a situação; e a que se passa depois com nossa personagem narrando a história de uma maneira quase poética em sua obscuridade. Os sentimentos transbordam por ela e ficamos apreensivos quanto ao que ela poderá fazer a seguir. Se bem que pelo estilo da história, a gente meio que imagina o que irá se suceder.


O surpreendente é quanto tempo a autora levou para nos mostrar o lado sobrenatural da história. E aí é que vem a minha cutucada porque achei que a autora ficou em um meio termo sobre adotar ou não o elemento de terror. Em histórias assim, é possível apresentar uma história assustadora sem sequer recorrer a esse lado. Ao mesmo tempo, se existe uma opção pela sua adoção, que abrace como um todo. Mostrar imagens fortes ilustrando a danação da alma e a escolha sem volta. A ideia de um pacto fáustico para conseguir a vingança desejada. Nenhuma das duas coisas acabou acontecendo o que prejudicou em parte a narrativa.


7 - "Eu vejo"


Autora: Lu Evans Avaliação:




A jovem S conseguiu um emprego como acompanhante para uma família rica em uma mansão cuidando de um senhor chamando Blackwood. Um bom trabalho, um bom salário, tudo o que ela poderia querer. Finalmente um pouco de estabilidade em sua vida. Mas, a mansão é um lugar enorme e antigo e o senhor Blackwood é um homem que vive há muito tempo por lá. E conhece todas as histórias e segredos que rondam a mansão. À medida em que S e o senhor Blackwood vão se aproximando mais, ele passa a confidenciar algumas histórias macabras que aconteceram no lugar. Um terrível assassinato, um estranho desaparecimento, uma mulher enterrada viva. O que parecia ser um lugar tranquilo vai se transformando em um local repleto de esqueletos no armário por toda a parte. E S comenta com sua amiga M que ela não consegue mais permanecer no lugar e não sabe o que fazer. E agora?


Essa história é uma homenagem da autora ao ícone das histórias de terror e de fantasia sombria, Algernon Blackwood. Existem vários easter eggs de histórias que ele escreveu como Os Salgueiros ou A Casa Vazia. Até a forma de escrita lembra a de Blackwood, com um foco no estranho e no misterioso. Claro que se trata de uma escrita mais atual, e não possui aquele modelo meio pomposo do início do século XX. A autora consegue construir a tensão que vai escalando a cada momento. E isso é feito através da relação entre o idoso e a protagonista. O que começa como algo mais distante vai se tornando cada vez mais macabro com o homem se tornando mais falante e explicando as ocorrências. A impressão que passa é de que se tratava de um jogo de susto entre os dois personagens da história. E que havia um prazer macabro em atormentar a jovem, em tirá-la de seu lugar de conforto e fazê-la vivenciar coisas que ela não estava preparada para lidar.


A estrutura narrativa é a epistolar, ou seja, com várias cartas sendo remetidas a alguém. Na minha visão, a Lu Evans teve mais sucesso do que o conto do detetive que apresentei acima, simplesmente porque esse tipo de narrativa possui essa perspectiva do crescendo, algo que ela tentou cultivar em sua trama. O ponto fraco da narrativa é o seu final aberto. Entendo que esse é mais um elemento oriundo de sua fonte de inspiração, Blackwood, mas um final aberto, para ser bem sucedido, precisa entregar algo no qual o leitor se basear. Ao longo da história, o terror é mais insinuado do que ilustrado (o que não é ruim). E eu até curto histórias que deixam o terror inominado... só que não é o caso. O que a está aterrorizando? É o velho? É alguma criatura? É alguma coisa em comum das histórias contadas pelo idoso? Deixando a cargo do leitor a criação do que vai suceder não é o melhor formato para essa história em específico. Sem isso, o que ficou para mim é uma história sem conclusão aparente. É uma boa história, mas com um final tão aberto, mas tão aberto que não parece um final.


8 - "Vagalumes de água doce"


Autora: Gabrielle Roveda Avaliação:




Um arqueólogo está realizando uma pesquisa nas profundezas da selva amazônica. É o seu sonho de finalmente encontrar alguma coisa que valide sua carreira. Mas, ele acaba se perdendo de seu grupo e adentrando em uma estranha caverna. Vestígios de uma tribo afastada estão por toda a parte e ele decide explorar. Afinal, ele não precisaria compartilhar a descoberta se fizesse todo o trabalho sozinho, não é? Mas, coisas estranhas começam a acontecer como visões de seu passado e estranhos e fantasmagóricos vagalumes que parecem preencher toda a extensão deste espaço fechado. Terá o arqueólogo a capacidade de sair dessa encrenca na qual ele mesmo se meteu?


Esse é um conto de aventura com elementos macabros, que me lembra bastante os pulps de terror de outrora. Curioso que a autora usou o cenário da mata desconhecida e que esconde horrores além da imaginação. Antes que vocês imaginem, não se trata de algo lovecraftiano, mas algo mais em uma linha aventuresca mesmo. O terror está no desconhecido, no não natural. Ao longo da narrativa a autora parte para um estudo das características psicológicas do personagem, demonstrando o quanto ele é uma pessoa frustrada e que passou por situações bem complicadas no passado. Isso o tornou o homem que ele é hoje, precisando sempre provar sua capacidade. E sem necessidade já que ele possui suas próprias qualidades. Mas, sua insegurança acaba levando a melhor sobre si.


Infelizmente das histórias curtas dessa coletânea, essa foi a que eu menos gostei. Não consegui sentir empatia pelo personagem, considerando ele bastante bidimensional e a aventura em si não é tão interessante frente a outra da coletânea. A autora poderia ter investido mais nos problemas de auto-estima do personagem e investido em uma trama que o colocasse frente a frente com o seu passado ou com as pessoas que o trataram mal no passado. Algo que mostrasse seus fantasmas e colocasse sua vida em perspectiva. Afinal, o medo de nós mesmos e de nossas existências é algo bastante palpável. Ou simplesmente investir em uma narrativa de pura aventura, transformando o personagem em uma espécie de Indiana Jones. E o colocar frente ao inominável. No fim, a narrativa não ficou nem lá, nem cá.


9 - "Mississipi Delta Blues"


Autor: Tarcísio Lucas Hernandes Pereira Avaliação:




Em um contexto da década de 1930 nos EUA, Elmore Sullivan é um garoto negro que trabalha em um bar onde todo o tipo de músicos de blues e fica encantado com as músicas. Mas, sua realidade é outra em um país assolado pela crise de 29 com desemprego e desespero por toda a parte. Só que é impossível não ficar encantado por histórias como as de Robert Johnson, um homem cuja música é tão encantadora que parece sobrenatural. Um dos músicos regulares do bar veio do Mississipi e é alguém ao qual o jovem Elmore tem bastante admiração. Uma noite, ele se despede do protagonista e diz a ele que ele ainda não ouviu o verdadeiro blues. E Elmore se pergunta o que ele quis dizer com isso quando este avisa a ele que em breve ele saberá o real significado, ouvindo algo além de sua imaginação.


É curioso como os dois últimos contos desta coletânea (o de Tarcísio e o do Duda Falcão) me remeteram imediatamente ao conto sobre a música maldita de Erich Zann, uma história talvez menos conhecida da mitologia lovecraftiana. Claro que por motivos diferentes, já que Tarcisio vai beber do encantamento que uma música estranha e fabulosa é capaz de oferecer aos ouvidos incautos. Gostei da associação com o blues, desconstruindo parte dessa inspiração assim como Victos LaValle fez em A Balada de Black Tom. Repensar a existência de uma música, que não de origem clássica, e trazê-la para um período específico da história dos EUA. A narrativa consegue nos mostrar esse estranhamento pouco a pouco enquanto o personagem vai se perdendo em uma nuvem de dúvidas e questionamentos. Aliás, foi uma boa sacada do autor escrever a narrativa em primeira pessoa, dando um dom de mais pessoalidade ao que está sendo contado. Estamos vivenciando suas experiências junto ao personagem. Só achei meio desnecessário começar a narrativa do final, mas foi um truque que o autor quis usar para dar o gatilho inicial na história.


10 - "Devorador de mundos"


Autor: Duda Falcão Avaliação:




Robson é uma pessoa que ama a música, mas percebe que sua vida não irá muito adiante por conta dela. Falta alguma coisa, falta alguma oportunidade. É então que ele conhece uma pessoa que tem um enorme talento com a flauta e acaba se envolvendo com ele. O que começa como uma curiosidade se torna uma parceria entre duas pessoas que curtem o que fazem. É então que seu novo amigo o apresenta ao seu grupo de flautistas, dedicados a se divertirem com o seu talento. Só que seus encontros escondem verdades macabras: este grupo de flautistas possui contato com seres de outras dimensões aos quais eles conseguem se conectar através de sua música. Para isso, eles precisam de oito flautistas e, no momento, eles só tem sete. O que Robson irá ver? Com que tipo de seres eles terão contato?


Duda Falcão adora mexer com o horror cósmico. É uma vertente de sua literatura, principalmente pelo seu vasto conhecimento da literatura lovecraftiana. Então ele vai apostar nesse tema de outras dimensões, de horrores inomináveis que se escondem do outro lado do universo. Já mencionei em outras ocasiões, mas o Duda é uma daquelas pessoas que mais tem pulp na essência de sua escrita. Então ele vai primar pelas descrições bizarras, pelos terrores que ultrapassam os limites de nossa imaginação. E ele entrega esses detalhes com riqueza de detalhes. É curioso como a narrativa começa meio estranha e termina de um jeito que eu duvido que os leitores tenham conseguido prever.


A narrativa pode ser dividida em duas partes: a primeira com o protagonista entrando em contato com esse estranho grupo de flautistas e a segunda que se passa em um lugar além de nossa imaginação. Faltou explorar um pouco mais dessa segunda parte porque o leitor cai de pára-quedas lá e só ficamos observando as coisas acontecerem. Queria entender mais do que se passa nesse mundo, porque aconteceu uma certa virada narrativa na história... mas, conhecendo o Duda, ele deve retornar em breve a esse mundo. É curioso porque até a forma de narrar muda nessas duas metades. Na primeira parte temos uma narrativa simples em terceira pessoa em que observamos os eventos pelos olhos do protagonista; já na segunda, a narrativa tem um tom mais onisciente, explorando tudo o que acontece nesse lugar, para horror dos leitores. No mais, é uma boa história que tem muito de horror cósmico lovecraftiano, mas ao mesmo tempo tem muito de Duda Falcão. Impossível ler e não reconhecer o estilo narrativo.










Ficha Técnica:


Nome: Multiverso Pulp vol. 3 - Horror

Organizado por Duda Falcão

Editora: Avec Editora

Número de Páginas: 164

Ano de Publicação: 2021


Link de compra:


*Material enviado em parceria com a Avec Editora
















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Conversa aberta. Uma mensagem lida. Pular para o conteúdo Como usar o Gmail com leitores de tela 2 de 18 Fwd: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br Caixa de entrada Ficções Humanas Anexossex., 14 de out. 13:41 (há 5 dias) para mim Traduzir mensagem Desativar para: inglês ---------- Forwarded message --------- De: Pedro Serrão Date: sex, 14 de out de 2022 13:03 Subject: Re: Parceria publicitária no ficcoeshumanas.com.br To: Ficções Humanas Olá Paulo Tudo bem? Segue em anexo o código do anúncio para colocar no portal. API Link para seguir a campanha: https://api.clevernt.com/0113f75c-4bd9-11ed-a592-cabfa2a5a2de/ Para implementar a publicidade basta seguir os seguintes passos: 1. copie o código que envio em anexo 2. edite o seu footer 3. procure por 4. cole o código antes do último no final da sua page source. 4. Guarde e verifique a publicidade a funcionar :) Se o website for feito em wordpress, estas são as etapas alternativas: 1. Open dashboard 2. Appearence 3. Editor 4. Theme Footer (footer.php) 5. Search for 6. Paste code before 7. save Pode-me avisar assim que estiver online para eu ver se funciona correctamente? Obrigado! Pedro Serrão escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:42: Combinado! Forte abraço! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:41: Tranquilo. Fico no aguardo aqui até porque tenho que repassar para a designer do site poder inserir o que você pediu. Mas, a gente bateu ideias aqui e concordamos. Em qui, 13 de out de 2022 13:38, Pedro Serrão escreveu: Tudo bem! Vou agora pedir o código e aprovação nas marcas. Assim que tiver envio para você com os passos a seguir, ok? Obrigado! Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:36: Boa tarde, Pedro Vimos os dois modelos que você mandou e o do cubo parece ser bem legal. Não é tão invasivo e chega até a ter um visual bacana. Acho que a gente pode trabalhar com ele. O que você acha? Em qui, 13 de out de 2022 13:18, Pedro Serrão escreveu: Opa Paulo Obrigado pela rápida resposta! Eu tenho um Interstitial que penso que é o que está falando (por favor desligue o adblock para conseguir ver): https://demopublish.com/interstitial/ https://demopublish.com/mobilepreview/m_interstitial.html Também temos outros formatos disponíveis em: https://overads.com/#adformats Com qual dos formatos pensaria ser possível avançar? Posso pagar o mesmo que ofereci anteriormente seja qual for o formato No aguardo, Ficções Humanas escreveu no dia quinta, 13/10/2022 à(s) 17:15: Boa tarde, Pedro Gostei bastante da proposta e estava consultando a designer do site para ver a viabilidade do anúncio e como ele se encaixa dentro do público alvo. Para não ficar algo estranho dentro do design, o que você acha de o anúncio ser uma janela pop up logo que o visitante abrir o site? O servidor onde o site fica oferece uma espécie de tela de boas vindas. A gente pode testar para ver se fica bom. Atenciosamente Paulo Vinicius Em qui, 13 de out de 2022 12:39, Pedro Serrão escreveu: Olá Paulo Tudo bem? Obrigado pela resposta! O meu nome é Pedro Serrão e trabalho na Overads. Trabalhamos com diversas marcas de apostas desportivas por todo o mundo. Neste momento estamos a anunciar no Brasil a Betano e a bet365. O nosso principal formato aparece sempre no topo da página, mas pode ser fechado de imediato pelo usuário. Este é o formato que pretendo colocar nos seus websites (por favor desligue o adblock para conseguir visualizar o anúncio) : https://demopublish.com/pushdown/ Também pode ver aqui uma campanha de um parceiro meu a decorrer. 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