Santuário dos Ventos é sobre o encanto de voar e da restrição disso por princípios tradicionais. Uma garota quer tirar tal regra e proporcionar esta oportunidade a todos, o que pode gerar problemas nem sempre previsíveis.
Sinopse:
George R.R. Martin, autor de “As Crônicas de Gelo e Fogo” e “Wild Cards”, e Lisa Tuttle reuniram seus talentos para presentear o leitor com Santuário dos Ventos, uma obra ambiciosa e emocionante, que, combinando ficção científica e fantasia, chega às livrarias pela LeYa. O romance, ambientado num planeta distante, conta a história de Maris e seu sonho de se tornar um dos voadores, grupo de habitantes mais prestigiado do Santuário dos Ventos. Para isso, recorrerá a tudo que estiver a seu alcance para conquistar as preciosas asas – abalando a sociedade em que vive e gerando uma série de novas questões morais entre os voadores e os “confinados à terra”. Afinal: quem merece ganhar os céus? E até que ponto a benção se torna também uma maldição?
Voar já foi impossível para a humanidade, e por isso virou motivo de sonhos de inventores ancestrais. Muitas tentativas falharam e o conhecimento foi aprimorado até por fim alguém conseguir esta façanha. A tecnologia traz mudanças na vida das pessoas, às vezes nem imaginadas pelo criador como o uso de aviões com recursos bélicos em guerras. Pelo menos hoje o uso mais comum — de transportar pessoas — é acessível a quem tem condições de pagar pela viagem e com segurança garantida. O livro na resenha de hoje também fala sobre o prazer de voar, o problema é restringir a pessoas privilegiadas, onde a herança supera a importância da habilidade. Santuário dos Ventos conta a história do lugar homônimo repleto de ilhas, onde os voadores conseguem transitar com mais segurança em relação àqueles que se arriscam em um mar cheio de criaturas perigosas. Publicado em 1981, a LeYa trouxe este livro de George R. R. Martin e Lisa Tuttle em 2018.
“Os voadores, com suas grandes asas prateadas, eram melhores que qualquer pássaro.”
Maris sonha desde criança em ser voadora, ter direito de usar as asas compridas e prateadas e manobrá-las nos ventos constantes do Santuário dos Ventos. Filha de pescador, ela é apenas mais uma Confinada à Terra, jamais tendo direito de voar como aqueles nascidos de uma família de voadores. A sorte sorri na vida dela quando é adotada pelo voador Russ e começa a treinar com ele como herdeira de suas asas. Isso até a mesma sorte virar do avesso e Russ ter um filho natural com sua esposa.
O meio-irmão de Maris tem direito de portar as asas quando atingir a maioridade. Mais que isso, ele tem o dever de usá-las por conta da tradição dos voadores. O garoto preferiria seguir no talento da música e da composição, Maris percebe que o dilema dele compromete sua própria segurança, pois a falta de interesse proporciona pouca habilidade ao voar e esta é a causa de muitas pessoas morrerem no céu e perder as asas para sempre. Ela vê a necessidade de revolucionar as regras tradicionais sobre quem teria o direito de portar as asas, pois além de satisfazer o desejo de obter as asas reservadas ao irmão, garante a todos os voadores serem competentes ao usá-las e proporciona a oportunidade de qualquer pessoa capaz de provar tal habilidade ter o direito de voar.
“Se os sonhos delas não forem capazes de suportar uma perda, então nunca serão voadoras.”
O livro tem três partes, três episódios fechados na vida de Maris. Demonstra o quanto a protagonista é convicta, sem desistir das próprias ideias e de seu objetivo de tornar o acesso às asas mais justo e democrático. A partir desta concepção, o livro traz várias críticas quanto às medidas tomadas apenas por fazerem parte de uma tradição. O narrador traz a história sob um ponto de vista próximo demais de Maris, exagerando em transparecer os ideais dela e desfavorecendo as visões dos demais personagens, ponto presente em toda a primeira parte.
Já os dois outros episódios de Maris proporcionam mais argumentos contrário às ideias da protagonista, muitos devidos a consequências de seus atos. Novos personagens surgem no romance, cada um tecendo críticas sobre a ideologia de Maris, ou seja, mesmo eles possuindo funções diferentes na narrativa. Estes também têm o papel de se opor aos pensamentos dela pelo menos em algum sentido. Mas, a narrativa íntima e focada em Maris ainda persiste e a faz precisar atravessar os obstáculos que lhes são impostos e participar dos debates ao longo da história.
O livro desenvolve e resolve os conflitos através dos diálogos, esses em grande quantidade e muito bem feitos, capazes de mostrar as consequências horríveis caso falhe na argumentação. Não que impeçam os personagens de sofrerem ferimentos muito graves pelas atividades de voo ou conspirações, proporcionando descrições chocantes de rostos desfigurados e fraturas cujos ossos até escapam da pele — este último recorrente até demais no romance.
Santuário dos Ventos ostenta a capacidade privilegiada de quem manobra as asas neste mundo fictício, desenvolve debates sobre restringir tal benefício apenas por conta da tradição e demonstra o quanto os argumentos podem transformar a política com mudanças a toda população, essas nunca isentas de consequências em diversos tipos.
Ficha Técnica:
Nome: Santuário dos Ventos
Autores: George R.R. Martin e Lisa Tuttle
Editora: Leya
Gênero: Fantasia
Tradutor: Luis Reyes Gil
Número de Páginas: 416
Ano de Publicação: 2018
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