Gou Tanabe adaptou três histórias clássicas de H.P. Lovecraft nesta edição de mangá com desenhos de tons neutros capazes de entregar a aura de horror cósmico das obras originais.
Sinopse:
Três contos do grande mestre do terror, H.P. Lovecraft, são adaptados magistralmente para os mangás por Gou Tanabe. Maldições, estranhas criaturas, espíritos e lendas assombram os protagonistas de “O Templo”, “O Cão de Caça” e “A Cidade sem Nome”.
A importância de Lovecraft pode ser traduzida em vários adjetivos usados por ele ao compor suas monstruosidades. Criou uma mitologia própria e inspiradora a inúmeros autores capazes de estender o terror por meio das adaptações, entre elas a feita pelo japonês Gou Tanabe com “O Cão de Caça e Outras Histórias” em mangá. Publicado em 2014 e trazido ao Brasil em 2015 pela editora JBC com tradução de Edward Kondo, o mangá adapta três contos do mestre do horror cósmico, todos analisados a seguir:
O Templo
O capitão de um submarino alemão, Karl Heinrich, abate uma embarcação britânica. A tripulação pouco comemora e recebe o comando para interceptar outro barco além de despachar o britânico sobrevivente ao mar. Tudo isso não antes do tenente Klenze tomar dele a cabeça de uma estátua feita em marfim. O tenente e o capitão ignoram os avisos de arremessar a peça de marfim ao mar, pouco importando as consequências. Uma explosão destrói os motores do submarino e a tripulação decide se render. Karl contesta, escolhendo um destino pior a todos da embarcação.
Os atos de terror desta história ficam por conta da humanidade, tendo a bala de revólver como remédio contra a insanidade. Contexto e situação moldam a personalidade do capitão e o coloca em teste frente ao insólito capaz de enlouquecer qualquer humano. A história se encerra de repente, deixando os leitores levantarem perguntas quanto ao vislumbramento do capitão. Por outro lado, provoca apenas isso, sem elaborar algum desfecho.
“Ele está chamando com clemência! Enlouqueça também!”
O Cão de Caça
Nesta história o protagonista e seu amigo John são profanadores de túmulos, roubando objetos e crânios dos caixões de cemitério e os acomodando em um "museu" privado e secreto. Sendo moradores de Londres, John descobre informações de um túmulo na Holanda onde jaz o cadáver de quinhentos anos correspondente a um profanador de túmulos do passado. Sobre ele havia a peça de jade com o desenho de um cão de caça com asas. Desde então o protagonista escuta um uivo canino, o indício das sucessões de azar.
Este conto perpetua o sinistro logo pelos hábitos dos dois personagens principais, ao buscar a satisfação da vida em perturbar o descanso dos corpos mortos. Sem dar pistas sobre o ser a assombrá-los, ele apenas age, os provoca e apavora simplesmente pela falta de compreensão dos seus atos, e então causa consequências reais. O protagonista reage sem meios racionais, e assim segue direto ao ponto onde a entidade misteriosa realiza novas ações e revela mais mistérios sobre o cadáver holandês, mistérios perturbadores demais ao protagonista.
“Senhor... Perdoe o nosso ato tolo e mórbido que conduziu nós dois àquele terrível destino.”
A Cidade Sem Nome
O protagonista atravessa o deserto com a companhia apenas do dromedário. Ele encontra as ruínas de uma civilização sem nome, temida pelos Árabes locais. Com informações escassas sobre o lugar, ele descobre os mistérios conforme caminha sozinho. Se depara com construções inconsistentes com as ruínas desérticas dos humanos, pois os recursos existiam apenas em civilizações posteriores.
Tendo apenas o protagonista como personagem, os textos nos quadros representam monólogos do que ele observa das ruínas. Por vezes as imagens também falam por si. Esta história responde às questões levantadas na mesma, revelando características da civilização pertinente dessas ruínas e atormentando o protagonista a ponto de ele apressar a conclusão. Houve ainda um equívoco ínfimo na adaptação: enquanto no mangá a montaria do protagonista é um dromedário, o conto original cita um camelo.
“Não está morto o que pode eternamente jazer. E após eras estranhas, até a morte pode morrer.”
Das ilustrações
Como é típico dos mangás, as ilustrações são pintadas apenas em tons neutros, sem qualquer outra cor. Os inúmero tons entre o intervalo de branco e preto realçam a escuridão e iluminação com precisão, nada atrapalha ao entendimento de cada quadro, exceto nas ilustrações dos templos na primeira e terceira história, os edifícios grandes e ricos em detalhes foram prejudicados ao condensar nos quadros da edição pequena ― cerca de 13x20cm. Certos detalhes dos monstros também são difíceis de visualizar, mas nesse caso faz parte da narrativa original, cujas descrições propõem visuais que desafiam a compreensão humana. Já as feições de cada personagem, estas demonstram bem as reações de horror.
O Cão de Caça e Outras Histórias ilustrado por Gou Tanabe soube fidelizar os melhores aspectos das histórias de Lovecraft nesta adaptação em mangá. As histórias rápidas deste volume se adequam às descrições longas dos contos originais e podem ajudar a quem possui dificuldades em acompanhar os trabalhos escritos de H.P. Lovecraft, cuja linguagem é difícil mesmo entre as publicações publicadas na mesma época.
Ficha Técnica:
Nome: O Cão de Caça e Outras Histórias
Autor: Gou Tanabe
Baseada nas histórias de H.P. Lovecraft
Editora: JBC
Gênero: Terror
Tradutor: Edward Kondo
Número de Páginas: 172
Ano de Publicação: 2015
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