Uma patrulha a uma cidade italiana durante a Segunda Guerra Mundial vai levar um grupo de soldados brasileiros a encarar algo realmente inexplicável.
Sinopse:
Há mais coisas entre o céu e a guerra…
Vencedora do prêmio Nova de ficção científica em 1991 e terceira colocada no prêmio Jeronimo Monteiro, Patrulha para o desconhecido narra a história de um encontro extraordinário em meio aos horrores da guerra. A primeira edição digital da noveleta premiada de Roberto de Sousa Causo chega a tempo da comemoração de trinta anos de carreira do autor.
A guerra é um lugar onde os horrores acontecem. Seja na forma das mortes ou das injustiças que se sucedem nos campos de batalha. Roberto de Sousa Causo nos coloca em um dos momentos mais dramáticos da história recente: a Segunda Guerra Mundial. Acompanhamos um grupo de soldados da FEB (Força Expedicionária Brasileira) durante a campanha brasileira na Itália. Os italianos passavam por um momento crítico na guerra e eram os camponeses italianos que acabavam pagando pelas alianças de seus líderes. Estes soldados estão em patrulha em uma região no interior e seguem para uma cidade para verificar a existência de bases nazistas pela região e fazer reconhecimento. Só que antes de chegarem lá, eles são aconselhados a não seguir para a vila que recebe o nome de Cidade dos Malditos. Os solados insistem e ao chegarem lá, encontram algo bem fora do comum.
Estamos diante de uma narrativa curta, porém bem direta. Trata-se de uma história que vai tocar em um tema bem caro na história da ficção científica que eu não vou comentar porque posso acabar dando spoiler ao leitor. A escrita do Causo está bem redondinha aqui e mesmo eu não curtindo tanto o subgênero de ficção militar, a história não se apega tanto a isso. Ela segue mais na linha da exploração de um lugar tomado pela guerra e o quanto esta impactou a vida dos soldados e dos camponeses. Apesar de haver aquelas expressões típicas do jargão militar, dá para entender tudo numa boa e o leitor acaba sendo levado por uma boa história. O autor consegue entregar bem o seu objetivo e não percebi nenhuma ponta solta deixada para trás.
" "É a guerra", pensei, abrigado num último baluarte para onde minha consciência se retraíra. A Guerra, que parece embaralhar causa e efeito, apresentando-nos à loucura."
Um dos temas explorados é o medo do desconhecido. Tememos o que não conhecemos; e quando tememos podemos tomar atitudes que podem fugir um pouco daquilo que acreditamos. E em um cenário de guerra, onde tudo pode ser uma arma a ser usada contra você, há pouco espaço para tentar a compreensão. Mas, quando um grupo de pessoas tenta fazer isso, mesmo em vista de tanta destruição sendo feita perto dali, pode ser que algo positivo surja disso. Causo dá aquela impressão de esse ser um daqueles relatos que ficam na parte menos explorada do conflito, nos "causos" (com todo o perdão do trocadilho) que apenas os soldados conhecem.
Minha única ressalva é no fato de que o autor poderia ter trabalhado um pouquinho mais o espírito de corpo do grupo. Faltou trabalhar como os personagens se relacionam e as características peculiares de cada um. No meu entender, os companheiros do protagonista me parecem mais papéis a serem feitos do que pessoas a serem acompanhadas. Tem o cara impulsivo, o tradutor, o capitão, o parceiro. Faltou profundidade neles e isso daria para fazer em alguns parágrafos extras ou substituindo determinadas cenas. Mesmo assim, a narrativa é muito competente em nos fazer querer terminá-la a todo custo. Só tenho a recomendar aos fãs de ficção científica.
"Vi na expressão paralisada nos olhos de homens a criança indefesa que existia em cada um deles e vi o enlevo bárbaro dos que morriam no jorrar da adrenalina."
Ficha Técnica:
Nome: Patrulha para o Desconhecido
Autor: Roberto de Sousa Causo
Editora: Plutão
Número de Páginas: 74
Ano de Publicação: 2019
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Muito grato pela resenha generosa, Paulo Vinícius. Também ao André Caniato, da Plutão Livros, por resgatá-la das páginas amareladas da "Isaac Asimov Magazine: Contos de Ficção Científica", onde foi publicada originalmente em 1991.