Ross Murdock está sendo enviado a um juiz para ser julgado pelos crimes que ele cometeu. E a saída é ir para um lugar onde ele será recondicionado ou ser enviado junto a um major que o quer para um programa secreto. Ross escolhe a segunda opção achando que vai se dar bem. Mal sabe ele...
Sinopse:
Agentes de inteligência descobriram algo que parece ser além da imaginação, mas a evidência é um pouco controversa: o maior adversário dos EUA no cenário mundial está enviando os seus agentes de volta ao passado! E alguém ou alguma coisa desconhecida em nossa história está dando a eles tecnologias - e armas - muito além da nossa mais avançada ciência. Temos apenas uma opção: criar uma tecnologia de transferência do tempo nós mesmos, acharmos a fonte antiga de nossos inimigos... e destrui-los.
Quando o pequeno criminoso Ross Murdock e o fazendeiro apache Travis Fox esbarram separadamente no projeto secreto de viagem no tempo dos EUA, a Operação Retrograde, eles são colocados diante de um desafio maior do que eles pudesse achar possível. Suas meras presenças significam que eles sabem demais para poder saírem livres. Mas Murdock e Fox possuem uma sede pela aventura e a Operação Retrograde oferece isso aos montes.
Ambos se tornarão agentes temporais, buscando reservas de heroísmo interno que eles nunca imaginaram possuir. Suas jornadas os colocarão frente a frente com o inimigo, desde a antiga Britânia até a América pré-histórica e finalmente aos confins mais distantes do espaço interestelar.
Algumas resenhas são realmente difíceis de serem feitas. Isso porque em algumas oportunidades a leitura não nos agrada de alguma forma. Seja o texto que não bateu conosco ou os personagens que não eram tão interessantes. A leitura de The Time Traders foi assim para mim: a história não me convenceu, os personagens não eram marcantes e eu torcia para que tudo acabasse logo para que eu pudesse iniciar outra leitura.
Andre Norton é um dos ícones da fantasia norte-americana. Uma autora clássica do gênero com centenas de livros publicados. Ela era uma máquina de escrever histórias. Muitos autores famosos cresceram lendo os seus trabalhos e ela já fez parcerias com outros autores que foram fantásticas como Larry Niven, autor de Ringworld. Entretanto, ela não é muito conhecida por seus trabalhos de ficção científica. E o clube do livro que eu participo quis inovar ao não escolher uma fantasia da autora, mas um livro de sci-fi. Foi um completo desastre.
A escrita da autora me lembrou muito um outro autor que eu li há alguns anos: Edgar Rice Burroughs. Aquele estilo meio pulp com um personagem que entra em um mundo novo e através de sua tenacidade e persistência é capaz de superar todos os obstáculos. Pois bem, assim é a história de The Time Traders que é o primeiro volume de sete dessa série. E esse tipo de escrita mais datada já havia me afetado negativamente com Burroughs. Quando eu percebi a similaridade entre os estilos, eu já apertei o cinto para a longa viagem. E realmente ela manteve esse estilo. Os capítulos são curtos e a narrativa é bem direta. O leitor não sente tantas dúvidas porque a história é fácil de pegar. Porém a história parece inverossímil demais. Parece estranho eu pedir verossimilhança em uma história de fantasia ou de sci-fi onde especulamos o que poderia acontecer, mas um autor precisa se preocupar com a construção de muros que sustentem a "física" da narrativa que ele está montando. Se, mesmo para os padrões do mundo fantástico, um evento parece absurdo, isso significa que o autor não apresentou adequadamente o que pode ou não ser feito pelos personagens. Caso contrário, se torna uma história de Lewis Carrol, onde a base é a falta de base, o nonsense.
O protagonista Ross Murdock não possui profundidade alguma. Ele é apenas um prisioneiro que aceitou fazer parte de um programa onde americanos viajam no tempo para lutar contra soviéticos. Parece até o enredo de um filme B da década de 1960. Novamente, entendo o período em que a história foi construída, mas existem muitos livros interessantes deste período que exploram melhor a rivalidade entre EUA X URSS. Eu mesmo resenhei um, O Terceiro Ouvido de Curt Siodmak. Com o passar das páginas a mistura vai aumentando porque a autora decide enfiar alienígenas no meio.
Nem tudo são problemas. A parte que se passa no período antigo é muito bem ambientada. Dá para perceber que a autora fez uma ampla pesquisa sobre os hábitos e costumes de povos antigos. Os personagens precisam se preparar adequadamente para poder se misturar entre os nativos. E o protagonista comete uma série de erros. Com estes erros, a autora consegue apresentar as características os povos, até mesmo a fala dos personagens muda por conta dessa interação com estes povos. As fórmulas para iniciar uma conversa, as superstições e até mesmo a maneira como a religião integra a vida dos Beakers. Ashe, parceiro de Ross, serve como uma espécie de sábio detentor de muitas informações. É aquele que apresenta a época para o protagonista.
Mas, os personagens parecem caubóis do Velho Oeste. Tanto na postura como na maneira em que a autora sempre procura deixar Ross sozinho para resolver as situações. Outra coisa que me incomodou: não existem mulheres na narrativa. Ok, existe uma: Cassca, a velha que representa os anciãos da tribo com a qual Ashe realiza trocas. Mas, uma velha bruxa que só serve para apresentar as superstições do povo. Tanto no lado americano como no lado soviético não existem mulheres cientistas ou mulheres arqueólogas. E eu fico indignado porque é uma autora quem está escrevendo. E ela escreve exatamente como um homem.
Algumas decisões narrativas também me incomodaram horrores. Eu sei que eu vou dar spoilers, mas que se dane, a última parte da narrativa é um chute no meu saco. Uma batalha telepática entre Ross e um alienígena. Andre Norton descreve uma cena inteira em que o Ross está em uma área plana, fazendo cara de sofrência, sem nenhum inimigo à frente por muitas páginas. Umas quinze páginas depois que inicia o combate, aparece o alienígena correndo em direção ao protagonista. QUINZE PÁGINAS DEPOIS. Eu fiquei lendo aquilo sem acreditar. A cena era para ser o clímax da aventura, a batalha final, e ela é chata. Não... chata é uma ofensa às cenas chatas. Terrível, maçante, tenebrosa. Se a autora quis deixar um gancho para que eu continuasse lendo, falhou redondamente. Quero distância desse troço.
Enfim, não recomendo The Time Traders por possuir uma escrita extremamente datada. A pesquisa para a construção da ambientação até apresenta informações interessantes sobre os povos que viveram no período, entretanto, este é o único ponto positivo. Os personagens não são nem um pouco interessantes e não é sequer apresentado o background dos mesmos. Em alguns momentos eles parecem saídos de um filme de bang bang do Clint Eastwood. Algumas escolhas narrativas são bizarras demais o que acaba afastando o leitor de continuar a história.
Ficha Técnica:
Nome: The Time Traders
Autora: Andre Norton
Série: Ross Murdock vol. 1
Editora: Baen Books
Gênero: Ficção Científica
Número de Páginas: 159
Ano de Publicação: 1959
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