Em um mundo sendo preparado para a vida humana, nosso protagonista tenta se adaptar a um mundo de aparências. Mas, o que ele enxerga na verdade?
Sinopse:
Nos confins da galáxia há um planeta onde tudo é perfeito. Dias de céu claro se sucedem, as cidades são confortáveis, com poucos habitantes, os bosques e pradarias verdejantes se estendem no horizonte e as pessoas vivem felizes e bonitas. RR/1.111 é uma bem-sucedida colônia humana, um paraíso distante que carrega as melhores características da Terra.
Allen um dia também já se deixou ludibriar por essa mentira. Para além da superficialidade criada pela tecnologia holográfica, ele enxerga agora toda a decadência de um planeta instável e daqueles expurgados que ali foram obrigados a buscar refúgio.
O confronto com o caráter ambivalente daquele mundo, e da sua própria existência, é levado ao extremo pela paixão e ódio que sente pela sedutora criatura que lhe enreda em seus desejos de constantes revoluções.
Allen então se vê em meio a um mundo bipartido onde nada é exatamente o que parece e em meio a uma relação em que tudo precisa morrer pra nascer de novo. Entender seu papel em meio a esse jogo de decadência e vitalidade, vida e morte, não será tarefa fácil.
O mundo em que Allen vive ainda está sendo preparado para a vida humana. Neste momento ele propõe várias dificuldades para todos. Para amenizar a dor de ter de viver em um mundo cinza e decadente, foi criado um óculos capaz de transformar o cinza em campinas verdejantes. Logo, todos passaram a usar este óculos de forma a esquecer a realidade terrível que os cerca. Só que este é um sentimento fugaz que apenas engana aquele que não deseja ver. E Allen deseja ser capaz de ver a verdade. Por esse motivo ele sofre e se sente solitário nesse mundo de aparências. Pouco a pouco ele vai percebendo que até mesmo a aparência das pessoas é falsa já que algo mais se esconde entre as pessoas que vivem neste falso mundo.
A escrita de Teresa é melancólica e nos coloca frente a frente com uma realidade opressiva e claustrofóbica. Nos sentimos presos, comprimidos. A saída é confiar em algo que nos permite escapar da realidade. Mas, será que este ato de escapar não é o mesmo que enganar a si mesmo? Ao nos cercar de mentiras, perdemos a percepção do que é a verdade. Teresa brinca com este conceito que está tão na moda hoje da pós-verdade, de que a percepção corresponde à realidade. Mas, corresponde mesmo?
Ao terminar a leitura de À Sua Imagem me veio à mente O País dos Cegos, um dos contos mais famosos de H.G. Wells. Uma história onde um explorador ao cair de um barranco nos Andes acaba indo parar em uma vila onde todas as pessoas são cegas e ele é o único capaz de enxergar. Claro que as temáticas exploradas são bem díspares, mas o encaminhamento é semelhante. Achei o conto da autora legal, e é uma daquelas histórias que a gente precisa ficar remoendo depois para retirar novos significados. Não é uma daquelas que vai ecoar de imediato. Você vai tentar uma sensação de estranhamento e o insight vai vir bem depois.
Ficha Técnica:
Nome: À Sua Imagem
Autora: Teresa P. Mira de Echeverria
Editora: Monomito Editorial
Tradutor: Toni Moraes
Número de Páginas: 26
Ano de Publicação: 2020
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