No final desta série, vamos ver como Kate e August vão precisar lidar com os seus próprios demônios quando uma nova ameaça chega à Veracidade.
ATENÇÃO: Tem leves spoilers sobre o primeiro volume.
Sinopse:
Na sequência final de A melodia feroz, Kate Harker precisa voltar para Veracidade e se unir ao sunai August Flynn para enfrentar um ser que se alimenta do caos.
Kate Harker não tem medo do escuro. Ela é uma caçadora de monstros — e muito boa nisso. August Flynn é um monstro que tinha medo de nunca se tornar humano, mas agora sabe que não pode escapar do seu destino. Como um sunai, ele tem uma missão — e vai cumprir seu papel, não importam as consequências.
Quase seis meses depois de Kate e August se conhecerem, a guerra entre monstros e humanos continua — e os monstros estão ganhando. Em Veracidade, August transformou-se no líder que nunca quis ser; em Prosperidade, Kate se tornou uma assassina de monstros implacável. Quando uma nova criatura surge — uma que força suas vítimas a cometer atos violentos —, Kate precisa voltar para sua antiga casa, e lá encontra um cenário pior do que esperava. Agora, ela vai ter de encarar um monstro que acreditava estar morto, um garoto que costumava conhecer muito bem, e o demônio que vive dentro de si mesma.
Todos temos um lado sombrio dentro de nós. Seja um lado violento, que agride as pessoas (com palavras ou fisicamente) ou um lado inseguro (que não sabe que decisões tomar). É muito fácil ceder aos nossos instintos primitivos e agredir a tudo e a todos. Mais difícil é suportar o nosso instinto assassino diariamente. Quando você quer bater no chefe, ou naquela pessoa que colidiu com o seu carro, ou aquele idiota que te assediou moralmente.
ATENÇÃO: Tem leves spoilers do primeiro livro. Não há como fugir porque qualquer coisa que eu fale vai ter uma referência a ele. Leiam por sua conta e risco. Para dar uma colher de chá para os desavisado, só depois da figura abaixo que eu vou soltar spoilers.
O que falar da escrita da Victoria Schwab? Esse é o terceiro livro da autora que passa pelas minhas mãos. Uma coisa é preciso dizer: qualquer livro dela é como se andássemos em um carro de fórmula 1. Veloz, dinâmico e infatigável. Você consegue devorar 100 páginas em menos de uma hora. É a definição perfeita de um livro YA... e um bom livro YA. Então essa característica eu geralmente espero dela quando pego um de seus livros. Outro ponto bem característico da Victoria é a rápida mudança de pontos de vista e os capítulos curtos. Alguns capítulos se parecem com cenas de um filme de ação onde tudo acontece em um piscar de olhos: um momento íntimo, o planejar dos inimigos, o combate furioso. E isso você vê perfeitamente aqui. Por essa razão, optar por um discurso direto e uma narração em terceira pessoa são passos óbvios contribuindo para um todo bem homogêneo.
Porém, nem tudo são flores. Achei a história corrida demais. O primeiro livro também sofria um pouco desse problema. A história toda desse segundo volume se passa em alguns dias. E toda uma estrutura construída para dar o aspecto de melancolia (presente também desde o volume anterior) rui com uma velocidade espantosa. Achei várias pontas soltas que me deixaram com um gosto amargo na boca de problemas não resolvidos. O encerramento se encaixa bem na proposta mais down do livro, com um desfecho reflexivo e que faz o leitor se voltar para dentro de si e fazer um auto-exame sobre a sua essência.
"No começo ele pensa que ela é mais um brinquedo para dar corda e soltar outro fósforo para riscar mas ela já está acesa tão cheia de tristeza e raiva de culpa e medo Quem merece pagar?"
Uma inovação estilística que a autora faz são os capítulos em forma de poema. Eles formam os pensamentos incoerentes da criatura que aparece neste segundo volume. Como ele não é "inteiro", ele não consegue raciocinar de forma concreta. Seus pensamentos são mais abstratos, são quase sensações que ele tem, lampejos da violência que ele provoca em suas vítimas. Gostei demais, mas achei que a autora acabou aproveitando mal a criatura. Por ela precisar encerrar a série em uma duologia, não deu para explorar melhor a contradição que a criatura representa.
Kate e August estão no cerne desse segundo volume. Aquele final em A Melodia Feroz deixou um quê de coisas mal resolvidas e estava na cara que eles iriam se reencontrar. Não é nenhum spoiler eles se reencontrarem. Era óbvio demais. Também era óbvio que eles teriam algum tipo de tensão romântica. Óbvio demais. Me espanta que a autora segurou um pouco a situação para que ela acontecesse naturalmente e não como um impulso para levar a história adiante ou criar um falso problema. Nesse sentido a autora foi feliz. Os dois são pólos opostos que atraem um ao outro. A gente percebe que os protagonistas precisam um do outro desesperadamente. Não importa se como amantes, aliados ou amigos, mas eles se completam e se bastam em si mesmos. Seus problemas são opostos, mas nessa oposição reside a similaridade. August batalha para ser mais parecido com Leo, alguém em quem a FTF pode confiar; já Kate revê os seus princípios e não quer se tornar um monstro completo. A temática deste segundo volume é oposta ao primeiro no que se refere à dinâmica dos personagens.
Um ponto que eu não gostei na narrativa foi o clímax. Porque tudo levava a crer que somente uma revolução poderia salvar todo o impasse entre a Cidade Norte e a Cidade Sul. E o tempo todo os personagens de suporte usam a palavra revolução dando a crer que ela aconteceria cedo ou tarde. Mas, a autora quebra as nossas pernas e nos coloca em algo mais intimista do que expansivo. Aquelas pessoas, aquela cidade precisava de algo explosivo para resolver seus problemas. Entendo que a ideia por trás da duologia nunca foi de dar um final feliz, mas eu senti que a esperança dada foi muito pequena.
Os personagens coadjuvantes quase não tiveram importância nesse segundo volume. Aconteceu o mesmo que no primeiro: a autora esqueceu deles à medida em que movia a trama e se focou mais nos protagonistas. Eu nem me lembrava do Colin; os parceiros do August também não me lembrava. A mensagem que o Henry tenta passar para o August não foi bem trabalhada pela autora. Entendi que a ideia era tornar o sunai em uma inspiração para a continuidade do movimento, mas não foi isso o que eu vi. E Ilsa precisava ter mais espaço de cena. Aquele momento incrível no final acabou tendo um sabor muito mais ou menos justamente por uma falta de trabalho com a personagem. E, para fechar: muitas pontas soltas. Muitas pontas soltas. Demais. Não vou abordar porque aí seria dar spoilers severos.
Enfim, gosto cada vez mais da autora por sua escrita simples e dinâmica ao mesmo tempo em que apresenta ideias interessantes. Porém dos livros que eu li dela até o momento esse foi o mais fraco. Boas ideias, mas muitos buracos na narrativa contribuíram para a história não sair exatamente do jeito que deveria. Mesmo assim, é um livro interessante e que vale a pena ser explorado.
Ficha Técnica:
Nome: O Dueto Sombrio Autora: Victoria Schwab Série: Monstros da Violência vol. 2 Editora: Seguinte (no Brasil) Gênero: Fantasia Tradutor: Guilherme Miranda Número de Páginas: 448 Ano de Publicação: 2018 (no Brasil)
Outros Volumes:
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*Material enviado em parceria com a Editora Seguinte
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