Resenha: "O Garoto do Antiquário" de Franklin Teixeira

A vida de Bruno é repleta de dificuldades. Ele mora longe do lugar onde trabalha, em Copacabana. Mas, ele tem esperanças para o amanhã. Um dia, após uma forte chuva, ele entra em um antiquário para se abrigar do temporal. Mal sabe ele que sua vida irá mudar para sempre.

Sinopse:

Um antiquário em Copacabana é o refúgio perfeito para quem quer fugir da correria — e dos perigos — da cidade do Rio de Janeiro. Mas o que começa como uma simples visita em busca de abrigo da chuva se transforma numa aventura sem precedentes, envolvendo magia, criaturas sombrias… e uma possível oferta de emprego.

O que mais me encantou na escrita do Franklin foi em como ele foi capaz de dar personalidade à história. A narrativa não tem nada de espetacular, chega a ser até meio clichê: um garoto entra em um lugar estranho repleto de artefatos mágicos e descobre um mundo de magia ao ser perseguido por alguma criatura mágica. No começo o protagonista vai ser cético, mas aos poucos ele vai incorporando a magia à sua forma de enxergar o mundo. Mas, o que faz o conto se destacar é a escrita ágil do Franklin aliado a uma ambientação simples de entender e que faz parte do cotidiano de milhões de pessoas. Ser capaz de aceitar o mágico em sua vida vai ser o obstáculo a ser superado pelo protagonista.

Essa foi a sinopse da história e eu nem quero contar muito porque, do contrário, vou acabar falando demais e estragando as surpresas aprontadas pelo autor. Se passar no Rio de Janeiro, em um cenário urbano (que pode ser facilmente transportado para outras partes do país, dependendo da imaginação do leitor) faz com que o conto ganhe um aspecto de familiaridade e compreensão. Além disso, Franklin optou por uma narrativa em primeira pessoa, o que fez com que o protagonista fosse detentor de uma personalidade própria. Essa escrita despojada me encantou e fez com que eu curtisse mais a leitura.

O elemento fantástico é bem aproveitado e apesar de ser um dos pontos principais da história, não é O Principal. No fim das contas, a narrativa é sobre o que Lúcio deseja para si. Diante de uma realidade opressiva, como ele deve fazer para superar as adversidades? E em um cenário onde ele não é capaz de entender, como reagir? O fato de Lúcio ter ido parar no antiquário é sinal de que o personagem está em busca de uma mudança para si. Bem, eu achei que o conto ficou com um pouco de gordurinha no final. A narrativa poderia ter acabado no momento climático, com um epílogo mais simples indicando o que iria acontecer a seguir. Mas, o autor seguiu em frente e temos mais algumas páginas de uma explicação que não precisava estar ali. Esse é meu único porém.