Um estranho prisioneiro faz brotar heras de dentro da cela de sua prisão. Stella, filha de Eleanor, segue até essa prisão porque ela tem um estranho pressentimento de que pode ter a ver com algo vindo do mundo feérico.
Continuando a história de A Casa de Vidro, Anna Fagundes Martino nos leva para uma espécie de "segunda geração" dos personagens do primeiro volume. Aqui somos colocados diante de um prisioneiro que tem algum tipo de ligação com o mundo feérico apresentado no primeiro volume. Parece que ele e Stella se conheceram em algum ponto do passado e esse contato com o outro lado fez despertar alguma influência feérica em sua vida. Mas, ele está preso em Belfast e sob o olhar vigilante de toda uma guarnição.
Como eu já comentei na resenha do primeiro volume, eu gosto da escrita da Anna. Ela consegue mesclar muito bem o fantástico com o real criando uma amálgama do qual o leitor fica confuso para diferenciar uma coisa da outra. Aliás, previno logo, não são histórias com momentos de ação e tripas voando, não é essa a proposta da autora. Ela nos apresenta histórias de pessoas cujas vidas se entrelaçam com interferências vindas de um outro mundo que não é o nosso. As criaturas feéricas frequentemente visitam o nosso mundo seja por acidente, seja por curiosidade e podem ou não se relacionar com seres humanos. O estranho surge desse entrelaçamento entre humanos e feéricos. A temática proposta pela autora me fez recordar de um livro que eu gosto muito chamado Mythago Wood, escrito por Robert Holdstock. É um autor que faz a mesma brincadeira de entrelaçar realidade e magia, produzindo histórias bem intimistas sobre pessoas e seus desencontros.
Stella e Eamonn são bem desenvolvidos e eu curti conhecer mais sobre a Stella que ficou um pouco no pano de fundo em A Casa de Vidro. Percebemos que Stella tem mais do lado feérico que humano e, portanto, ela é uma pessoa estranha com quem interagir. Esse estranhamento pode causar situações engraçadas e outras bem contrastantes. A autora trabalha bem a questão da diversidade cultural e até uma visão "humanocêntrica" representada por Mark. Isso porque o gerar outro ser possui uma outra conotação para Stella. O apego emocional e afetivo dado pelos humanos não é o mesmo que Stella dá a suas criações. Tem um momento bem forte por volta do segundo capítulo onde Mark diz que Stella entende seus filhos como galhos de uma árvore. Uma passagem forte, mas que demonstra as visões distintas sobre temas que aparentemente parecem simples.
Já Nigel tem uma jornada de arrependimento bem longa por ter sido ele a ter matado Eamonn pela "primeira vez" durante uma batalha na Bélgica. O pano de fundo da Primeira Guerra Mundial caiu muito bem para o romance e a Anna tem uma apuro muito bom para os sentimentos daqueles envolvidos no conflito. O sentimento de tristeza e melancolia transborda pelo ar. Nigel acabou enviando Eamonn para o front por um motivo besta e foi responsável por tudo o que aconteceu depois. Fiquei em dúvida se Nigel sabia ou não de uma certa situação colocada mais para o final de Um Berço de Heras. Digo isso porque uma pequena suspeita que o levasse a concluir aquilo poderia ter justificado o envio de Eamonn em uma situação de morte quase certa.
A novelleta tem uma bela profundidade e conseguimos extrair muitas coisas nas pouco mais de oitenta páginas. Isso só demonstra a riqueza da escrita da autora. Na live que fizemos com ela no último domingo (dia 02/09) a autora revelou que vai publicar o volume final da trilogia agora no final do ano. Estou bastante curioso sobre como ela pretende encerrar a história.
Ficha Técnica:
Nome: Um Berço de Heras Autora: Anna Fagundes Martino Série: As Estações vol. 2 Editora: Dame Blanche Gênero: Fantasia Número de Páginas: 84 Ano de Publicação: 2017
Avaliação:
Outros Volumes:
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