Esta é uma adaptação do prólogo do segundo livro do Mundo de Quatuorian, contando a história de Vorten Mibos, um importante personagem para a trama da série da autora.
Sinopse:
Nas Terras de Vintária, no além-mar ao sul de Quatuorian, o menino Vorten sofre com a indiferença do poderoso pai e com os maus tratos do irmão adolescente. Para fugir dessa rotina, faz pequenas viagens solitárias explorando vilarejos, montanhas e vales nas redondezas. Uma misteriosa força o impele a deparar-se com uma soturna missão, por meio de intuições e revelações malignas. Vorten descobre ser predestinado e parte de algo muito maior que está por acontecer.
Baseada num conto que é o prólogo do volume II da duologia O MUNDO DE QUATUORIAN, a HQ nos mostra a infância de Vorten, motivações e fatos que o levaram a tornar-se o cruel antagonista dessa história fantástica.
O nascimento de um vilão
Esta adaptação em HQ é de um prólogo do segundo livro da série O Mundo de Quatuorian. Nesse prólogo somos apresentados à história de Vorten Mibos em sua infância e como ele veio a se tornar um dos vilões da série de Cristina Pezel. É uma história curta, porém muito boa em apresentar o tom da narrativa da autora, as motivações do personagem e como ele nem sempre foi aquele personagem do livro. O roteiro também serve para mostrar a habilidade da autora em construir um mundo fantástico e interessante, que quebra alguns clichês ao subvertê-los, mesmo mantendo toda uma atmosfera gentil e introdutória para leitores que ainda não conhecem o gênero.
Este é o meu primeiro contato com a arte do Rapha Pinheiro e fiquei impressionado com a qualidade do seu trabalho. E eu até acho que o artista se segurou um pouco para se manter fiel às expectativas pedidas pelo roteiro. Os personagens conseguem nos passar bem suas expressões, seja a violência do irmão de Vorten, o jeito assustado do protagonista ou seu pai cansado e precisando lidar com essa situação em sua casa. A maneira como Rapha trabalha os cenários também merece destaque. Isso porque a Cristina tem uma abordagem bem tradicional (embora ela brinque com algumas coisas aqui e ali) no que diz respeito à fantasia. Ou seja, é aquela fantasia com grandes espaços verdes, vilas e aldeias, reis, dragões... bem inspirado nas narrativas medievais. Mesmo assim, o artista consegue construir algumas cenas bem próprias dele, como a travessia pelo caminho na montanha ou o templo escondido na caverna.
O tema presente na narrativa de O Primeiro é o do encontro com o espírito maligno que subverte a vontade do protagonista. Vorten é um jovem inocente que acaba sendo culpado pela morte da mãe quando ele nasceu (seu parto foi muito difícil). Desde então seu irmão passa a maltratá-lo. A partir de então temos o desenvolvimento do resto da narrativa levando em consideração que o personagem é curioso como qualquer criança de sua idade e acaba se metendo em problemas por causa disso. A narrativa é bem direta e simples, muito da maneira como a autora gosta de escrever sua narrativa. Ela deixa alguns ganchos que serão explorados na história principal. Isso é feito de maneira bastante competente e deixa realmente o leitor com vontade de conhecer mais sobre o mundo que ela criou.
Minha única reclamação provavelmente nem é culpa da Cristina ou do Rapha, mas da gráfica que imprimiu a HQ. Algumas cenas mais escuras da história ficaram realmente muito escuras, impossibilitando o leitor de identificar o que está acontecendo ali. As cores foram ressaltadas demais na impressão com o claro ficando muito claro e o escuro sofrendo o mesmo. No que diz respeito ao claro, sem problemas... Não prejudica. Mas, no escuro, prejudica bastante. As cenas do Vorten explorando a caverna e depois em um espaço onde ele se encontra depois ficou confuso. Ou até as cenas que se passam de noite. Infelizmente acho que nesse sentido, a impressão prejudicou o produto final.
Para quem estuda adaptações de livros para quadrinhos, as últimas páginas são muito legais. Como extra, foram acrescentados sketches e o próprio roteiro decupado. A Cristina foi muito feliz em decidir acrescentar o conto original para que o leitor possa fazer comparações entre o quadrinho e o conto. Dá para analisar quais decisões foram tomadas para compor as cenas ou como determinados elementos da história foram incorporadas à narrativa gráfica. As concessões ou as adaptações. Considero esses pequenos detalhes fundamentais para aqueles que estudam roteiros ou adaptações. Algumas ideias que o Rapha Pinheiro acrescentou à narrativa gráfica foram muito boas para suscitar sentimentos ao leitor, como o acréscimo de um cachorrinho ao lado do pai de Vorten para ilustrar uma cena melancólica. Vale dar uma paradinha básica no final só para conferir essa aula de adaptação e de roteiro.
O Primeiro é uma ótima literatura de entrada para um livro que já é uma literatura de entrada. Indico O Mundo de Quatuorian para todas as idades e se o livro parecer assustador no começo para os jovens, apresentem O Primeiro. Que tal? Pode ser uma ótima maneira de encantar o jovem leitor e levá-lo à série de livros. Já conhece O Mundo de Quatuorian? Maravilha, venha aqui dar uma conferida em como esse trabalho da Cristina e do Rapha ficou lindo. Sério! Vale a pena. Gosta do trabalho do Rapha? Aqui você vai poder continuar curtindo o ótimo trabalho do autor. É uma receita de sucesso total!
Ficha Técnica:
Nome: O Primeiro
Autora: Cristina Pezel
Artista: Rapha Pinheiro
Editora: Pictus
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 56
Ano de Publicação: 2019
Avaliação:
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Link de compra:
*Material enviado em parceria com a autora
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