Um grupo de guerreiros degenerados são colocados juntos com o objetivo de impedir que os portões do Brasseitan se abram. Todos os membros do grupo são formidáveis por si sós. Mas, vão precisar aprender a trabalhar em equipe.
Sinopse:
Romance de estreia do jornalista André Gordirro e volume inicial da trilogia Lendas de Baldúria, Os portões do inferno reúne o melhor da fantasia épica: guerreiros, magos, monstros, fortalezas, cenários fabulosos e combates sangrentos. Tendo à frente um improvável time de protagonistas – verdadeiros párias que, por acaso, ganham a chance de salvar o mundo de uma tropa de svaltares, estranhos e temidos elfos das profundezas –, o livro junta referências históricas e bíblicas a alegorias da sociedade contemporânea e um alto teor de cultura pop. Com origem direta no RPG, o livro é um bem-vindo cruzamento entre Os doze condenados e O Senhor dos Anéis de ritmo ágil, cheio de reviravoltas e com senso de humor apurado.
Algumas vezes eu não gosto desse papel de resenhista. Gosto da parte de apontar pontos fortes e fracos, mas o fato de ter de dar algum tipo de avaliação me incomoda. Isso porque uma leitura é algo muito individual: algo que me agrada pode não necessariamente agradar a você, leitor. O mesmo pode ser dito de algo que eu não gosto. Mal ou bem, nós, blogueiros, somos formadores de opinião. Às vezes um bom livro fica taxado por uma má avaliação. Já volto nesse raciocínio.
Os Portões do Inferno começam quando Regnar lidera um bando de elfos negros (svaltares) em uma jornada para reabrir o Brasseitan e trazer as trevas para o mundo. Dessa forma, os svaltares poderão subir à superfície e enfrentar de frente os seus primos, elfos e derrotá-los. Para impedir isso, um grupo de degenerados formados pelo bardo Od-Lanor, o cavaleiro Baldur, o guerreiro Derek, o chaveiro Kyle, o svaltar Kalannar e o kobold Nabun'dak estarão no caminho. Eles não sabem disso... mas a missão deles envolve o peso deles em ouro (literalmente). Esse grupo foi formado porque o feiticeiro Ambrosius acredita no poder que um grupo especializado tem que um grande exército não possui. Só tem um probleminha: eles precisam aprender a trabalhar em grupo e não se matar no processo.
Uma das grandes qualidades do trabalho de Gordirro é traduzir para o papel a experiência de uma partida de RPG. Me senti em uma mesa jogando dados, encarando aventuras, derrotando monstros e sendo sacaneado pelo mestre no final da partida com menos ouro do que foi prometido no começo. Kobolds, feiticeiros, anões, elfos; está tudo ali. A sensação aventuresca de reunir um grupo de pessoas muito diferentes que precisam aprender a trabalhar em equipe. A ida a uma taverna, as encrencas na cidade. Nesse ponto, Gordirro conseguiu cumprir o que prometeu perfeitamente.
O enredo é simples e bem executado. Não existem plots muito complicados o que serve para trazer novos leitores. Ouvi em alguns blogs críticas ao fato de que Gordirro traz uma história simplória demais. Não concordo com isso; não nesse sentido do enredo em si. Estamos muito acostumados a um estilo martinesco de pensar: todos tem que ser um Tywin Lannister ou um Príncipe Jorg. Nem sempre simplicidade significa mediocridade. O universo literário criado por Gordirro é muito rico e ele explorou apenas uma parte dele. Acredito fielmente que outras regiões proporcionarão novas aventuras. O ritmo da aventura é bem direto, conduzindo os personagens sem criar grandes "barrigas" na história. Mesmo as partes explicativas são bem dosadas.
Gostei de Gordirro ter tocado na questão do preconceito. Apesar de ser um pouco superficial, incomoda um pouco o leitor. A forma como os personagens precisam superar o preconceito acerca de um elfo negro como Kalannar. Aliás, mesmo no final da história o preconceito não é superado. Situações como a de Nabun'dak sendo tratado como uma espécie de animal de estimação são bem estranhas. Achei que seria muito bom se Gordirro tentasse trabalhar esse tema em futuros livros.
O que me incomodou no trabalho de Gordirro foi o fato de eu não ter me surpreendido com o enredo. Não sei, mas o livro não foi capaz de me dar aquela experiência inesquecível que alguns livros me proporcionam. Por isso fiquei muito na dúvida sobre que avaliação fazer da minha leitura. Foi ótima ou apenas razoável? Eu optei pela razoável porque apesar do enredo ser legal, a indiferença é uma das piores reações a se ter em relação a um trabalho. Quando alguém tem uma opinião muito polarizada é sinal de que a leitura produziu algum tipo de sentimento pela mesma. Quando esta não produz, é sinal de que falta algo no âmago da escrita. Entendo o que o autor quis fazer ao criar uma história sem firulas e que vai direto ao ponto. Remete aos autores da década de 80 e 90 que produziam essas jornadas aventurescas que tiravam o leitor do lugar comum. O problema foi a repetição de tropes que já vimos uma dezena de vezes. De forma alguma isso desmerece o trabalho de Gordirro, entretanto, para mim, não foi algo que se tornou parte da minha história como leitor. Foi apenas mais uma leitura divertida de um livro bacana que provavelmente eu vou me esquecer daqui a alguns meses.
Portões do Inferno é uma boa porta de entrada para quem quer adentrar na literatura fantástica. O enredo é bacana e os personagens são bem construídos. Gostaria de ver mais desses personagens e principalmente um aprofundamento de alguns como Derek e Kyle que acabaram ficando em segundo plano. Mas, a história não me proporcionou a emoção de uma aventura épica, ficando apenas em mais uma experiência de leitura. Recomendo uma leitura sem grandes expectativas, apenas para ter algumas horas de boas lutas de espada.
Ficha Técnica:
Nome: Os Portões do Inferno
Autor: André Gordirro
Série: Lendas de Baldúria vol. 1
Editora: Rocco
Gênero: Fantasia
Número de Páginas: 384
Ano de Publicação: 2015
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